Pobres sociedade em que as térmitas
se têm de pôr eternamente na ponta dos pés,
para mostrarem trabalho à sua insaciável Rainha.
Arrebenta
Uma associação de pais normalmente é constituída por pessoas que decidem intervir mais activamente na escola dos seus filhos. Quando não há problemas de maior, normalmente colabora com os orgãos escolares no sentido de organizar festas, angariar patrocínios e manter os pais informados sobre o que se passa na escola.
Mas uma associação de pais não se deve limitar a estas funções, também tem a função de participar mais activamente no projecto escolar, participando nos conselhos de escola/agrupamento e no conselho pedagógico, prestando depois aos pais as informações decorrentes.
Outras associações levam ainda mais longe o seu papel, sentindo a necessidade de se organizar no Movimento Associativo de Pais (MAP), no sentido de se manterem mais atentos e informados, podendo recorrer às estruturas do MAP para se esclarecerem sobre as leis, os direitos e os deveres.
Hoje em dia é difícil para os pais encontrarem tempo para se reunirem e tornou-se quase impossível os pais terem tempo para desenvolverem este tipo de actividades. Por isso nem sempre é possível formar uma associação de pais.
Com as novas legislações resultantes das políticas educativas, e com as mudanças que estas se propõem a causar na escola pública, torna-se impensável as associações de pais não esclarecerem os seus associados sobre o que se está a passar no ensino. Não o fazer é enfiar a cabeça na areia e ficar à espera que nada disto venha a trazer problemas num futuro muito próximo.
Quando uma associação de pais toma a iniciativa de informar os pais das novas leis e das suas consequências, logo surgem vozes que a acusam de estar a usar a associação de pais para fazer política. Mas nunca ninguém se queixa que o governo está a usar o Ministério da Educação para fazer política.
As pessoas fogem da política como o diabo da cruz. Provavelmente adquiriram tal asco aos políticos e à forma como estes fazem política que este termo adquiriu para a generalidade das pessoas um sentido sujo. As pessoas afastam-se naturalmente de tudo o que lhes cheire a política. E nem se apercebem que têm os pés enfiados nela e que lhes chega até ao pescoço, como um lodo do qual não podem escapar. Como Édipo fugindo do seu destino, quanto mais as pessoas se arredam da política mais a política vai no seu encalço.
As pessoas em geral fazem por ser cumpridoras e não se sentem atraídas por nada que as leve a pôr em causa. As pessoas gostam de confiar que tudo está em ordem e detestam tudo o que vier pôr em causa seja lá o que for. Desconfiam de tudo o que as possa transtornar. Por isso preferem não levantar ondas e aceitar a ordem vigente, comportando-se o mais possível como o resto do grupo, para não sairem fora do padrão.
Se alguém tenta alertar as pessoas para os perigos decorrentes de uma lei, as pessoas tendem a afastar-se e jamais acreditam na sua possibilidade de fazer cair uma por terra uma lei por mais absurda que seja. Para elas, as causas (aquelas que conhecem a palavra e o seu significado) estão fora de moda, são assunto de perdedores e hoje em dia as pessoas querem ser eternos vencedores, o que as leva a não porem nada em causa. Antes preferem adaptar-se e sobreviverem do que revoltar-se e lutar por aquilo em que acreditam.
Os dirigentes sabem disto e mostram-se confiantes: basta-lhes publicar as leis e esperar que sejam postas em prática sem reacções contra elas. Para isso contam com o apoio de todo um séquito que compactua com as ordens que vêm de cima sem as pôr jamais em causa. As pessoas são avaliadas de cima para baixo e para tal basta-lhes cumprirem as ordens que vêm de cima. Quanto mais prontamente as aplicarem sem fazerem perguntas e às vezes até mesmo dando-lhes o seu cunho pessoal ainda mais refinado, no caso de serem mais papistas que o Papa, melhor os seus superiores as avaliarão.
É por isso que corremos o risco de muitos dos Conselhos Executivos (que também serão avaliados, pelo ministério?) executarem prontamente as ordens da ministra, que por sua vez aplicará prontamente as ordens do primeiro-ministro, que por seu turno aplicará prontamente as directivas da união europeia, que por sua vez...
O que pode fazer uma associação de pais convicta de que sem a unidade dos pais e dos professores contra estas políticas a escola pública tem o seu fim anunciado? Como pode uma associação de pais dizer isto aos pais se eles não querem ouvir este tipo de discurso do desassossego, taxando-o imediatamente de "política"? Se mesmo os professores dos Conselhos Executivos cumprem e fazem os outros cumprir? E se no final os poucos que resistem ainda são olhados de lado, como gente que não se quer dar ao trabalho, como um bando de incumpridores que pagarão por não obedecerem à sinistra rainha?
Como serão olhados pelos outros pais os pais que ousem alertar, que se aliem aos professores em luta, que publicamente acusem estas políticas de serem responsáveis pela falta de interesse que os seus filhos mostram por esta escola que os desqualifica?
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