terça-feira, novembro 07, 2006

Passou? Não passou, ficou! Passou mas ficou!

Pois foi. O concerto do Chico Buarque já passou. E como passou! Como tudo que é bom acaba rápido: um sorriso, uma volúpia, o Verão, a própria vida. Mas tudo isso fica a marcar o coração do mundo. Não faz mal que já tenha passado, mais haverá. Todos estes dias eu tenho ouvido o Chico, todos estes anos… e não é só uma questão de música. É também toda a poesia, toda a capacidade de dizer palavras que fazem todo o sentido, mesmo se o fogo gelou, mesmo se a neve ardia e que tudo não passasse de um outro sonho. Que pena não ter podido conhecer a pessoa na intimidade. Que bom teria sido ter conhecido de perto aquela pessoa! Como se pode ter tanta certeza que isso teria sido uma coisa boa? (Ai! Como eu confio na minha intuição!) Poder ouvir de perto o pulsar daquela voz cantando e escutar o sopro dos seus poemas…

As letras não são só letras, são poemas. Para mim, letras de músicas são poemas musicais.

Na verdade as minhas influências são principalmente poemas de músicas… poemas músicas, músicas poemas, sei lá. Para mim não há como os poemas do Chico, os poemas do Carlos Tê, os poemas do Zeca Afonso, do Vinicius, dos Pink Floyd, do Tom Waits e de outros tantos que não dá para referir aqui neste fragmento. Esses é que me formaram e ainda bem que toda a vida os posso escutar mesmo se alguns já partiram. Ah, e ainda bem que não me quero ver livre deles como se de mestres se tratassem. Aquilo ali não são mestres, aquilo ali são as palavras que eu sempre amarei ouvir, não tem passagem à História! Posso vir sempre a gostar de muitas outras, mas as palavras destes vou amar sempre. O meu coração é grande e o imaginário maior ainda.

Não, não sou o Kaos, sou a Kaótica, do género feminino, mas tenho a sorte de o conhecer de perto. O Kaos não merece isto de ser confundido comigo. O Kaos é o Kaos, inconfundivelmente melhor que qualquer kaotica que apareça por aqui!

A quem aconteceu gostar sempre da pessoa mesmo se ela está à distância? Mesmo sem saber mais dela, mesmo ficando o resto da vida sem a ver. Tem-se a certeza de que, se por acaso a voltamos a encontrar, nunca é por mero acaso, é sempre um encontro apenas adiado que estava para se dar a qualquer momento. Tanto que podia ser de ontem, como de há anos, no encontro beija-se e abraça-se essas pessoas como se sempre ali tivessem estado. Talvez mais ainda do que isso. Como se essas pessoas fossem as certas que passaram pela vida e que mesmo longe sempre estarão a ocupar um lugar muito importante, habitando uma espécie de lugar imaginário onde fosse possível viver com todas elas em simultâneo. Mas não é, e isso nota-se.

Mesmo nos blogs se criam afinidades e imagina-se como serão aquelas pessoas, qual o grau de afinidade que se procura estabelecer, até onde? Mantê-la real ou imaginária? Hoje em dia há a necessidade de uma espécie de protecção que vem ao encontro destas couraças que são os nossos blogs, pelo menos alguns deles. É possível amar toda a vida as palavras de alguém que as escreve, mesmo sem nunca conhecer esse alguém? Ou será que mais cedo ou mais tarde desponta mesmo uma vontade de conhecer e não bastam as palavras?

Casos há em que não adianta querer muito: por mais que gostasse de conhecer o Chico pessoalmente, jamais me jogaria aos seus pés para me dar a conhecer. Há coisas que têm que acontecer sem ninguém forçar, só acontecer, ou não.

2 comentários:

Kaos disse...

Tu e o Chico o Chico e tu. Quem sabe um dia não o vens a conhecer. Deixa lá, foi-se o homem mas ficou a musica que é o mais importante nesta caso (pelo menos para mim).
bjs

Anónimo disse...

Carolina
...os seus olhos tristes causam tanta dor...

bem...eu gostava de ver o homem....mas fica pra proxima...jinho

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