quinta-feira, junho 25, 2009

Se já postei, volto a postar

«Salvar o Capitalismo»


É a nova palavra de ordem da burguesia mundial e da burguesia francesa (com um Sarkozy à cabeça). Constatemos que o conjunto dos dirigentes políticos, da esquerda como da direita, na Europa e em França, se converteram ao papel de bombeiros em defesa da casa do «capital».

Algumas centenas de biliões de dólares, de euros e de ienes foram facilmente levantados para combater as brechas de um sistema em agonia.

Ao contrário, lembremo-nos das circunvoluções destinadas a encontrar «três francos e seis cêntimos» para financiar a renda de solidariedade activa [apoios concedidos pelo Estado].

Posto isto, para retomar as nossas análises, são mais de 360 biliões de euros que foram imediatamente encontrados para segurar um sector bancário comprometido com as operações mais do que duvidosas, lembrando a negociata do Crédit Lyonnais.

Os dirigentes destes bancos nem sequer são convidados a prestar contas. Eles continuam a embolsar os seus chorudos ordenados como se nada fosse. Velho método bem francês do «bode velho», alguns sendo mesmo premiados com uma promoção.

Muitos observadores dão relevo à amplitude da paranóia, projectando-a nos decénios passados, marcados pelo cunho do liberalismo selvagem dos anos Thatcher-Reagan.

Os pára-quedas dourados, em dólares para uns, em euros para os outros, divertiram a crónica, ainda recentemente.

O caso da EADS, com os seus delitos de iniciados e a mina de ouro outorgada aos seus dirigentes estão na memória de todos. E não se trata senão da ponta do icebergue. O futuro reserva-nos sem dúvida outras surpresas.

Antigamente, diziam-nos: «É preciso recompensar os talentos e as competências.»

O bravo operário, no domínio que é o seu, nunca foi o objecto de uma tal delicadeza, mas sim acusado de não trabalhar o suficiente.

Todas as super-estruturas estão hoje gangrenadas. A divulgação de certas situações ultrapassa o entendimento, quer se trate de meios financeiros, económicos ou industriais.

O mesmo se passa nos meios de Comunicação social, no desporto ou no espectáculo.

No actual contexto, onde os paraísos fiscais se converteram nos gerentes de todas as fortunas acumuladas por alguns, nas piores condições ilegais, e inclusive recorrendo ao crime, isso parece provocação.

Em face desse mundo, tratando-se apenas da França, mais de sete milhões de mulheres e de homens vivem abaixo dos níveis de pobreza, todos ocupando um emprego relevando o mais das vezes da precariedade.

As restrições do crédito bancário, independentemente do que dizem Sarkozy e os seus ministros, perduram, apesar dos presentes injectados no sector pelo Estado. Já é mais que tempo de pedir contas a todos esses aproveitadores, antes que seja o próprio povo a fazê-lo.

Os assalariados e suas famílias, tendo penosamente investido na compra de um apartamento ou na construção de uma barraca, estão presos pela garganta. Depois do escândalo à americana do «subprime», a França arrisca-se – mais cedo ou mais tarde – a encontrar-se na mesma situação, nem que seja pela subida do desemprego.

O capitalismo financeiro (hoje emprega-se a expressão «indústria financeira») não é senão a metamorfose de um sistema global. Este sistema, nunca é demais dizê-lo, assenta sobre a propriedade privada dos meios de produção, sobre a extracção da mais-valia e sobre uma acumulação tornada cada vez mais fictícia, em consequência da crise mundial do poder de compra que afecta as massas trabalhadoras proletarizadas.

A crise atinge hoje o mundo inteiro, afectando a economia real com uma subida de desemprego confirmada pelo director da OIT, Juan Somavia. Todos os sectores são visados.

Os últimos dados estatísticos mostram um colapso da produção industrial e manufactureira, que são as bases materiais da economia.

Ninguém é capaz de prever as consequências políticas resultantes desta situação.

Certo é que a história não se repete.

Falta que, neste contexto, o movimento operário se organize no seu terreno de classe, para construir uma barreira sólida em face da destruição bárbara que pode ser gerada pelo caos. O que ultrapassa a «salvação do capitalismo».


Artigo de Roger Sandri traduzido da Info Inter nº. 312 de 18/Novembro/2008

http://revolucionaria.wordpress.com/2008/11/22/%C2%ABsalvar-o-capitalismo%C2%BB/

Daqui


2 comentários:

Anónimo disse...

http://www.justiceforiranianworkers.org/

João Soares disse...

Olá Kaótica
Parabéns pelo teu Pafúncio.
Um abraço

Blog Widget by LinkWithin