segunda-feira, outubro 09, 2006

Solidariedade com os Professores da Secção 22 (Oaxaca, México)


APELO À SOLIDARIEDADE INTERNACIONAL

COM OS PROFESSORES DA SECÇÃO 22

DO SINDICATO NACIONAL DA EDUCAÇÃO

E COM O POVO DE OAXACA (MÉXICO)

O movimento dos professores da Secção 22 do Sindicato Nacional da Educação e do povo de Oaxaca, encontra-se numa situação terrível.

O Secretario de Gobernación (ministro do Interior), com a assinatura de todos os governadores dos partidos do PRI, PAN e PRD, apela ao presidente Fox a “agir, no estrito respeito pela lei, contra todas as tentativas de desestabilização que, pela via directa, pretendam prejudicar a ordem constitucional” – quer dizer, apela ao governo federal para que utilize a força contra este movimento.

Os patrões, os representantes da Igreja, os media e alguns presidentes de câmara e deputados locais de todos os partidos apelam igualmente ao Governo para que envie uma força de intervenção para o Estado de Oaxaca.

O movimento de greve dos 70 000 professores do Estado de Oaxaca teve início a 22 de Maio último, tendo por base uma reivindicação salarial dos professores da Secção 22 do SNTE. Eles exigiam que o conjunto dos salários fosse reequilibrado de modo a atingir o mesmo nível para todos, em todas as circunscrições do Estado de Oaxaca. A 14 de Junho, o governo de Ulises Ruiz Ortiz ordenou um ataque brutal contra os piquetes de greve instalados pelos professores no centro da cidade de Oaxaca. Mas os professores obrigaram as forças da Polícia a bater em retirada, após cinco horas de confrontos.

Como resposta, as comunas, os sindicatos, os bairros e seus habitantes e as organizações camponesas e indígenas puseram de pé a Assembleia Popular de Oaxaca (APPO), a qual fez apelo a cinco grandes manifestações centrais e, com a participação decisiva dos professores, edificou barricadas por toda a cidade, reforçadas em particular durante a noite. Os professores e a população constituíram-se em tribunal político, cujo veredicto foi o de dar satisfação à queixa comum: “É preciso que o governador Ulises Ruiz se vá!” Os professores e a APPO ocuparam as sedes dos três poderes de Estado (executivo, judicial e legislativo), assim como os locais das rádios privadas e a cadeia da televisão provincial.

O governador, incapaz de lançar um ataque massivo contra os professores e a população, utilizou métodos próprios de gangsters, enviando indivíduos armados com pistolas para atirar contra aqueles que se encontravam nas barricadas e nas manifestações. Quatro pessoas encontraram a morte nestas circunstâncias e houve dezenas de feridos. Quatro pessoas foram detidas, entre elas Elangelio Mendoza Gonzalez, antigo secretário-geral da Secção 22 do SNTE-CNTE.

Actualmente, por decisão da Assembleia-Geral da Secção 22 do SNTE e dos representantes da APPO, 5000 professores, trabalhadores da saúde, camponeses, etc., marcham sobra a cidade do México, para darem a conhecer o seu protesto na capital do país.

Eles deverão percorrer mais de 500 km (do sul para o norte do país, atravessando a cadeia de montanhas de Sierra Madre Occidental, cheia de desníveis e com fortes variações de temperatura - Nota do Tradutor). Eles terão também que fazer face às agressões do Estado. Pelo seu lado, o Secretario de Gobernación convocou para uma reunião “todos os sectores interessados em encontrar uma solução para o problema de Oaxaca”, para a próxima 4ª feira (11 de Outubro - Nota da Redacção). Ao mesmo tempo, ele declara que “chegámos ao limite em Oaxaca”, e ameaça enviar 10 000 polícias federais. No mesmo momento em que escrevemos estas linhas, vários helicópteros da marinha patrulham os céus de Oaxaca. O assalto da polícia pode saldar-se por um banho de sangue. Os professores e a população estão prontos a resistir. Eles querem viver em paz, querem que a democracia seja respeitada, que a vontade da maioria seja ouvida: que Ulises Ruiz, o governador, se vá.

Eis porque lançamos um apelo aos sindicatos do mundo inteiro, em particular aos sindicatos de professores, para que se dirijam a Carlos Abascal Carranza (Secretario de Gobernación) e a Vicente Fox (presidente dos Estados Unidos Mexicanos) para lhes dizer:

Ø Não à repressão contra os professores e a população do Estado de Oaxaca (México)!

Ø Satisfação da exigência fundamental do movimento: que o governador Ulises Ruiz seja demitido das suas funções!

Primeiros signatários do Apelo à Solidariedade Internacional:

Professor Ezequiel Carreño Rosales, secretário de organização da Secção 22 do SNTE-CNTE; prof. Fernando Mendoza Perez, membro da instância de coordenação nacional da Secção 22 do SNTE-CNTE; Augusto Fernando Reyes Medina, membro do Comité executivo da Secção 22 do SNTE-CNTE; professor Luiz Vasquez Villalobos, delegado do Sindicato dos Trabalhadores da Universidade nacional autónoma do México (STUNAM); Javier Brena Alfaro, delegado sindical do STUNAM; Gustavo Grajales, presidente da Caixa de poupança da Secção 40 do SNTE-CNTE; Misael Palma Lopez, membro da Secção 7 do SNTE (Chiapas); Russel Aguilar Brindis, membro do comité de luta das escolas secundárias técnicas, secção 7 do SNTE (Chiapas); Humberto Martinez Bizuela, professor do Instituto Politécnico nacional; Armando Pasos Cabrera, membro do Sindicato Independente dos Trabalhadores da Universidade Autónoma metropolitana (SITUAM); Gema Lopez Limon, professora da Universidade Autónoma da Baixa Califórnia.

Enviar mensagens para:

Vicente Fox Quesada, Presidente dos Estados Unidos Mexicanos: vicente.fox.quesada@presidencia.gob.mx

Carlos Abascal, Secretario de Gobernación:

segob@rtn.net.mx

Cópia para: Fernando Mendoza Perez, membro da instância de coordenação nacional da Secção 22 do SNTE-CNTE:

Alborotador_oax@hotmail.com

1 comentário:

Kaos disse...

Quando a solução das reinvidicações é o uso da força bruta e da violencia gratuita estamos na zona da ditadura. Coragem a desses professores que não desarmam na luta por aquilo que pensam ser justo. Merecenm todo o apoio que se lhes possa dar.
bjs

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