sábado, janeiro 05, 2008

Albino de Almeida: um caso grave de usurpação de representatividade

Albino Pinto de Almeida é o actual presidente do conselho executivo da CONFAP. Esta confederação nacional de federações de associações de pais assume hoje a voz única dos pais e dos encarregados de educação do país inteiro, pretensamente tomando posição "em nome das crianças, jovens e das famílias portuguesas". Sempre que algum tema educativo envolve a opinião dos os pais, lá vem o senhor Albino proclamando-se senhor da voz destes intervenientes no processo educativo. Mas cada vez que o oiço falar não posso acreditar que aquela seja a opinião generalizada dos pais. Tanta subserviência aos decretos-lei de um ministério que está a destruir a escola pública: a destruição metódica todas as conquistas da escola construídas a partir de Abril, até ao momento da chegada a ministro da educação de Roberto Carneiro (Governo Cavaco Silva), quando as políticas educativas começaram a ser medidas não em termos pedagógicos, formadores e culturais mas economicistas, as quais se regem hoje mais do que nunca pelas leis do capitalismo global. A escola não é para ser lucrativa, nem pode ser elitista e violentamente competitiva. A escola serve para ensinar as regras de cidadania e os saberes, incentivando o aluno a querer entender o mundo que o rodeia e a reflecti-lo. Nessa área haveria muito a fazer com os professores em vez de os tornar uma classe acossada e dividida, desautorizada e exausta de tanta burocracia que lhes retira a disponibilidade e a capacidade de reflectir no seu trabalho pedagógico e no relacionamento com os alunos da várias turmas, que no fundo é o seu trabalho.

Aparentemente já me desviei um pouco, mas o que é um facto é que estamos num momento crucial em que uma maioria “socialista” comete as mesmas políticas lançando ofensivas à escola pública, numa fase ainda mais desenvolvida do sistema capitalista e pactuando com ele. Actualmente lançam-se tentáculos em direcção aos serviços públicos, na educação, na saúde, destruindo o que estava construído, encerrando o que funcionava, lançando um rasto de mais desemprego. Basta dizer-se que deliberadamente se considera “melhor ranking” ter menos professores por maior número de alunos. Por estas e por outras não é possível aceitar pactuar com este estado de coisas e aparecer publicamente em aliança com a actual ministra da educação, responsável pela maior devastação na educação alguma vez conseguida em sucessivos ministérios. A sua estratégia é tenebrosa, difamar o valor dos professores, partir a sua classe ao meio: os que avaliam e os que são avaliados (embora haja também alguém que avalia o avaliador), em vez do trabalho de equipa que existia. Desigualdade social entre os os que trabalham numa escola e os que agarram vários horários precários para conseguir tirar um ordenado, saltitando de escola em escola, sem nenhuma hipótese de ligação ao projecto educativo de cada uma dessas escolas, impossibilitados pela falta de tempo de se integrar em todas. Quando a gestão financeira passar para a escola e for esta a contratar os professores, muitas escolas limitadas financeiramente serão obrigadas a escolher estes professores por saírem mais baratos. Como podem esses professores educar? Como se pode concordar com as AEC’s, que funcionam hoje nestes moldes, com professores contratados por empresas contratadas por câmaras municipais que contratam as mais baratas por vezes estabelecendo protocolos com organizações de Associações de Pais.

Cinicamente parte-se do falso princípio que as AEC’s funcionam bem. No site da Confap lê-se a esse respeito que no ano passado (2007) funcionaram na “normalidade”, na qual seguidamente se incluem as “anormalidades” que são muitas e graves; como se para a Confap a normalidade pudesse coabitar com as “anormalidade” e isso ser o “normal”.

Não é essa certamente a opinião dos pais e encarregados de educação, por mais alheados que andem da vida escolar dos filhos (os que andam); competia à Confap informar e sensibilizar os pais para os danos que essas chamadas “anormalidades” podem prejudicar os alunos, quando muitos o desconhecem.

Não é normal que uma criança entre os 6 e os 10 anos se sinta presa dentro das salas de aula a partir de um determinado tempo do dia? Com regras, cadernos e exigências, dentro de salas de aula, como durante o tempo que já teve das aulas curriculares. Crianças pequenas que precisam de brincar, correr, saltar, desgastar energias, criar, dar largas à imaginação, encerradas oito horas por dia dentro de salas de aula, com regras e normas como funcionários. E muitos desses professores não têm a experiência pedagógica necessária para serem sensíveis aos limites dessas crianças saturadas de tanto tempo passado na escola. Traduzem-nos por “mau comportamento” e “desatenção”, o ambiente das aulas torna-se inóspito e pesado.

Os municípios podiam ajudar a resolver este impasse se usasse as infra-estruturas em benefício das AEC’s: a música aprendida na banda local; a actividade física na piscina municipal (ou nos clubes e estádios locais); as actividades lúdicas nas bibliotecas municipais, nas colectividades. Mas cada vez as autarquias têm menos infra-estruturas suas que não tenham sido colocadas à guarda dos privados, que praticam o moderno conceito do utilizador-pagador e as estratégias do lucro em vez do serviço social.

Já me afastei outra vez do assunto: a voz da Confap, que actualmente se intitula representante dos pais e dos encarregados de educação mas que se coloca em parceria com o ministério da educação e outros órgãos igualmente sinistros e dá o feed-back positivo e mediático às novas políticas educativas, legitimando-as por parte dos pais.

Como mãe, encarregada de educação e presidente de uma Associação de Pais, estive ontem presente numa reunião onde vim a confirmar a má impressão que me têm causado ultimamente as posições da Confap. E por isso quero deixar bem claro que me destaco absolutamente das enormidades que esse senhor Albino Pinto de Almeida, eleito afinal por apenas oitenta votos, vem constantemente dizer publicamente. O senhor Albino de Almeida não é como diz o representante de todos os pais, há muitos pais que não estão nem um pouco de acordo com as suas opiniões sobre educação. Como tenho conhecimento sobre a conduta desse senhor, considero execrável o modo como ignora e se vem apropriando do papel das federações distritais e das concelhias, as quais estão mais perto das associações de pais, monopolizando e usurpando a seu exclusivo favor apoios em vez de os distribuir pelas suas delegações regionais, para que a voz concordante e subserviente da Confap seja mediaticamente a única voz a representar os pais e os encarregados de educação do país. Isto em conluio com o Ministério da Educação, obviamente, a quem muito convêm as opiniões emitidas por este senhor. Uma vergonha e uma falta de escrúpulos que é preciso denunciar publicamente.

Ler artigo de Paulo Guinote sobre Escola a Tempo Inteiro

3 comentários:

Maria Lisboa disse...

Explicações para alguns porquês (vê também os comentários, onde o sr e outros membros da dita direcção aparecem).

Como fui procurando do fim para o princípio, começa a ler pelo último link (o que se refere a "o-protocolo-qual-protocolo/" explica-te porque é que o sr bate palmas a tudo e aparece sempre que é preciso reforçar os dislates do ME - creio que havia mais entradas sobre o assunto... mas acho que estas chegam)

http://educar.wordpress.com/2007/12/02/curiosidades-e-coincidencias/

http://educar.wordpress.com/2007/11/29/sao-lapsos/

http://educar.wordpress.com/2007/11/21/932/


http://educar.wordpress.com/2007/11/20/uma-breve-leitura-do-pessoal-do-protocolo-meconfap/


http://educar.wordpress.com/2007/11/19/nao-esta-esquecido-o-tal-protocolo/



http://educar.wordpress.com/2007/11/20/o-protocolo-qual-protocolo/



http://educar.wordpress.com/2007/11/19/nao-esta-esquecido-o-tal-protocolo/



http://educar.wordpress.com/2007/11/16/eu-por-mim-encerro-o-dossier-confap/


http://educar.wordpress.com/2007/11/16/anti-sindicalismo-primario/


http://educar.wordpress.com/2007/11/16/protocolo-alheio-falha-minha/

http://educar.wordpress.com/2007/11/12/meconfap-uma-relacao-duplamente-proveitosa/


http://educar.wordpress.com/2007/11/12/eu-o-meu-umbigo-albino-almeida-e-a-confap-preliminares/


http://educar.wordpress.com/2007/11/09/agarrem-me-que-eu-vou-me-a-este-tipo/

Kaotica disse...

maria lisboa

Muito obrigada pelos links vou analisá-los mas suspeito que me deste uma boa ajuda.

Um abraço

Anónimo disse...

Se quiser escrever verdade ao falar sobre o Movimento Associativo de Pais não omita o escândalo promovido por António Castela (Ferlap) Maria José Viseu(Fraviseu) de assalto à Confap, que nenhum tribunal lhes deu razão e até os arrasou relativamente à imoralidade dos seus actos.
Será essa gente que a Kaotica (nick bem escolhido para definir a sua inteligência) defende?! Bem assim como o embuste desses maus professores que a única coisa que querem é trabalhar pouco e ganhar muito e de preferência não aturem nem alunos nem os seus respectivos Pais e Encarregados de Educação, porque a si tenho a certeza que aturam .

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