segunda-feira, novembro 13, 2006

Estava que não me aguentava para desancar este senhor!

Não sei quem é Alberto Gonçalves e isso nem sequer importa para nada. Serve apenas como exemplo. Mau exemplo!

Nunca leio a revista Sábado e só a li por trazer uma reportagem sobre o Chico Buarque. E foi assim que calhou eu ler as cretinices que esse senhor escreveu na coluna “Homem-a-dias”. Este sociólogo – hoje em dia tem cada um desses! – idealista de uma suposta “nova direita” com "objectivos cristalinos”, leia-se: «partido declaradamente de direita que deseja aplicar as políticas capitalistas neo-liberais de uma forma ainda mais puramente associal e radical». Um idealista de direita é ou não é alguém que sonha com um mundo melhor para a sua bolsa, um mundo cristalinamente ainda mais lucrativo para alguns, lucro preferencialmente conseguido por via do trabalho mal pago dos outros .

Ora um tipo destes, inchado afinal de ser o sociólogo de serviço da Sábado, faz aqui uma espécie de balanço diário de temas, passando então no dia seguinte a debater-se por aquilo que, de forma tão empenhada, parece ser a sua grande causa: qual bicha de rabiar, rebela-se contra a possibilidade do orgulho gay ser “assim jogado e pisado no chão” à laia de «ai pisa, pisa que é barata», por parte desses malandros do Museu de História Natural da Noruega. Mostra esquecer-se que há gays masoquistas que até podem gostar de ser assim tratados e isso é lá com eles. Aliás a este senhor sociólogo parece não lhe interessar muito o outro, quase tudo parece apenas girar em torno do seu umbigo. É típico dos idealistas de direita.

Mas o que mais me impressionou mesmo, e que me levou a perder tempo com um ruidor destes (ruidor=emissor de ruído), foi as barbaridades que ele diz dos que como eu amam as palavras e as músicas de Chico Buarque. Pelos vistos na adolescência o Alberto Gonçalves já tinha as suas taras, como aquela de chamar Chico Buarque de Hollanda a um cão, a quem já depois de morto, se limita a arrumar na categoria de meros "bichos" de companhia. E pensar que gente desta, desprovida de sensibilidade, chegou a considerar o Chico como um génio! Claro que depois cresceu e tornou-se em mais um provinciano (ver Fernando Pessoa sobre o provincianismo português) capaz só de admirar coisas como Gershwin e Sondheim. Caso típico, tudo o que fale a língua portuguesa é para o provinciano de menosprezar: nem Chico, nem Mia Couto e muito menos os Gaiteiros de Lisboa!

O anormal aqui jorra imbecilidades sem fim. Refere-se aos “sujeitos adultos, e abundantes em Portugal, que se lhe referem [ao Chico!] sempre como “o Chico” e que veneram gente como Caetano ou Drummond (!) e, claro, desanca a obra de Chico Buarque desde os concertos, aos livros, passando pelas músicas.

Como ele Alberto não se deixa impressionar nada por coisas destas, resta-lhe louvar a Democracia que lhe abriu o mundo. Infelizmente para ele, essa abertura levou também à possibilidade de se ler por cá autores como Mia Couto o que, a ele Alberto, “não traz nada de bom”. E arremata com mais esta arrogante bacorada que mostra um espírito cristalinamente sujo, ou talvez antes uma total ausência de espírito: “Já suportar, sem ameaça de arma, os Gaiteiros de Lisboa entra nos domínios da desordem neurológica.”

É extraordinário, as opiniões que hoje em dia se emitem e se publicam nos jornais e revistas! Pergunto, ao modo do título deste seu artigo:

Porque [!] é que um esfregão destes escreve artigos numa rubrica chamada “Homem-a-dias”?

Porque [!] é que há quem publique enormidades provincianas deste calibre, como se fossem o espelho do bom gosto, quando não fazem senão renegar gratuitamente a própria língua, a arte e a cultura de expressão portuguesa?

Porque [!] é que o artigo de Alberto Gonçalves o converte em mais uma bandeira nacional – uma bandeirola, neste caso – do provincianismo embasbacado que se permite apenas a admirar o que fale estrangeiro, desprezando toda a forma artística da lusofonia?

4 comentários:

Kaos disse...

Felizmente nunca li nada desse "homem a dias", mas pelo que contas para burro só lhe faltam as orelhas. (digo isto mesmo antes de ver a cara dele e por isso posso estar enganado e nem as orelhas lhe faltem).
bjs

Anónimo disse...

não é raro encontrar estes "intelectuais de baldes e vassoras"....mas acho que o probleda desta criatura abominavel reside na mais integral ignorancia e na concepção direitista da vida...pena...a Sábado, uma revista media ligeira agora passa para peso mosca...só para constar...quanto ao Sr...deixa-o morrer a sua sorte e corroido até as orelhas pela imensidão do que é a nossa lingua...jinhos

Kaos disse...

Fui desafiado e tinha que encontrar cinco desgraçados para continuar. Tu, claro que tinhas de sair na rifa. Vai ver lá no WeHaveKaosInTheGarden

José Pires F. disse...

Não li o artigo que referes, mas este post não deixa dúvidas sobre o provinciano Alberto.

E deixa que te diga: Excelente critica, sem espinhas.

Muito, muito boa.

Grande abraço.

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