No Domingo, dia 11, vou votar SIM no referendo porque:
- Desconfio sempre da certeza dos números do aborto clandestino; dizer-se que vai aumentar com a despenalização é um argumento falacioso. Ninguém pode saber ao certo quantos abortos se praticam clandestinamente.
- Já o número de mulheres que entra nos hospitais devido a complicações de saúde devido ao aborto clandestino, são bem reais. Só não se sabe ao certo que sequelas ficam no corpo das mulheres que não chegam a ir ao hospital.
- Uma mulher normal não pratica o aborto senão em último recurso. Existem numerosas causas que podem levar uma mulher a praticar o aborto, do desemprego à falta de instinto maternal. Uma mulher pode não poder ter esse filho ou não querer ter esse filho. No primeiro caso a mulher pode não estar em condições materiais para ter a criança; no segundo caso ela pode não ter condições psicológicas para ter um filho; em ambos os casos a mulher deve poder decidir de forma responsável dar ou não seguimento à gravidez.
- Uma criança indesejada não pode ter um futuro feliz; a maternidade é um passo sério na vida de uma mulher. Esta só deve levar a gravidez para diante se estiver consciente de que deseja essa criança. Essa criança só será amada se for desejada.
- As mulheres carenciadas sabem que não podem contar como certo com o apoio das instituições para criar os seus filhos. Já existem demasiados casos de crianças entregues a instituições que não são dignas de confiança para educar e integrar essas crianças, as quais vivem sujeitas a todas as humilhações.
- As mulheres não carenciadas não são afectadas pelo aborto clandestino; elas podem recorrer a clínicas da especialidade mantendo o anonimato e praticando a IVG com o mínimo de riscos. Muitas delas estão hoje do lado do não por questões absolutamente religiosas e sociais em defesa de uma falsa moral.
- A campanha do NÃO tem desde o início usado os piores argumentos, alguns deles chocantes; os meios que tem usado para atingir o seu fim, têm sido completamente desprovidos de bom senso, fazendo uso de todo o tipo de suportes (DVD,s, cartas em nome do feto morto pela mãe, etc.) e distribuindo-os a crianças menores sem qualquer legitimidade; as igrejas têm ido contra a lei, fazendo ilegalmente uma campanha declarada e explícita ao NÃO nas cerimónias religiosas; a tentativa desesperada de certas personalidades políticas virem à última da hora apelar à modificação da lei, caso vença o NÃO, é o exemplo do modo como a Lei é encarada: uma lei pode a seu ver existir mas não ser aplicada. A lei existe com o fim de assustar e, se a lei for violada pela mulher que ousar praticar o aborto, então ela será culpada, arguida mas desculpabilizada, perdoando-se-lhe a prisão em troco de serviço cívico ou do dinheiro da caução. Absolvida pelos detentores da moral, ela poderá ir em paz, com o perdão concedido.
- O referendo não devia existir, mas o governo entendeu que, se tinha sido uma promessa eleitoral ao povo, tinha que o realizar. Quantas outras promessas ficaram por cumprir entretanto? Quem as discutiu tanto quanto discutiu agora se há vida ou consciência num embrião? O referendo é uma faca de dois gumes: toma em consideração a vontade popular, mas provoca ainda mais divisões nas pessoas que deviam estar unidas na defesa dos direitos que estamos a perder todos os dias, como por exemplo em relação à escola e à saúde públicas, para falar apenas em dois dos mais importantes alicerces da nação que estão actualmente a ser postos em causa pelas imposições das políticas da União Europeia.
- Já que o referendo se vai realizar, então é chegado o momento de mudar essa lei caduca e imoral que apenas deseja criminalizar as mulheres, uma lei que, em se mantendo, deixaria tudo exactamente no mesmo obscurantismo e ilegalidade.
8 comentários:
eu tb.
como não votar SIM?
__________________.
bom resumo!
e sim... obviamente vamos juntar os nossos votos pelo Sim.
esperemos é que a maioria não fique em casa, como da última vez!
Excelente reflexão, minha amiga!! Concordo plenamente com tudo o que disseste. Sinceramente, já estou farto deste tema e da divisão que ele está a causar, disfarçando outros problemas mais graves que afectam o nosso país.
Claro que vou votar SIM para terminar com esta lei, que já se viu que não serve ninguém.
Espero é que toda a gente vá votar, independentemente da sua opção.
Beijos.
Um SIM claro, contra os argumentos estapafúrdios erguidos pelo Não, e a favor da saúde pública, do racionalismo, da coerência e de legislação que proporcione apoio efectivo à mulher que pretende abortar.
Grande abraço.
Isa
Como viver no meio de toda essa gente que diz NÃO?
Hoje, por puro instinto encontrei um refúgio.
Obrigada.
Rui Martins
Obrigada, defender o SIM só pode ser uma coisa objectiva: ou é SIM ou é SIM!
Bjos
Outsider
Sim, isso para mim é o mais grave: enquanto não se fala senão na campanha e no referendo, outras coisas muito importantes vão acontecendo (não é coincidência o Estado ter aproveitado agora para dizer claramente as suas intenções em relação à escola pública e à saúde)
Vamos rapidamente aprovar essa lei e voltar a debater essas graves questões que estão querendo acabar com o que resta de Nação.
Bjos
Pires f
Que bom ter-te de volta! Vou lá visitar-te.
Tenho sabido que toda a gente boa que conheço é pelo SIM. O que essa sintonia podia fazer unida para mudar o estado das coisas...
Bjos
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