terça-feira, dezembro 12, 2006

Não somos ninguém!

Edvard Munch - Manhã

[Fernando Pessoa]

Manhã dos outros! Ó sol que dás confiança
Só a quem já confia!
É só à dormente, e não à morta, sperança
Que acorda o teu dia.

A quem sonha de dia e sonha de noite, sabendo
Todo o sonho vão,
Mas sonha sempre, só para sentir-se vivendo
E a ter coração.

A esses raias sem o dia que trazes, ou somente
Como alguém que vem
Pela rua, invisível ao nosso olhar consciente,
Por não ser-nos ninguém.

(Athena, nº 3, Dezembro de 1924)

4 comentários:

Rui Martins disse...

ontem foi algum dia especial ligado ao Munch? É que o google esteve todo o dia a mostrar um logo novo alusivo ao quadro "O grito"...

tb disse...

Querida Kaótica
Belo poema escolhido e em sintonia absoluta com a imagem.
Beijinhos

Kaotica disse...

Rui Martins

De facto também reparei no Grito exibido no Google e, se teve alguma influência na minha escolha foi inconsciente (ou terá ficado alojado o nome do Munch no meu subconsciente?). Seja como for gosto muito desse pintor e achei a imagem apropriada.
Um abraço!

Kaotica disse...

TB

Obrigada amiga. Também achei que iam bem uma com o outro.
Beijos pra vocês!

Blog Widget by LinkWithin