segunda-feira, janeiro 15, 2007

Referendo ao Aborto: Absolutamente pelo SIM com consciência

Sou contra o aborto. Hoje em dia há tantas formas de prevenir uma gravidez…Mas acredito firmemente que uma mulher só recorre ao aborto em último caso. Sou absolutamente pela despenalização das mulheres que fazem abortos numa situação desesperada. E não conheço mulheres que façam abortos de ânimo leve. Quais são afinal os motivos de força maior que podem levar uma mulher a fazer um aborto?

Por exemplo o desemprego. Imagine-se uma mulher independente, que tem uma relação estável e que fica grávida. Ambos consideram então a hipótese de levar esse relacionamento para a frente, juntar economias e ter essa criança. Eis que no auge da felicidade um deles perde o emprego, é despedido, acontece muito por aí… Decidem inevitavelmente que essa criança não pode mais nascer. A situação para eles não é propícia a crianças.

Outra: imagine-se uma jovem a quem os pais por preconceito não querem que ela tome a pílula. Consideram-na ainda uma criança que tem que se manter virgem para a idade de casar. Mas ela já não é virgem. Conheceu o amor num estudante lá da universidade, tudo foi muito rápido, começaram a namorar e o namoro pediu sexo. Nem houve tempo de se prevenirem, nesse dia que tanto desejavam, ele mostrou-lhe um teste de SIDA e nem pensavam que era assim tão fácil, que há quem engravide só com o cheiro. Agora ela está grávida: ambos estudam, não têm dinheiro, nem coragem de contar para ninguém da família que possa ajudar. Não se lembram de ninguém que ajudasse. Ambos têm mais do que 18 anos mas ainda dependem dos pais. Os amigos colectam-se para realizarem o aborto. Eles agora são a sua família.

Mais: A mulher está sentindo alterações estranhas. Ela sabe que está entrando na menopausa. O sexo já não é tão frequente, às vezes acontece. A pílula estava deixando a mulher inchada, irritadiça, com problemas graves de circulação. O médico aconselhou a deixar de tomar. Um dia o sexo rejuvenesceu-a, o período desapareceu e ela pensou que era o fim, a hora era chegada. A mulher consulta então o seu médico e ele manda fazer um teste de gravidez. Está grávida. A mulher nem quer acreditar: eu, com idade para ser avó, que vou ser avó, estou grávida?!!! A mulher não quer ter mais filhos, agora ela já só pensa em ter netos. O aborto é a sua solução legítima.

Agora esta: Parecia estarem mesmo apaixonados. Até já falavam em casamento. Amaram-se livremente, ela ficou grávida. Quando o homem soube reagiu mal. Ela percebeu que afinal ele não queria esse filho. E ela quereria? A mulher pensou em ficar sozinha carregando o seu filho na barriga. Todas a s suas amigas mais íntimas condenaram a situação e se afastaram. A mulher começou a sentir na sua solidão que não desejava ter esse filho. Ela estava agora mais preocupada em manter o seu emprego e nem sequer tinha contrato. Uma gravidez assim, em pleno estágio, não ia cair bem lá na empresa. A sua vida só iria perder: o homem, o trabalho, a casa que estava a ser paga e que sem emprego não haveria meio de continuar a pagar. Tudo por causa daquela gravidez não desejada. A mulher deixou o homem e foi fazer um aborto.

Muitas outras situações poderiam ser usadas como prova de que mesmo os que não concordam com o aborto, não podem deixar de votar sim por todas essas mulheres que num momento difícil das suas vidas não encontram outra solução para além dessa.

Desejo que todas as mulheres decidam na sua consciência quando lhes é inevitável fazer um aborto. Só elas sabem o quanto lhes custa fazê-lo.

Desejo que todas as pessoas que vão decidir pelos outros sobre a questão do aborto possam por um momento pensar nas razões que podem ter as mulheres que escolhem essa opção.

Desejo que os meus impostos sejam gastos com as pessoas que de facto precisam de ajuda. Normal seria de facto que parte dos impostos que todos pagamos fossem usados para ajudar essas mulheres nesse passo difícil das suas vidas em vez de serem desbaratados nas contas absurdas dos telemóveis dos funcionários do estado, nos seus opíparos almoços e jantares em nossa triste representação, por exemplo.

Desejo que os médicos saibam ter formação e tacto para dialogar com essas mulheres e se informar dos seus motivos, tratando-as com o devido respeito. Quem sabe algumas delas só precisam de algum apoio para ter essa criança. Ou que muitas sofrem como se fossem perder um filho para sempre. Ou não.

Só as mulheres poderão decidir, com ou sem o apoio dos seus companheiros. Melhor seria poderem sempre contar com ele, o que nem sempre acontece.

Não existem mulheres presas por causa de terem feito um aborto, dizem, mas existem mulheres que devem dinheiro ao advogado que as defendeu perante a Justiça e outras que carregam o peso da acusação. Uma mulher já diminuída pela situação de ter que sofrer no seu corpo uma intervenção que nunca irá esquecer, não pode nem deve ser humilhada ao ter que se justificar publicamente num tribunal cujo objectivo será apenas o de acusá-la por um crime. A mulher que fez um aborto pode estar infeliz mas não é uma criminosa.

A realização de um aborto não é um crime mas sim um acto médico praticável até uma determinada fase que os médicos estudaram. Eles sabem até quando aquilo ali ainda não é uma criança. Quantos desses médicos que batem no peito e que dizem não concordar que o aborto seja despenalizado e realizado nos hospitais estatais não colaboraram já com parteiras que fazem abortos clandestinos, realizando ecografias ilegalmente e às escondidas dentro do hospital civil onde trabalham para ganharem a sua parte no negócio? Para eles o aborto não é uma questão de consciência mas sim de dinheiro livre de impostos que entra pela porta do cavalo.

Eu não tenho dúvidas em votar SIM porque sou mulher e não acredito que as mulheres substituam os meios contraceptivos pelo recurso ao aborto com a mesma leveza com que recorrem à pílula do dia seguinte só por passar a ser legal.

Eu abomino todos os que votarem NÃO para manter o dogma. Que aqueles que nunca cometeram um erro nas suas vidas atirem a primeira pedra, eis uma mensagem humanista essencial tornada afinal absurda por uma religião que se organiza em todas as paróquias para induzir os crentes a votarem NÃO com o mero intuito de condenar mulheres que ousaram decidir sobre o seu corpo e a sua vida. Esta é a igreja que preferiu ver os jovens a contraírem SIDA em castigo pelos seus pecados do que aconselhá-los a usar preservativo.

Sou pela Vida, pela Liberdade, pela Escolha Individual.

Sou pelas Crianças desejadas, pela Segurança, pelo Emprego.

Sou pela Ciência médica, pela Higiene, pela Qualidade de Vida.

Sou pelo Apoio Estatal, pela Ajuda Psicológica, pelo Planeamento Familiar.

Sou pelo Aborto usado como último recurso.

Sou absolutamente pelo SIM consciente.

Por tudo isso

Voto SIM!

12 comentários:

Anónimo disse...

vou votar Sim, também. Por duas razões:
1. Porque acho que prender mulheres que abortam é uma violência cruel e inútil que só aumenta o Sofrimento das mesmas.
2. Porque acho que um aborto clínico reduz o Sofrimento nas mulheres que abortam e impede que crescam crianças não-desejadas e mal amadas.

e isso basta-me...
e aplico sempre a velha regra budista: reduzir o Sofrimento.

Outsider disse...

Olá Amiga!
Como sabes nesta questão estou completamente de acordo contigo! Estou farto de demagogias e da mentira que é reduzir esta questão a ser ou não a favor do aborto. A verdadeira questão é se concordamos que seja despenalizado o aborto até às dez semanas, não se somos a favor ou contra...
Sou contra o aborto, mas sou a favor da livre escolha e sou contra que se traga a este mundo uma criança para sofrer...
Um Abraço.

Anónimo disse...

Cara amiga
Todas as tuas ideias muito bem expostas... Se cada um pusesse de lado a hipocrisia... Livre escolha, pois claro! Estou ao teu lado, contigo!
Um abraço

Kaotica disse...

Sim, em princípio tudo o que reduza o sofrimento é de louvar. As tuas razões são mais do que suficientes. Eu é que ando com uma crise de pouco espírito de síntese, e há razões que a razão desconhece.

Kaotica disse...

Desculpa, a resposta de cima era para ti, Rui, e este abraço também!

Kaotica disse...

Outsider

Sim, toda esta discussão se resume a uma questão de princípios e de não punição do já de si enorme sofrimento das mulheres para quem o aborto é já a única solução.
Um abraço!

Kaotica disse...

Renda

Ainda bem que alguém gostou da minha argumentação em forma de narrativas episódicas da vida dos seres humanos. Quis talvez provar que em toda esta discussão há um lado muito humano que não se deve descurar.
Abraço!

Anónimo disse...

Querida Kaotica,
Subscrevo o que aqui dizes de uam forma bem realista. Por tudo isso e pela liberdade de escolha, voto sim!
beijinhos

Kaotica disse...

Tb
E eu contigo, minha amiga.
Um bom fim de semana.

Afonso Gaiolas disse...

Olá a todos,
O ideal cívico compele-me a deixar-vos a minha opinião, velha de quase dois anos, mas à qual não retiro ou acrescento uma vírgula.

Um abraço,
Afonso Gaiolas

Sexta-feira, Abril 22, 2005

Referendo sobre o aborto, ou um aborto de referendo?

Diz-se daqueles que, apesar de receberem contínuos sinais de recusa das fêmeas que tentam cortejar, apesar de engolirem mais sapos do que as margens da ribeira de Cobres albergam, se insinuam de tal forma insistentemente que a conquista do troféu se dá pelo cansaço, diz-se, dizia eu, que a façanha foi conseguida por "esmagamento".
Serve esta analogia para ilustrar o que me parece ser o pensamento de alguns sectores da nossa sociedade face à problemática do aborto em Portugal.
Merece o assunto as controvérsias de proporções bíblicas que proporcionou nos últimos tempos?
Tudo isso e muito mais.
Penso, contudo, que muito se tem rematado, mas continuamente ao poste, poucas vezes se discutindo o que realmente interessa debater.
Vou começar pela própria palavra ABORTO - Acto ou efeito de abortar. Nunca o dicionário refere a aniquilação de um ser como significado da palavra, mas ao invés, define-a como a expulsão do feto antes do fim da gestação, ou ainda "o que nasceu (começou a ter vida exterior) prematuramente".
Curiosa esta diferença conceptual de vida exterior e interior, tão curiosa que nalgumas comunidades que não a nossa, de desenvolvimento imaculado e mãos sempre limpas, se considera a contagem de ambos os períodos na idade das pessoas.
Todos consideramos como o mais hediondo dos crimes a eliminação de um ser recém-nascido. Pois bem, construamos uma simples fita de tempo. No intervalo temporal D+x (sendo D o momento do nascimento e x qualquer período que escolhamos (1 mês, 1 ano, 10 anos, 100 anos, ...), a palavra assassínio estará sempre presente, se decidirmos aniquilar um ser humano em qualquer destas idades. Mais complexa se torna a análise se trocarmos o sinal da adição pelo da subtracção. A partir de que momento consideramos estarem reunidas todas as condições para que, em consciência, possamos afirmar existir VIDA? Pensar demasiado sem conhecimento científico suficiente, torna angustiante a busca de respostas. Confesso que foi o que me aconteceu. Tanto mais que a proliferação de artigos sobre o tema em causa só torna ainda mais nebulosa a formação de uma opinião. Uma fracção de segundo, um dia, dez, doze, dezasseis semanas ou nove meses?
Defendo que as leis de um país se devem reger pelos valores morais que os seus cidadãos consideram ser os correctos, nunca se devendo ceder à tentação de resolver um problema com outro problema. Não me serve portanto o argumento da falta de informação, da má qualidade das instituições de solidariedade social que prestam a educação a quem não pôde ser acolhido por uma família, da inconveniência temporal, ou qualquer outro de cariz similar.
Em coerência devo portanto afirmar que, sendo o valor da vida o mais importante na escala das pertenças individuais, a partir do momento em que cientificamente me provarem que a centelha existe, devem ser repudiados todos os actos contrários ao seu desenvolvimento e maturação.
Pois, pois, centelha é muito vago...
Estava só a tentar ganhar tempo para que o meu cérebro me ajudasse...
Disse cérebro?
Se trocarmos um rim, continuamos a ser nós próprios?
Concordam que sim!
Se trocarmos de coração, continuamos a ser nós próprios?
Concordam que sim!
E se trocarmos de cérebro?
Eu convictamente penso que não. Acredito aliás que a verdadeira fonte de longevidade para os seres humanos reside na substituição de "componentes", preservando ao máximo o único insubstituível - o cérebro.
Reside aqui portanto a resposta à minha pergunta.
É verdade que no momento da concepção, potencialmente temos uma vida a ser gerada. Mas estamos ainda no domínio das células indiferenciadas, e a verdade é que, mexendo os cordelinhos certos, ou errados, conforme o ponto de vista, podemos gerar uma miríade de monstruosidades que com a vida nada têm em comum. Não considero portanto que os inúmeros bancos de embriões existentes pelo mundo sejam imorais, uma vez que a essência de cada ser individual ainda não existe - que o cérebro ainda não se formou.
Parece ser cientificamente aceite que todos os principais componentes do cérebro são claramente distinguíveis praticamente cinco semanas após a concepção. Assim sendo, em nome da coerência, até essa data (ou qualquer outra mais precisa que cientificamente seja acreditada) não deveria ser criminalizada, penalizada, ou sequer moralmente condenável a decisão de inviabilizar a evolução do embrião. Dentro deste período, englobar-se-iam os casos excepcionais já previstos na nossa legislação, exceptuando claro o risco de vida para a mãe. Para a análise de malformações, ter-se-ia que fazer um esforço, grande, é certo, mas realizável se bem direccionado no sentido de, por análise genética, se determinar o mais precocemente possível a sanidade de cada futuro ser humano.
Tendo tornado clara a minha posição, resta-me tecer um comentário, necessariamente cáustico ao slogan "A barriga é minha, faço dela o que quiser!", e outras idiotices do mesmo calibre, que só tornam ridícula a posição de algumas mulheres, que pensam ser este o cavalo de batalha final contra a opressão masculina. É verdade que é o indivíduo do sexo feminino o veículo hospedeiro do novo ser que está a ser gerado, e que provavelmente é o acto mais nobre a que alguém poderá em toda a sua vida aspirar, mas isso não tira o direito e simultaneamente a responsabilidade do homem perante o seu filho. Deveríamos pois ver ambos os progenitores condenados pelo acto abortivo, se existisse o conhecimento da acção, mas pela mesma ordem de ideias, negar a unilateralidade materna na decisão de continuar, ou não, com o processo de gestação.
Quanto aos direitos sobre a barriga, esses são inalienáveis (embora algumas devessem receber mais conselhos sobre estética), mas quando se trata da geração de um novo ser, ainda e sempre reaparece o velho, mas sábio conceito, que sumariamente nos lembra que a liberdade individual termina onde começa a liberdade de terceiros.
Decidam em consciência!

Anónimo disse...

15 QUESTÕES SOBRE O REFERENDO

1 - QUAL A QUESTÃO QUANDO SE FALA DE DESPENALlZACÃO DO ABORTO ?
Em 1984 legalizou-se o aborto em Portugal, mas os prazos dessa lei foram alargados em 1997. Nesse ano tornou-se legal abortar por razões de saúde da mãe até às 12 semanas ou até aos 9 meses no caso de perigo de morte ou grave lesão para esta, até às 24 semanas (6 meses) no caso de deficiência do feto, até às 16 semanas no caso de violação. O referendo de 2007 propõe que a mulher possa abortar até às 10 semanas nos hospitais e em clínicas privadas, com os serviços pagos pelos nossos impostos, sem ter que dar qualquer razão (por não estar satisfeita com o sexo do bebé, por exemplo), e inclusivamente contra vontade do pai da criança. De facto, trata-se duma legalização e liberalização do aborto.

2 - MAS QUEREM QUE AS MULHERES QUE ABORTAM VÃO PARA A CADEIA ?
Uma mãe apanhada a roubar pão para um filho com fome não vai presa, precisa é de ajuda, e lá por isso ninguém diz que o roubo deve ser legalizado e feito com a ajuda da polícia. É importante que as pessoas saibam que o aborto é um mal e por isso é punível por lei, mas as penas têm um objectivo pedagógico (colaboração com instituições de solidariedade social, por ex.), sendo a possibilidade de prisão, tal como no caso do crime de condução sem carta, considerado um último recurso. Há mais de 30 anos que nenhuma mulher vai para a cadeia por ter abortado e a ida a Tribunal (já muito rara) evita-se sem ter que mudar a lei. O importante é ver quantas vidas uma lei salva...

3 - O BEBÉ TEM ALGUMA PROTECCÃO LEGAL ?
A sociedade deve considerar que todos, e especialmente os mais fracos e desprotegidos, merecem protecção legal; mesmo na lei de 1984 este era o princípio base, no qual se abriam algumas excepções. A liberalização do aborto muda esse princípio base, como se a sociedade portuguesa dissesse que há seres humanos com direitos de vida ou de morte sobre outros seres humanos, admitindo que o mais forte imponha a sua vontade ao mais fraco sem que este tenha quem o defenda.

4 - DIZEM QUE O FETO AINDA NÃO É PESSOA E POR ISSO NÃO TEM DIREITOS…
Dentro da mãe não está com certeza um animal ou uma planta, está um ser humano em crescimento com todas as suas caracteristicas em potência desde o momento da concepção. Dependente da mãe, como estará durante muito tempo depois de nascer - pois se deixarmos um bebé no berço sem o alimentarmos ele morre - dependente como muitos doentes ou idosos. Será que por isso estes também não são pessoas, nem têm direitos? É por serem mais frágeis que os bebés, dentro ou fora do seio materno, os doentes e idosos, precisam mais da protecção legal dada por toda a sociedade.
Em 1857 o Supremo Tribunal dos EUA decretou que os escravos legalmente não eram pessoas e portanto estavam privados de protecção constitucional. Queremos fazer o mesmo aos bebés ainda não nascidos?

5 - E OS PROBLEMAS DA MULHER ?...
A suposta solução dos problemas dum ser humano não pode passar pela morte doutro ser humano. Esse é o erro que está na base de todas as guerras e de toda a violência. A mulher em dificuldade precisa de ajuda positiva para a sua situação. A morte do seu filho será um trauma físico e psicológico que em nada resolve os seus problemas de pobreza, desemprego, falta de informação. Para além disso, a proibição protege a mulher que muitas vezes é fortemente pressionada a abortar contra vontade pelo pai da criança e outros familiares, a quem pode responder que recusa fazer algo proibido por lei. Nos estudos que existem, referentes aos países onde o aborto é legal, mais de metade das mulheres que abortaram afirmam que o fizeram obrigadas.

6 - MAS A MULHER NÃO TEM O DIREITO DE USAR LIVREMENTE O SEU CORPO ?
A mulher tem o direito de usar o seu corpo, mas não de dispor do corpo de outro. O bebé não é um apêndice que se quer tirar, é um ser humano único e irrepetível, diferente da mãe e do pai, cujo coração já bate aos 18 dias, com actividade cerebral visível num electroencefalograma desde as 6 semanas, com as características físicas e muitas da personalidade futura presentes desde o momento da concepção.

7 - E QUANTO À QUESTÃO DA SAÚDE DA MULHER QUE ABORTA ?
Legal ou ilegal, o aborto representa sempre um risco e um traumatismo físico e psicológico para a mulher. Muitas vezes o aborto é-lhe apresentado como a solução dos seus problemas, e só tarde demais ela vem a descobrir o erro dessa opção. O aborto por sucção ou operação em clínicas e hospitais legais, pode provocar cancro de mama, esterilidade, tendência para aborto espontâneo, infecções que podem levar à histerectomia, depressões e até suicídios. O aborto químico (comprimidos), cujos efeitos sobre a mulher são em grande parte desconhecidos, quadruplica o risco da mulher vir a fazer um aborto cirúrgico. O trauma pós-aborto deixa múltiplas sequelas psicológicas durante anos.

8 - E QUANDO A MULHER NÃO TEM CONDIÇÕES ECONÓMICAS PARA CRIAR UM FILHO ?
Quem somos nós para decidir quem deve viver ou morrer? Para decidir quem será ou não feliz por causa das condições no momento do nascimento? O destino de cada um é uma surpresa, basta ver quantas estrelas milionárias do futebol vieram de bairros de lata. Deviam ter sido abortadas? Uma mãe com dificuldades precisa de ajuda para criar os seus filhos, abortar mantê-la-á na pobreza e na ignorância, o que só leva ao aborto repetido.

9 - MAS TEM QUE SE ACABAR COM O ABORTO CLANDESTINO...
, E verdade, temos mesmo é que acabar com o aborto, que ninguém pense que precisa dele, mas a despenalização não ajuda em nada à sua abolição. Em todos os países, após a despenalização aumentou muito o aborto legal (segundo a Eurostat, no Reino Unido 733%, por ex.), mas não diminuiu o aborto clandestino, pois a lei não combate as suas causas (quem quer esconder a sua gravidez não a quer revelar no hospital, por exemplo). E após os prazos legais regressa tudo à clandestinidade. A diminuição do aborto passa por medidas reais e positivas de combate às suas causas, e não há melhor forma de ajudar os governos a demitirem-se destas prioridades do que despenalizar o aborto. O que importa é ajudar a ver as situações pelo lado positivo e da solidariedade, e não deixar que muitas mulheres se vejam desesperadamente sós em momentos extremamente difíceis das suas vidas. É preciso que elas saibam que há sempre uma saída que não passa pela morte de ninguém, e que há muitas instituições e pessoas de braços abertos para as ajudarem, como as muitas dezenas delas que têm vindo a ser criadas ao longo do país e com o apoio dos vários movimentos “pela vida”.

10 –A DESPENALlZACÃO SERIA SÓ PARA AS MULHERES ?
Não. A despenalização abrange todos: médicos, pessoas com fortes interesses económicos nesta prática, pessoas que induzem ao aborto Pessoas que na lei de 1984/97 tinham penas muito mais pesadas que a
própria mulher. As leis pró-aborto abrem as portas ao grande negócio das Clínicas Privadas Abortivas e aos acordos para o Estado pagar esses serviços, enquanto os verdadeiros doentes esperam anos para serem atendidos sem terem direito a essas regalias.

11 - MAS A DESPENALlZACÃO NÃO OBRIGA NINGUÉM A ABORTAR...
Está prrovado que a despenalização torna o aborto mais aceitável na mentalidade geral, e por isso mesmo leva na prática ao aumento do número de abortos. A lei não só reflecte as convicções duma sociedade como também forma essa mesma sociedade. O que é legal passa subtilmente a ser considerado legítimo, quando são duas coisas muito diferentes.

12 - PORQUE SE PROPÕEM PRAZOS PARA O ABORTO LEGAL ?
Não há nenhuma razão científica, ética, ou mesmo lógica para qualquer prazo. Ou o bebé é um ser humano e tem sempre direito à vida, ou é considerado uma coisa que faz parte do corpo da mãe e sobre o qual esta tem sempre todos os direitos de propriedade. Os próprios defensores da despenalização sabem que o aborto em si mesmo é um mal e que a lei tem uma função dissuasora necessária, por isso mesmo não pedem a despenalização até aos nove meses. No entanto, é de perguntar porque é que até às 10 semanas mulheres e médicos não fazem mal nenhum, e às 10 semanas e um dia passam a ser todos criminosos.

13 - SEGUNDO A LEI O PAI DA CRIANÇA TEM ALGUM DIREITO OU DEVER NESTA DECISÃO ?
Não, o homem fica sem nenhuma responsabilidade, e também sem nenhum direito. A mulher pode abortar o filho dum homem contra a vontade dele. Quando a mulher decide ter a criança a lei exige que o pai, mesmo contra vontade, lhe dê o nome, pensão de alimentos e até acompanhamento pessoal, mas se decide não o ter o pai não pode impedir o aborto - fica excluído na decisão de vida ou de morte do seu próprio filho.

14 - O ABORTO É UM PROBLEMA RELIGIOSO, OU ABRANGE OS DIREITOS DO HOMEM ?
O aborto ataca os Direitos do Homem. O direito à Vida é a base de todos os outros. O direito de opção, o direito ao uso livre do corpo, o direito de expressão... todos os direitos de que usufruímos, só os temos porque estamos vivos, porque nos permitiram e permitem viver. Ao tirarmos a vida às nossas crianças estamos também a roubar-lhes todos os outros direitos. A Declaração dos Direitos do Homem explicita que estes são universais, ou seja, são para todos. Porque é que alguns bebés, só porque não são planeados, devem ser excluídos dos direitos de toda a humanidade?

15 - SER CONTRA A DESPENALlZACÃO NÃO É SER INTOLERANTE E RADICAL ?
Não, o aborto é que é totalmente intolerante e radical para com a criança, porque a destrói; não lhe dá quaisquer direitos, não lhe dá opção nenhuma. O "Sim" ao aborto tem em conta a posição dum só dos intervenientes, a mulher, pensando erradamente que a ajuda. O "Não" ao aborto obriga-nos a todos, individualmente e como sociedade, a ter em consideração os dois intervenientes. Ao bebé temos de proteger e de permitir viver. À mãe temos de ajudar para que possa criar o seu filho com amor e condições dignas ou para que o possa entregar a quem o faça por ela, através de adopção.

Cláudio Anaia

Anónimo disse...

27 boas e verdadeiras razões para se votar sim no referendo do aborto

Porque é um direito a mais que conquistamos
Porque é um dever a menos que suportamos
Porque os países civilizados têm
Porque é sinal de modernidade
Porque a Igreja é contra
Porque é mais uma causa
Porque o Estado alguma vez é meu amigo
Porque é o principal problema deste país
Porque assim está-se mais à vontade
Porque, pela 1ª vez, se pode ter "desvios" sem impunidade
Porque temos que compensar as mulheres da violência doméstica
Porque assim controlo melhor o meu destino
Porque a barriga é minha e só lá está quem eu deixo
Porque já andamos nisto há uma porrada de tempo
Porque, ao menos, dão-me prioridade uma vez na vida.
Porque eu choro e os fetos não choram
Porque até fica bem no currículo
Porque eu não sei o que isso do amor maternal
Porque me convém
Porque eu não quero que eles saibam e nem quero assumir
Porque eu, mãe, quero vingar-me do pai
Porque é mainstream
Porque eu quero
Porque é da esquerda ou da direita moderna (neo-liberal)
Porque ele não fala nem vê e eu sou mais forte
Porque é mais um passo
Porque sim

Blog Widget by LinkWithin