terça-feira, agosto 12, 2008

Maré de Alentejo

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Capela das Conchas/Palácio dos Henriques (Alcáçovas , Alentejo)


Com tanta coisa nem vos contei. Ontem demos um belo passeio pelo Alentejo fora. Ao Domingo à tarde o Alentejo dorme, não se vê viv'alma ou apenas uns poucos homens idosos da terra a conversar pelos bancos e pelas tascas. Que ninguém diga à ASAE que ainda existem tascas e que no Alentejo se vai podendo fumar uma cigarrada permitida. Sempre que imagino o que o dinheiro, que devia servir para desenvolver o país, vai fazer ao litoral alentejano, fico irada. Ainda hoje li no jornal que há um plano de desenvolvimento turístico para Mértola que é uma dor de alma, um dos sítios mais bonitos do Alentejo, não tarda muito, quando chegar a barafunda, as cegonhas partem para destinos mais sossegados. O que é feito das zonas protegidas?

Outra notícia que diz tudo. Nas praias (por enquanto deve ser nas do Algarve, mas como tudo o que é daninho, tende a espalhar-se) andam DJ´s e música em ALTOS BERROS a animar o ALLgarve? Vinha uma foto dumas madames a apanharem banhos de sol e estupidamente a ver um espectáculo de uma dançarina em cima de uma estrutura, como em certas discotecas, a dando o corpo ao manifesto para gáudio das outras. Não haverá mais gaivotas na praia ao fim da tarde...
Que progresso tão torpe!

Mas ía contar que nessa passeata parámos em Alcáçovas e chegámos à Capela das Conchas e ao Palácio dos Henriques, que mostram bem o estado de degradação do nosso país e das suas memórias arquitectónicas. Não pudemos entrar na Capela das Conchas, nem ver os seus jardins porque estava fechado o portão. Provavelmente ninguém quer pagar a um segurança e a um guia para estarem ali. Tinha que se pedir não sei onde, na junta, para visitar, o que provavelmente pouca gente se dá ao trabalho. Quanto ao Palácio dos Henriques, prometi a mim mesma ir descobrir que Henriques são esses que já tiveram um palácio daqueles e que o deixaram chegar a tal abandono. Também ali não se entrava, nem lá estava ninguém, pareceu abandonado à sua sorte de ser construção sólida, não do tempo dos afonsinos, mas dos tais Henriques que eu vou agora procurar.
Que memória tão apagada!

Mais informações aqui:

- Janela do Paço dos Henriques (Alcáçovas)
http://joserasquinho3.blogspot.com/2008/06/janela-do-palcio-dos-henriques-alcovas.html

- Palácio dos Henriques (Alcáçovas)
http://ruadealconxel.blogspot.com/2008/01/palcio-dos-henriques-alcovas.html

- Jardins da Capela das Conchas (Alcáçovas)
http://ruadealconxel.blogspot.com/2008/01/palcio-dos-henriques-alcovas_13.html

- Paço dos Henriques/ residência real/ casamento D. Manuel I e D.Isabel I /
Testamento de D.João II/Tratado de Alcáçovas/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Pa%C3%A7o_dos_Henriques




6 comentários:

ferroadas disse...

Conheço bem o Palácio dos Henriques e a Capela das Conchas, aliás o (meu) Alentejo conheço-o como a palma das mãos.

Mas a situação que encontraste de degradação, do abandono, da incúria e desmaselo, não é exclusivo das Alcáçovas, por esse país fora existem monumentos ao abandono total. Esta raça de gente que nos arrebenta a cabeça de tanta incompetência só se preocupa com Lisboa, Algarve, aqui ou alí Porto, talvez Guimarães, Braga e pouco mais, o resto minha amiga, o resto é paisagem.

Equanto isso os senhores barões preparam-se para espatifar milhões no TGV e quejandos.

BJS

tb disse...

Vejo que andam em passeio. :) Sinto saudades de vocês minha amiga.
Sim Portugal está assim um bocado por todo o lado. É uma pena que o dinheiro seja tão mal gerido e as responsabilidades sempre morrendo solteiras.
Um dia conto-te as minhas histórias
Beijinhos saudosos para todos

Abrenúncio disse...

Mas quem é que quer saber do Palácio dos Henriques?! Se fosse um McDonalds ou uma pizzaria qualquer, decerto estava abarrotada de obesos a mastigar gordura saturada. Se ainda por lá se vendessem telemóveis baratos ainda podia ser que houvesse uma bicha à porta. Se tivesse um cartaz à porta a anunciar uma rave com muitos cogumelos a 5 euros/pax ainda haveria confusão para chegar à bilheteira. Se fizessem tatuagens baratas ainda vá lá. Se houvesse um casamento, daqueles de Agosto, com sotaque franciú, com muita brilhantina, fatos a cheirar a bolor tirados do roupeiro depois de 4 ou 5 anos sem de lá terem saído, e 20 ou 30 pratos para comer até ao enfarte do miocárdio, mas sem esquecer de deixar no bolso do noivo o envelope com 200 aéreos, ainda está bem, de certeza que o palácio era pequeno para a afluência.
Agora, um palácio? O que é que um palácio pode ter lá dentro de interessante, para sequer manter um porteirinho que seja? Bah! Essas coisas não interessam. Cultura é centro comercial, é passar 2 horas na bicha para chegar à praia, abancar na areia ao 1/2 dia, trabalhar para o cancro até às 2, arrancar para o tasco, emborcar uma feijoada e uma litrada de carrascão, regressar ao areal, fazer mais 2 ou 3 horas de fritura, e por fim passar mais 2 horas no trânsito para chegar a casa. Cultura é lavar o pópó no Elefante Azul ao Domingo de manhã, é passear os chanatos comprados a crédito na Charles e a camisa dos ciganos - porque o crédito não dá para tudo - ao Sábado à tarde, de telmóvel numa mão e chave do carro na outra, no COntinente, mas com o carrinho cheio de ar apenas com 2 pacotes de bolachas, 1/2 dúzia de iogurtes da casa e 1 molho de t-shirts de 1 aéro cada, porque a tal dos ciganos precisa de pelo menos 1 lavagem por mês.
Palácios! Igrejas! Só se for para a hóstia ao Domingo.
Ah! E cultura, ou não fosse amanhã dia 13, é Fátima. Amen.
Saudações do Marreta.

Kaotica disse...

Ferroadas

Sabes, já estou num ponto em que acho que mais vale eles não se interessarem. Quando se interessam ainda podem fazer estragos maiores do que o tempo e o abandono.

Um abraço bem alentejano

Kaotica disse...

querida tb

Também já falámos em vocês. Podiam vir até cá dar uma passeata aos alentejos. Mas tem que ser para já que as férias já só duram pouco tempo. Digam coisas.

Beijos para vocês

Kaotica disse...

marreta

Se não te importares acho que vou colocar o teu comentário como post.

É isso tudo e muito mais, para o bem e para o mal. Até eu às vezes dou por mim a entrar no esquema e tenho que pôr um travão. Hoje ouvi dizer que se vendessem bostas de vaca no caminho, parávamos para comprá-las.

Um abraço

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