sábado, abril 01, 2006

La Grève


Irás pagar a televisão
Co'os cigarros que poupares

E o teu vison-pele-de-cão

Co'os abonos sociais

Flores à mamã mandarás

Co'ostrocos da sobrevivência

E d'água o copo encherás

Que o vinho só traz doença

Mas nem por sonhos se deve

Jamais deve fazer greve!...


No fim do mês terás que ver

Nossa Senhora dos biscoitinhos

Mas se nem cruzes podes fazer

A «cruz vermelha» faz-te carinhos

As orações sobem a direito

Tal qual o fumo dos altos fornos

S'o vento não soprar a jeito

Então é qu'o caldo se entorna


Mas nem por sonhos se deve
Jamais deve fazer greve


Barbas de milho s'inda fumais

Prós 2 Cavalos sacas d'aveia

Basta dizer como o da aldeia

Shell é o que gramam os animais

Beijarás tua mulher às vezes

O que restar desses garotos

Que tu lhe fazes dez em dez meses

Lua de mel que sabe a pouco


Mas nem por sonhos se deve

Jamais deve fazer greve


Irás a seu tempo votar
Co'o cartão de sob'rania

E a um deputado autorizar

As asneiras que tu farias
Se descobrires por qualquer arte
Que pão trabalho e liberdade

Também na rua andam ao engate

Tal com'as gajas... que f'licidade!


Talvez então dentro em breve

Mesmo em sonhos faças greve!...

(Tradução do poema de Léo Ferré La Grève)

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