A reunião estava concorrida do ponto de vista do tamanho da sala. Havia questões de rotina a tratar: renovar a associação, parar a quota anual, ou seja pôr a escrita em dia para quem viesse a pegar na batata quente não começar logo de mãos a abanar. A lista A foi a primeira a vender o seu peixe. Tinham cada uma meia hora acordada para a “campanha eleitoral” mas a lista A alongou-se e o seu peixe já estava podre. O discurso era idêntico ao do ano passado. Coisas demais tinham ficado para ser feitas. Quando achou que era demais mostrou-o abandonando a sala e ficou de fora a esperar o fim. Começou então a falar um senhor. Ficou surpresa: não foi uma senhora a falar como esperava, quem era ali o bem falante era o candidato a presidente da assembleia, Aquele era afinal o candidato da lista B à Presidência da Assembleia, enquanto que a A apresentava o presidente do executivo (mas Dona Dondoca alguma vez viu outro a dar a cara?). O senhor B frisou bem que ali reinava um espírito de equipa e fez com que todos os candidatos se apresentassem publicamente, mencionando sua habilitações profissionais e trabalho associativo. Passou então a apresentar os objectivos, dando prioridade à segurança das crianças.
Claro que isso era música para os ouvidos apoquentados de Dona Dondoca. O seu coração já tinha escolhido. Mesmo que a lista A ganhasse e os seus 10 euros fossem entregues de mão beijada à aranha presidenta da escola, pelo menos ela ganharia o direito a estar presente nas reuniões e de continuar enviando as suas preocupações para o mail da associação como associada que tem do que se queixar. Já outra mãe mais radical dizia publicamente: eu pago os 10 euros e inscrevo-me, mas se a lista A ganhar quero que rasguem a minha proposta e podem até ficar com o dinheiro, mas não quero o meu nome lá! Curiosamente, no final da eleição mais anti-democrática que foi dado assistir a Dona Dondoca, essa mãe foi acusada de atitudes anti-democráticas, mas afinal, se as teve, e teve, ela apenas estava agindo de acordo com o que o desfecho merecia.
Votou-se. A eleição era para ser até às 20:30h, mas como ninguém mais aparecia, e para o clima não se tornar pesado, as duas listas acordaram abrir a urna antes da hora e apressar aquilo tudo contando logo os votos. Dona Dondoca tinha ido à casa de banho e, quando voltou à sala, nem queria acreditar: ainda não eram horas do fecho e já a lista A tinha ganho por… 1 voto! Alguns começam então desesperadamente a falar ao telemóvel para apressar quem era para vir e não tinha chegado ou para outros, como saber? Alguém aventa: se chegar gente para votar até às 20:30h, tem o direito de ainda votar. Dona Dondoca achava aquilo tudo um absurdo porque para ela, aberta a caixa de Pandora, só havia uma solução: anular a votação.
Três pessoas chegaram ainda… e votaram! À hora do fecho contaram-se mais esses 3 votos; ao mesmo tempo chegava mais uma votante chamada de urgência, segundos atrasada para votar. Três votos contados e, em vez de se anular aquilo tudo, pois já toda a gente ou discutia ou se ria, chegou-se a um empate. Muito se riu Dona Dondoca com o manejo da democracia numa escola situada no conselho onde mais licenciados existem por metro quadrado! Tsss, tsss, tsss!!!
E ela ainda por lá disse que pior do que o tempo perdido é as pessoas ficarem ainda mais fartas e desacreditadas nestas fantochadas; depois já ninguém as convence a usar os mecanismos que a Democracia coloca ao seu dispor!
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1 comentário:
Dona Dondoca, lindas assembleias por onde a Sra anda. Talvez fosse bom que quem está à frente da associação (e quem quer vir a estar) lessem os estatudos. Encerrar uma assembleia de voto antes da hora porque queriam ir para casa não cabe na cabeça de ninguém. Fico à espera do resto da história, que pelo que vejo está para durar.
bjs e boa semana
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