Marcelo e as Tágides
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Marcelo, em cupidez municipal
de coroar-se com louros alfacinhas,
atira-se valoroso - ó bacanal! -
ao leito húmido das Tágides daninhas.
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Para conquistar as Musas de Camões
lança a este, Marcelo, um desafio:
jogou-se ao verso o épico? Ilusões!...
Bate-o o Marcelo que se joga ao rio.
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E em eleitorais estrofes destemidas,
do autárquico sonho, o nada dor
diz que curara as ninfas poluídas
com o milagre do seu corpo em flor.
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Outros prodígios - dizem - congemina:
ir aos bairros da lata e ali, sem medo,
dormir para os limpar da vil vérmina
e triunfal ficar cheio de pulguedo.
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Por fim, rumo ao céu, novo Gusmão
de asa delta a fazer de passarola
sobrevoa Lisboa o passarão
e perde a pena que é da galinhola.
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(1) In O Corvo, jornal de campanha eleitoral autárquica da Coligação por Lisboa. Nov/Dez de 1989.