sábado, julho 05, 2008

Ai ai

Ai eu ando tão sem inspiração para este Pafúncio que ontem tive mesmo que recorrer ao Chico, como sempre faço nos momentos de maior crise de inspiração. Assim como o Camões recorria às suas ninfas, também eu me contento em evocar a presença do Chico Buarque porque me sinto logo melhor. Desta feita veio acompanhado do Caetano dos tempos em que era o moço baiano, espécie ancestral de oi bicho a bancar o despojado. O Caetano faz-me lembrar aquela nova geração que andou por aí a praticar o budismo em plena sociedade de consumo. Comprando acessórios da Nike made in Indochina para entrar em nirvana numa espécie de onanismo transcendental. Depois abandonavam a aula de yôga ayuvérdico sentindo-se mais leves no corpo musculado moldado por acessos de individualismo e auto-contemplação. Lá fora prosseguia a falta de paz universal, mas eles seguiam em paz consigo mesmos - e com a Nike - sentindo-se evoluir acima da espécie.

Tenho mais um gato. Dá para acreditar? Nem vos contei a história...
Um gato minúsculo entrou para o motor do carro e a família partiu de volta. O gato não se queixou na viagem de apavorado. Mas depois do jantar aproximando do carro já dava para ouvir os miados que outros já tinha ouvido, como provava o leite deixado por baixo.
Os miados eram muitos e sonoros, a operação de salvamento começou mas nada de gato. Depois de muitas tentativas localizou-se o animal e a heroína prontificou-se a deitar-se por debaixo da viatura de blusa ainda branca.
Finalmente apanhou-lhe as pata, começando a puxar lentamente mas sem largar. O parto deu-o à luz: minúsculo, para aí um mês e pouco. Onde era branco estava preto do óleo. Assustadíssimo só acalmou conta o peito, bebé que era.
Claro que as crianças não abdicaram dele, já era seu. E lá foi mais um parar a casa. Uma ayuvérdica diz que é a nossa energia que atrai os gatos. Também as melgas!
Depois de removidos todos os carrapatos das orelhas fez-se guerra química ao pulguedo e desparasitou-se o animal. Está agora quase o dobro do que era e oatrevido já se relaciona com os outros bichos, inclusivamente com o cão negro que lhe determinou a viagem imprevista de Alcácer a Lisboa. Este gato conquistou-nos, já não sabemos viver sem ele. Cada coisa que faz faz um intervalo e vai comer. Tem barriga redonda, como se tivesse engolido uma bola de ténis. Mas é esticadote de patas. Tem orelhas grandes como as que os chineses gostam, sinal de boa sorte. O sobrevivente podia ter ficado estraçalhado ou cair na auto-estrada. Mas agarrou-se com unhas e dentes e começou novo destino. Não tarda nada voltará à sua terra natal, de férias.

Adorei hoje andar a visitar alguns blogues. Estava mesmo para passar a noite hoje a fazer visitas, mas estava a ficar tipo chata a deixar comentários de meio metro e então apeteceu-me vir aqui dizer-vos coisas à toa.

Sabem quando se reencontra uma pessoa daquelas a quem não dizemos "então tudo bem?"

Volta Chico, lá se foi de novo a inspiração!

Ah! E as crianças estão de férias! Ah, e ontem subimos ao Castelo de São Jorge! Ah, e hoje houve uma revolução no meu quintal! (Ai se todos estivessem fazendo revoluções nem que fosse nos seus quintalinhos!). Tanta coisa para vos contar e chega à noite e é este cansaço. Merecem mesmo que eu vá de féria rapidamente.

Custa tanto mandar abater um cão velho e cego que foi atropelado e que dura. Mas hoje abateram-se três árvores velhas e não custou nada vê-las caídas. Será por não terem olhinhos?






3 comentários:

Anónimo disse...

Pois...
Será karma.
Em breve visitarei o novo elemento.
Gandas malucos!

Pata Negra disse...

Digo sempre isto:
gosto mais de gatos do que de cães, não há gatos polícias!
Um abraço: Me! How?!

Zorze disse...

Kaotica,

também , às vezes, gosto de escrever coisas sem nexo, só que incoerente que sou, muitas vezes apago. Isto de plasmar os pensamentos na net, assusta-me um pouco. Escrevemos por vezes com um determinado estado de espírito e quando lemos uns dias mais tarde, já com outra cabeça soa completamente diferente. Mas eu gosto, às vezes, de ser incoerente, nem que seja para não dizer Mé.

Fizeste-me lembrar o meu gato Pélé, que era de uma inteligência incrível e de quem tenho muitas saudades. Aplica-se a frase «Só lhe faltava falar». Foi para casa de meus Pais, ainda cabia na palma da minha mão. São animais que vêm a outra dimensão, é normal vê-los a olhar para o vazio como quem olha uma pessoa.

Beijos,
Zorze

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