Lembro-me de ouvir o meu avô recitar alguns versos de cor do Omar Kahyyan, exaltando os poemas que ele admirava à distância do tempo, porque este era um poeta cuja sabedoria ele considerava excepcional. Procurei esses versos que ele dizia mas, nesta tradução, estão muito diferentes da sua versão (ele tinha um livro, Os Rubayat, sua pequena bíblia, que hoje conservo). Recordo este, tal como o ouvi muitas vezes dizer em tom grandioso de recitação:
vinho em taças sempre cheias
que ele me suba à cabeça
e me circule nas veias
E por isso, de entre os meus conhecimentos, não há nenhum para mim que melhor tenha expressado esta homenagem do que o poeta persa Omar Kayanm nos seus Rubayat (ler aqui uma tradução em português):
37
Quando me falam das delícias que na outra vida
os eleitos irão gozar, respondo:
Confio no vinho, não em promessas;
o som dos tambores só é belo ao longe.
38
Bebe vinho, ele te devolverá a mocidade,
a divina estação das rosas, da vida eterna,
dos amigos sinceros. Bebe, e desfruta
o instante fugidio que é a tua vida.
39
Bebe o teu vinho. Vais dormir muito tempo
debaixo da terra, sem amigos, sem mulheres.
Confio-te um grande segredo:
As tulipas murchas não reflorescem mais.
As contribuições científicas mais conhecidas de Kayan foram na álgebra e na astronomia. Sua classificação das equações algébricas foi fundamental para o progresso da álgebra como uma ciência, da mesma forma que sua obra sobre a teoria das linhas paralelas foi importante para a geometria. Na astronomia, o maior legado de Kayan é um calendário solar fantasticamente preciso, que ele desenvolveu quando o sultão seljúcida Malik Shah Jalal al-Din, solicitou um novo programa para a coleta de impostos. O calendário de Kayan era muito mais preciso do que o calendário gregoriano, usado atualmente na maior parte do mundo: o dele apresenta um erro de um dia em 3770 anos, enquanto que o gregoriano tem um erro de um dia em 3330 anos. Kayan mediu a extensão de um ano em 365,24219858156 dias. Embora o calendário tenha sido abolido depois da morte de Malik Shah, em 1092, no entanto, ele ainda é utilizado em algumas partes do Irã e do Afeganistão.
Omar Kayan também foi poeta, e é assim que ele é melhor conhecido no ocidente, em detrimento de sua obra científica. Sua fama como poeta existe desde 1839, com a tradução para o inglês de seu livro Rubayat. Tornou-se um clássico da literatura mundial e é responsável pela influência que teve no conceito europeu sobre a poesia e literatura persas. Tendo em vista que em sua época ele foi mais conhecido por sua obra científica, duvidava-se que Kayan fosse realmente o autor de Rubayat. Mas, uma análise criteriosa efetuada por muitos estudiosos comprovou que ele é mesmo o autor da obra.
4 comentários:
Não conhecia Omar Kahyyan.
É por estas e por outras que vale sempre a pena passar por aqui.
Um abraço
blueminerva
Ainda bem que te dei a conhecer o Omar Kahyyan. Por estas e por outras é que vale a pena ter um blog.
Boa semana
otimo, tambem não conhecia omar
você teria mais arquivos sobre ele?
obrigado
A coisa de uns 20 anos atrás eu assistir um filme que tratava desse Sultão do qual o Kayan trabalhava. Nesew filme eu me apaixonei pela poesias qye ele recitava para sua anada.
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