segunda-feira, maio 29, 2006

A minha última visita ao Centro Médico de Algés

Fiquei logo a saber que “de hoje a oito dias” dito por uma funcionária aparentemente competente pode não significar ter uma consulta marcada para a quinta-feira seguinte. Na verdade assim que cheguei ao guiché e vi quem lá estava desta vez a atender ao público eu soube que iam aparecer dificuldades. Há anos que assim é: uma funcionária que parece estar ali não para resolver problemas mas sim para os criar, conhecem o estilo?No computador a minha consulta tinha sido “ontem”, daí que os “oito dias” não fossem exactamente oito, mas sete. Se não podia ter consulta, ao menos poderia apenas mostrar ao médico os resultados das análises que ele passou à minha filha, que apresentavam alguns valores diferentes dos normais? Ligou para o médico e disse que eu tinha faltado ontem à consulta e queria consulta hoje. Não foi isso que lhe pedi para pedir ao médico, insisti. Claro que ele disse logo que não. Nem a funcionária nem a chefe que veio depois, a qual joga na mesma selecção da velha guarda, deram mostras de perceber o que eu queria, embora me exprimisse claramente. Foi de tal forma que eu por fim disse para o senhor do lado em voz alta: ainda bem que logo vai haver Assembleia Municipal para se discutir o centro médico: vai andar tudo aos saltos. Palavras mágicas: a funcionária pegou nos papéis, levantou-se e foi falar com o médico. Voltou e sem nada me explicar cobrou o dinheiro da consulta e passou-me a guia para as mãos. Parecia o mercado negro!
O médico de recurso recorrentemente parece não ter muito tempo para ouvir de que se queixa quem lá vai. É o chinês mais apressado que já conheci. Levou mais tempo a balburciar a sua opinião sobre Osteopatas: não são médicos, são “endireitas”; fico sempre de pé atrás com um médico cheio de pre-conceitos que não mostra curiosidade por aprender alguma coisa com as medicinas alternativas, e ainda para mais chinês! Tira-lhe logo a aura de cientista, investigador, estudiosos que os médicos deviam ter; tira-lhe logo a aura de místico possuidor ancestral ensinamento que os chineses costumam ter. Quanto à medição óssea que lhe pedi para fazer perguntou-me se já tinha a menopausa e, como não, não quis passar o exame, o que é um absurdo no que diz respeito aos princípios da medicina preventiva. Um TAC à coluna vertebral -- mesmo e apesar de ter passado 3 comprimidos diários para as dores na coluna e mais uma pomada anti-inflamatória -- também era coisa inacessível, pois só com a autorização do director – o qual afinal parece estar mais disponível para atestar cartas de médicos de família que desistem dos seus doentes, deixando-os e à família em situação de doentes de recurso, sem médico de família! E isto porque reclamaram de um serviço mal prestado, de uma informação mal dada pelas funcionárias da secretaria. Que importa a uma médica dessas que uma criança desse agregado tenha asma alérgica e precise frequentemente de cuidados médicos? É que isto já é um processo que se vem há muito arrastando, praticamente desde sempre. Só a parte da enfermagem vai funcionando decentemente e é porque é mais autónoma em relação à secretaria, que só cria conflitos pela falta de bom senso das funcionárias que ali insistem em manter, apesar da diariamente comprovada falta de competência profissional, umas verdadeiras antas que ali estão há anos e anos. Tudo isto é a parte que ninguém parece reclamar, embora até haja mesmo histórias de episódios de agressão às ditas funcionárias e olhem que não me admiro mesmo nada. Porque toda a gente está mais empenhada em que se resolva um outro problema de há muitos anos : as instalações degradadas, sem condições mínimas para deficientes etc. etc. e as sucessivas promessas para a construção de um novo centro médico que nenhum dos autarcas até hoje cumpriu e que Isaltino Morais prometeu -- mas que tem fugido também a esta promessa e de uma forma vergonhosa: por não comparência nas assembleias extraordinárias onde foi convidado a participar. Enfim, eis alguns dos lados que uma questão urgente. Eis alguns dos podres do nosso sistema de Saúde Pública.
Pode ser que com a construção de um edifício novo os procedimentos se venham também eles a renovar. Mas será que podemos esperar que isso aconteça?

3 comentários:

Kaos disse...

Como tudo pode melhorar só com a mudança de mentalidades de quem atende o publico. Não seria altura de pedir a saida de quem não sabe falar com os utentes?
bjs

Bosque do Bardo disse...

Mas não é só no c.s. de Álges! Em Carnaxide esperei quase duas horas para que chegasse o horário estabelecido, no qual a funcionária estaria autorizada a rodar a sua cadeira e pegar um papel que eu necessitava.
O melhor é não ter nada grave senão morremos à espera!
O nosso sistema de saúde é dos mais doentes que tenho conhecimento. Uma vergonha!

era bom disse...

Amigo nem tudo é mau em Algés. Eu tive ir das finanças do Restelo para Algés senão ainda hoje estava com uma escritura por fazer. http://erabom.blogs.sapo.pt/coisas-k-chateiam-as-financas-1543

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