Operários são todos os que geram, os que produzem a mais-valia capitalista. Proletários são todos os que são explorados quer sejam operários, quer não. Trabalhadores são todos os que trabalham. Desempregado é aquele para quem não há trabalho. Jovens gerações são aquelas a quem não está assegurado um futuro digno. Excluídos são os que estão fora do sistema, desintegrados, postos à margem. O capitalismo está a colocar-se num beco sem saída. Democracia democrática não existe. O capital financeiro impera através da especulação. Não tem rosto. As forças no poder colaboram com a alta finança e apressam-se a aplicar as leis que a servem e vão desmantelando os serviços públicos, para lhos entregar. Abre-se o caminho aos privados. A nação dilui-se, o Estado cumpre fervoroso as directivas da União Europeia. Esta, que já foi CEE, continua, inexorável, o seu percurso de destruição. Antes foi destruindo as forças produtivas do nosso país; agora destrói os serviços públicos enquanto vai minando os sectores estratégicos. O país está num caos, ninguém acredita neste governo. Há os que fingem que acreditam e que colaboram com ele; há os que já não acreditam e os que nunca acreditaram. Mas o governo está cheio de si mesmo, prossegue obstinado fingindo estar tudo a correr bem. Fecha escolas, urgências, maternidades; divide o país nos excluídos e nos que vivem nos centros urbanos, provocando desequilíbrios chocantes. O presidente é uma fachada em ruínas, um sorriso de múmia vinda das trevas do país salazarento. O governo é pior ainda porque age e faz o que mais nenhum ousara fazer, nem mesmo os governos do Soares primeiro-ministro enquanto o país se ia tornando num escoadouro dos produtos dos países industrializados da CEE.
Tanta sacanagem também não era previsível para a maioria que votou neste governo. E os deputados? Que bancada é aquela que não reclama o seu direito a contestar uma directiva que venha de fora que não convenha ao nosso país? Uma maioria de deputados que lá foi posta pelos votos do povo, julgando que esta ali estaria em maioria, para o defender, e que voltam agora as leis e as directivas contra ele, destruindo um a um os seus direitos de cidadão e de trabalhador, não impedindo que passem?
As pessoas recusam-se a ver no espelho o operário, quantas vezes o proletário, e nas coisas que adquirem criam a ilusão de ascender à burguesia; procuram acima de tudo o mais adquirir o mesmo poder de compra, por isso se empenham para aparentarem ter o que devem. Ninguém quer ser tomado por operário. Muito menos os que não querem contribuir para a grande opera capitalista. Esses simplesmente cruzam os braços e não compactuam, mas também não o combatem, apenas desistem. Mas de uma forma todos contribuem para ela: em cada gesto produtor ou consumista. Por isso o capital se encontra aparentemente fortalecido pela nossa fraqueza de o desejar. Mas na verdade o sistema capitalista global está preso pelos fios invisíveis do capital financeiro que movimenta o dinheiro que o trabalho gera e que as nossas dívidas multiplicam. Os usurários não são mais criminosos, eles compraram as leis a seu favor com o dinheiro que lhes entregamos. Assistimos agora à nítida mudança das regras do jogo, quando estávamos a meio das nossas vidas. O Estado já não segura mais os cidadãos. Nós é que temos que o segurar com as contribuições dos nossos impostos, que cada vez menos são usados em nosso benefício, e com os roubos que nos fazem cada vez mais nas reformas e nos direitos conquistados. Desmatelados os serviços públicos as pessoas vêem-se na contingência de recorrer aos privados: seguros, saúde, educação, tudo começa a ser pago do nosso bolso, enquanto os impostos continuam a aumentar. O juro aumenta infinitamente e as pessoas passam a dever mais do que julgavam que deviam. Não há trabalho para todos, mas anunciam-nos que em breve teremos que ter 30 empregos para poder respirar. E querem que continuemos a dar filhos para alimentar este sistema económico enquanto nos impõem uma flexigurança, vocábulo que me lembra a novilíngua do Huxley no Admirável Mundo Novo, um linguajar criado pelo poder para que as verdadeiras palavras perdessem o significado. Com a redução da segurança que tinhamos e a exigência da flexibilidade que nos pedem como é possível ter a certeza que poderemos depois assegurar o futuro de uma criança?
As pessoas recusam-se a ver no espelho o operário, quantas vezes o proletário, e nas coisas que adquirem criam a ilusão de ascender à burguesia; procuram acima de tudo o mais adquirir o mesmo poder de compra, por isso se empenham para aparentarem ter o que devem. Ninguém quer ser tomado por operário. Muito menos os que não querem contribuir para a grande opera capitalista. Esses simplesmente cruzam os braços e não compactuam, mas também não o combatem, apenas desistem. Mas de uma forma todos contribuem para ela: em cada gesto produtor ou consumista. Por isso o capital se encontra aparentemente fortalecido pela nossa fraqueza de o desejar. Mas na verdade o sistema capitalista global está preso pelos fios invisíveis do capital financeiro que movimenta o dinheiro que o trabalho gera e que as nossas dívidas multiplicam. Os usurários não são mais criminosos, eles compraram as leis a seu favor com o dinheiro que lhes entregamos. Assistimos agora à nítida mudança das regras do jogo, quando estávamos a meio das nossas vidas. O Estado já não segura mais os cidadãos. Nós é que temos que o segurar com as contribuições dos nossos impostos, que cada vez menos são usados em nosso benefício, e com os roubos que nos fazem cada vez mais nas reformas e nos direitos conquistados. Desmatelados os serviços públicos as pessoas vêem-se na contingência de recorrer aos privados: seguros, saúde, educação, tudo começa a ser pago do nosso bolso, enquanto os impostos continuam a aumentar. O juro aumenta infinitamente e as pessoas passam a dever mais do que julgavam que deviam. Não há trabalho para todos, mas anunciam-nos que em breve teremos que ter 30 empregos para poder respirar. E querem que continuemos a dar filhos para alimentar este sistema económico enquanto nos impõem uma flexigurança, vocábulo que me lembra a novilíngua do Huxley no Admirável Mundo Novo, um linguajar criado pelo poder para que as verdadeiras palavras perdessem o significado. Com a redução da segurança que tinhamos e a exigência da flexibilidade que nos pedem como é possível ter a certeza que poderemos depois assegurar o futuro de uma criança?
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