domingo, janeiro 13, 2008

"O meu compromisso é com a Europa" (José Sócrates)

No parlamento Jerónimo de Sousa perguntou a Sócrates, a propósito da ratificação parlamentar em vez do prometido referendo, se o seu compromisso era com o povo português ou se era com os seus pares da união europeia. Em resposta Sócrates afirmou perentoriamente:

“O meu compromisso é com a Europa!”

Pela primeira vez disse a verdade: o compromisso de Sócrates é com a Europa, não é com o povo português que votou nele. Irá votar outra vez? Com a verdade me enganas, diz a voz popular. Quando já ninguém acredita nele, Sócrates vem dizer a verdade e reconsiderar.

(É que não sei se já entendemos que estes senhores não têm escrúpulos e são capazes de tudo em nome da Europa que os comanda. Somos pois lacaios da Europa, a honra de cumprir uma promessa eleitoral feita ao povo português nada vale para os senhores da Europa a quem o nosso governo precisa obedecer e honra já não lhe resta, tantas vezes tem sido perdida. Vergonha não têm: mantêm-se nos cargos por maiores que sejam as derrotas. Como vai agora Mário Lino levar para a frente este projecto que tanto desprezava e abominava?)

Sócrates veio dar a cara e tentou justificar a mudança de planos do governo em relação à ideia de construir o novo aeroporto de Lisboa em Alcochete mas já não conseguiu ser credível. Vendo bem ele mete os pés a falar, como se preparasse as melhores palavras para elaborar um discurso no qual ele próprio não acredita. Atrapalha-se, é trapalhão, tenta dissimular as trapalhadas, corrige-se mas não se emenda. Este voltar atrás vindo de quem vem cheira obviamente a tramóia. E se houvesse um plano para lançar a ideia de que o aeroporto era inevitavelmente para construir na OTA, mas já houvesse outro plano prévio de, a dada altura, localizar o aeroporto noutro sítio pré-determinado, que já ninguém pudesse contestar? Grandes negociatas: vendas de terrenos na OTA: tanto dinheiro! Compra e venda de terrenos na margem sul, tanto lucro! Quem vendeu uns? Quem comprou outros? Quantos mais negócios se vão ainda fazer à custa de um aeroporto por começar? Quem perdeu dinheiro? Quem vai ganhar com tudo isto? Seguir este rasto pode conduzir um dia à verdade.

Entretanto o melhor é apressar a coisa. Se não se despacharem com o aeroporto e não cumprirem os prazos a União Europeia já apareceu a berrar que não dá os fundos. O que quer dizer que o que é preciso é deitar mãos à obra, seja lá onde for o aeroporto, tem é que ir para a frente. Já sei qual vai ser a conversa: temos que cumprir os prazos, vai ser um destes ver se te avias.

Duas notícias bombásticas na mesma semana, assim se dividem os ânimos e as contestações para fazer passar ambas segundo a fórmula: duas graves medidas a dividir por duas polémicas mediáticas igual a uma só contestação e ficam tiradas duas hienas da cartola de uma vezada. Só que desta vez topou-se demasiado a farsola pois o truque é velho, as hienas perigosas postas à solta e os tratantes não são mágicos, são charlapalhões.

Ora o povo português faz-se de parvo mas não é parvo. Já viu que baixar o deficit só significa mais aumentos para ele pagar. E já nem se lembra de quantos ministros já ouviu decretar o fim da crise. Por isso já não acredita em nada nem em ninguém, nem na sua própria vontade de se revoltar. As medidas tomadas não são para agora, são para dar frutos no futuro, disse o ministro à malta que vive no presente.

1 comentário:

rendadebilros disse...

Os portugueses não são parvos, mas andam muito acomodados... Ora eu penso que muitos andam a "comer" do mesmo tacho ou esperam faz~e-lo em breve...

Beijos.

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