quinta-feira, outubro 05, 2006

Gerir a Raiva II

Uma vez, estava no parque do Centro Comercial e, quando me preparava para
estacionar num lugar livre, um tipo num BMW cortou-me o caminho e estacionou no lugar que eu tinha estado à espera que vagasse. Buzinei-lhe e disse-lhe que estava ali primeiro à espera daquele lugar, mas ele ignorou-me.
Reparei que tinha um letreiro "Vende-se" no vidro de trás do carro, e tomei
nota do número de telefone que lá estava.
Uns dias mais tarde, depois de ligar ao primeiro parvalhão, pensei que era
melhor telefonar também para o parvalhão do BMW.
Perguntei-lhe: "É o senhor que tem um BMW preto à venda?"
"Sim", disse ele.
"E onde é que o posso ver?", perguntei.
"Pode vir vê-lo a minha casa, aqui na Rua da Descobertas, Nº 36. É uma casa
amarela e o carro está estacionado mesmo à frente."
"E o senhor chama-se?..." perguntei.
"O meu nome é Alberto Palma", disse ele.
"E a que horas está disponível para mostrar o carro?"
"Estou em casa todos os dias depois das cinco."
"Ouça, Alberto, posso dizer-lhe uma coisa?"
"Diga!"
"És um grande parvalhão!", e desliguei o telefone. Agora, sempre que tinha
um problema, tinha dois "parvalhões" a quem telefonar.
Tive, então, uma ideia. Telefonei ao parvalhão Nº 1.
"Está?"
"És um parvalhão!" (mas não desliguei)
"Ainda estás aí?" ele perguntou.
"Sim", disse-lhe.
"Deixa de me telefonar!" gritou.
"Impede-me", disse eu.
"Quem és tu?" perguntou.
"Chamo-me Alberto Palma", respondi.
"Ah sim? E onde é que moras?"
"Moro na Rua da Descobertas, Nº 36, tenho o meu BM preto mesmo em frente, ó parvalhão. Porquê?”
"Vou já aí, Alberto. É melhor começares a rezar", disse ele.
"Estou mesmo cheio de medo de ti, ó parvalhão!" e desliguei.

A seguir, liguei ao parvalhão Nº 2.
"Está?"
"Olá, parvalhão!", disse eu.
Ele gritou-me: "Se descubro quem tu és..."
"Fazes o quê?" perguntei-lhe.
"Parto-te a tromba!" disse ele.
E eu disse-lhe: "Olha, parvalhão, vais ter essa oportunidade. Vou agora aí a
tua casa, e já vais ver."
Desliguei e telefonei à Polícia, dizendo que morava na Rua da Descobertas,
Nº36 e que ia agora para casa matar o meu namorado gay.
Depois liguei para as cadeias de TV e falei-lhes sobre a guerra de gangs que
se estava a desenrolar nesse momento na Rua da Descobertas.
Peguei no meu carro e fui para a Rua da Descobertas. Cheguei a tempo de ver
dois parvalhões a matarem-se à pancada em frente de seis viaturas da polícia
e uma série de repórteres de TV.
Já me sinto muito melhor.


Gerir a raiva sempre funciona.


Recebido por mail

2 comentários:

Anónimo disse...

Bem....grande idéia!!!!!!!!!!!!!!Acho que se eu arrumar uns numeros assim vou testar...ultimamente não tenho tido bons dias ... como. sabe é isso de procurar emprego...
jinho

Kaotica disse...

Sim, procurar emprego é duro quando não se tem bons padrinhos. Procurei muito emprego há uns anos atrás e sei de cor cada desilusão. Até me aconteceu arranjar emprego e desiludir-me muito mais. Há um grande mal nesta sociedade actual: muito poucos ou mesmo nenhuns parecem estar colocados na profissão certa. Ficou tudo aleatério, a última coisa que parece importar à vocação. Se uma pessoa hoje quer mesmo trabalhar em algo que gosta só mesmo de voluntária. Depois é preciso dar com alguém justo que aprecia o seu interesse e empenho, mas tudo isto é caso raro.

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