Dona Dondoca não passou bem. Tomou duas valerianas para se acalmar mas antes ainda escreveu estes mails que me autorizou a pôr aqui. Diz que é para todo o mundo saber. Mas, aqui para nós eu acho que isso vai ficar muito àquem dos seus desejos! Pela minha parte faço o que posso para não romper a cadeia! Cá vai:
«Comunicação urgente à Associação de Pais e Encarregados de Educação»
«Exmos. Senhores
Tenho recebido e consultado regularmente as informações que a Associação me tem enviado por meio de correio electrónico, o que quero desde já agradecer.
Não compareci à Reunião Geral porque deixei de acreditar na eficácia de mecanismos associativos desta natureza. Mas esta minha atitude não significa que eu me tenha deixado de preocupar com a educação dos meus filhos.
Pelo contrário, a minha preocupação com a sua educação e com a sua integridade física tem vindo a crescer. É por este motivo que venho num gesto desesperado alertar todos os pais e associados para uma questão que não foi nem está de forma alguma resolvida, mas antes agravada. A todos procuro sensibilizar por não ser a única que tenho os filhos nesta escola e saber que se hoje foi o meu, amanhã o mesmo poderá acontecer aos vossos. Infelizmente as negociações entre o Conselho Executivo e a Associação de Pais e Encarregados de Educação, não se revelaram capazes de impedir que situações graves continuassem a ocorrer em termos de segurança escolar.
Hoje, dia 10 de Outubro, fui buscar a minha filha do 5º. Ano às 16:15h.; fiquei a ver de longe, de dentro do carro, a facilidade com que saiu do portão e ninguém viu, nem lhe pediu o cartão da escola, no qual consta que não está autorizada a sair sozinha. Na verdade, ninguém a viu sair da escola.
Às 17:00h, voltei à escola para buscar o meu filho que inexplicavelmente termina àquela hora as Actividades de Enriquecimento Curricular que, por lei, deviam durar até às 17:30h. Não me lembrei que, não tendo ainda professor de música, a escola lhe muda o horário por sua alta recriação e sem avisar os pais, passando ele a sair uma hora mais cedo. Não me lembrei porque ninguém me informou oficialmente que passaria a ser desta forma, ao contrário do que diz o Regulamento que obriga a escola a participar ao encarregado de educação tudo o que venha alterar o normal funcionamento das aulas. Todas as crianças saíram da escola, menos o meu filho. Foi procurado pela escola mas ninguém sabia, ninguém tinha visto. Fui ficando bastante nervosa, inquieta, a imaginar os piores cenários, dada a falta de segurança da escola. O tempo ia passando e nada do Nuno. Telefonei ao meu marido na esperança que o tivesse ido buscar mas ele estava retido no trânsito e também ficou preocupadíssimo, como devem calcular. Entretanto, eu desesperava com os funcionários da escola que iam aparecendo e que diziam coisas como: que era ele o responsável, ou que não lhes era possível controlar as saídas à hora da saída das crianças todas e da entrada das carrinhas de ATL (!), ou que não tinham sido os únicos a estar na entrada…
Quando já ia ligar para a polícia, o Nuno apareceu vindo algures de fora da escola, já passava das 17:30h. Como é possível que crianças de oito anos andem fora da escola? Disseram-me que a escola só se responsabiliza até às 17:00h, mas ele a essa hora já não estava na escola. E ninguém sabia de nada. Ninguém o tinha visto. Que segurança é esta?
Felizmente não tinha acontecido nada ao Nuno, mas podia ter acontecido. Ele ficou mais cedo sem aulas, estava com um colega novo que mora ali perto e a ama foi buscá-lo à escola e levou os dois para casa dele. Eu não conheço a ama, nem o Bernardo, nem os pais do Bernardo porque ele é novo na escola, jamais poderia imaginar que era isso que estava a acontecer. O Nuno chegou sozinho e sem perceber muito bem por que todos estavam assim exaltados e nervosos. Mas havia quem dissesse que era ele o responsável (!) Tinha estado em casa do amigo e para ele isso era uma coisa boa. Disse-me que tinha avisado a pessoa que estava na altura no portão que ia sair com alguém e que o senhor tinha dito que sim com a cabeça, provavelmente sem prestar a devida atenção ao caso. Quando saiu não avisou a pessoa que o substituiu, nem deixou um aviso. Na minha opinião nem sequer devia ter deixado a criança passar o portão sem ver com quem ia. Foi isso que disseram aos pais que ia acontecer quando a escola do 1º. Ciclo foi integrada nesta escola mas na verdade nunca houve qualquer cuidado especial com as crianças desse ciclo e desta idade.
Os senhores, como representantes dos Pais têm agora duas opções face a este caso exemplar que se passou hoje com o meu filho: ou ignoram a ocorrência e, em consciência continuam a aguardar impassíveis que algo de grave venha a acontecer com os nossos filhos; ou pressionam o conselho executivo da escola para tomar providências para que situações desta gravidade nunca mais voltem a acontecer.
Rogo a V.Exas que esta minha comunicação seja lida na próxima reunião pública da Associação para que os pais presentes possam ficar informados do ocorrido. E coloco-a desde já à V. disposição, permitindo-lhes que a enviarem ao Conselho Executivo, à Drel, à Câmara, enfim a quaisquer entidades responsáveis pela segurança escolar dos nossos filhos.
Agradeço a atenção dispensada a este assunto.
Atentamente
2 comentários:
Fala-se muito, apregoam-se grandes projectos, que se vai fazer isto e aquilo, mas no fim, nas coisas pequenas e por vezes as mais importantes, tudo funciona mal. Provavelmente só farão alguma coisa quando uma desgraça acontecer, mais ai já vai ser tarde pelo menos a quem com ela sofrer.
bjs e muita força
Acho que isso est a tomar um vulto quase insutentetável...Será que a Drel tem conhecimento destas situições? e a Associação de Pais...nda pode fazer? está conivente com isso? Ai ai...pobre D. Dondoca....
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