Composição: Sérgio Godinho
Tem ratos
Tem ratos
Tem ratos
Vivem escondidos
Nos nossos sapatos
Tem ratos
Vivem escondidos
Nos nossos sapatos
Roem-nos os dedos
Tem medos
Tem medos
Vivem escondidos
Nos nossos segredos
"Todo indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão, o que implica o direito de não ser inquietado pelas suas opiniões e o de procurar, receber e difundir, sem consideração de fronteiras, informações e idéias por qualquer meio de expressão."
Composição: Sérgio Godinho
Tem ratos
Tem ratos
Tem ratos
Vivem escondidos
Nos nossos sapatos
Tem ratos
Vivem escondidos
Nos nossos sapatos
Roem-nos os dedos
Tem medos
Tem medos
Vivem escondidos
Nos nossos segredos
No congresso do PS, Ana Gomes espera que haja abertura para ouvir vozes criticas e ainda que considere que nesta altura é muito importante obter uma convergência de pontos de vista, confessa sentir-se cada vez mais próxima do primeiro-ministro, José Sócrates.
Oiça Ana Gomes dizê-lo por sua própria voz
Jornalista Teresa Dias Mendes ouviu a posição de Ana Gomes
A socialista Ana Gomes mantém o espírito crítico e noutras circunstâncias talvez tivesse contribuído para redigir uma moção política alternativa, mas a crise exige a todos um esforço de convergência.
Ana Gomes que não vai, portanto, levar nenhuma moção ao Congresso do PS, confessa cinco anos depois que está muito próxima de Sócrates.
«Isso resulta da avaliação positiva que faço globalmente da acção do Governo e das qualidades que vi o primeiro-ministro José Sócrates ter e das competências que vi crescer ao longo destes anos de governação», considera.
… (ler tudo)
A Ana Gomes é conhecida por ter uma postura crítica e exigente mas o seu medo de perder o emprego de deputada na união europeia é tão grande que não lhe resta senão pôr-se publicamente de cócoras diante do primeiro-ministro e passar-lhe a mão pelo pêlo. São posturas que se assumem nesta vida e é preciso não esquecer as contingências da crise. Segundo a própria, “a crise exige a todos um esforço de convergência.” Por isso Ana Gomes não hesita em convergir e promete ficar quieta, deixar a sua postura crítica e exigente de lado, não apresentar moções e deixar passar, que é o mesmo que se deixar ir. Diz que “está (agora) muito próxima de Sócrates” (note-se que não é uma questão de sentir que Sócrates cada vez se aproxima mais dos seus pontos de vista e das coisas que diz defender)…! Não! Ela é que deixou as suas convicções de parte, fintou os seus princípios e prefere seguir o líder e defender a organização incondicionalmente, leia-se defender o seu tacho ou fazer-se ao piso para outro ainda melhor. É o que todos da sua laia estão a fazer neste momento.
Eis a deixa para chegar mesmo ao elogio e à bajulação: “avaliação positiva global da acção do governo”! “as qualidades que vi o senhor primeiro-ministro José Sócrates ter e das competências que (lhe viu) crescer”!
Avaliação positiva, Ana Gomes? O modo como o país está a responder à crise é disso exemplo: como avaliarão este governo todos os desempregados deste país?
Qualidades do primeiro-ministro? – ser mentiroso compulsivo, e teimoso, e arrogante, e peixeira, e puta ofendida, e tratante, e falsário, e ter esperteza saloia, e ser fingido, e ser vaidoso, e ser convencido e ser vendido e falso à nação.
Competências sim: de ministro do ambiente a engenheiro de sanitários com diploma reconhecido pela Universidade Independente, isso sim, todos as vimos crescer e também às falcatruas.
Dedico este poema à Ana Gomes e ao José Sócrates
A Jogatina
Maldito invento dum baronete
Que dos cruzados neto não é.
É mais terrível que o voltarete,
Que a vermelhinha, que o lasquinet.
Dá mais partido para o banqueiro
Do que a roleta, que o dá copioso,
Haver não pode, no mundo inteiro,
Jogo mais certo, mais engenhoso.
Praga maldita, praga danada,
Maior que todas as pragas do Egito.
Que esta cidade traz devastada,
Triste e delgada, como um palito.
Pobre cidade, pacata outrora
Que só jogava o burro, a bisca,
E mais a víspora; hoje a devora
A jogatina, que tudo arrisca.
Joga o velho, joga o moço,
Joga o menino, a menina,
Joga a parda do caroço,
Joga a dama papa-fina,
Joga o Saco-do-Alferes
E o fidalgo Botafogo,
Jogam homens e mulheres,
Todos jogam; tudo é jogo!
Joga-se à luz meridiana,
À do gás e da candeia,
Joga-se toda a semana
Sem receio da cadeia.
Joga-se tudo bem descarado,
Roleta, solo, truco, manilha,
Marimbo, pocker, roleta, dado,
E o sete-e-meio e a rapa-pilha.
Porém dos jogos, mil e quinhentos,
Que nos assolam com seus caprichos,
Figura impávida, aos quatro ventos,
O pavoroso jogo dos bichos.
Se tem virtudes, altas e belas,
Dizer bem pode muitos magnatas,
Alvins, Ribeiros e Cabanelas,
E outros ilustres bicharocratas.
Em balde a nossa fina polícia,
Que tem às vezes um bom capricho,
Emprega força, tino e malícia
Não lhe é possível "matar o bicho".
Um irmão meu, antes do 25 de Abril de 74 (antes de 74 quer dizer no tempo do fascismo), foi multado pela polícia dos costumes, por ter sido apanhado a dar um beijo à namorada, no jardim público. O filme já está de volta. A regulação do gosto e dos costumes pela cartilha moralista-religiosa veio para ficar.
Etiquetas: corrupção, ideologias, palhaçadas
Depois da censura às micro-imagens de mulheres desnudas no Magalhães do Carnaval de Estarreja a polícia de Braga apreendeu vários exemplares de um livro de pintura que na capa reproduzia um quadro de o pintor Gustave Courbet, por sinal exposto no Museu D'Orsay em Paris, por considerarem a imagem pornográfica, posteriormente rectificado por constituir um "perigo contra a ordem pública".
Esqueceram-se da pornografia que interessa combater; aquela que o crime compensa; a de se pagar uma multa de 5 mil euros por um crime provado de corrupção na forma tentada, na ordem dos 200 mil euros.
Publicada por Fernando em Terça-feira, Fevereiro 24, 2009
… até porque todos os dias se ouvem notícias obscenas de coisas reais que acontecem e que lixam com F bem grande a vida de muitos trabalhadores e das suas famílias, mas ninguém detém essa gente!
E também porque ninguém se lembra de fiscalizar e questionar esses negócios instituídos da mais pútrida pornografia: por todo o lado deparamos com esses anúncios de gente oferecendo sexo explícito nos jornais, nas revistas, na televisão, na internet, por todo o lado um convite mediatizado à mais mediática das prostituições, com chulos de intermédio como empresas de publicidade, fotógrafos, tipógrafos, e senhores dos jornais e da televisão, gente como o Pinto Balsemão e outros patrões que vivem inclusive da indústria do sexo (quanto ganharão no final essas mulheres?)…
... que maior pornografia quando um ministro vende lá fora a nossa força de trabalho equiparando-nos aos chineses e garantindo ainda melhores preços...
… e porque a mentira também é pornográfica como a estrutura do sistema capitalista, as sociedades secretas e os grupos de interesse e de pressão que negoceiam em escandalosos tráficos de influência o nosso futuro em tom de deboche, como se não fosse o presente e o futuro de pessoas de carne e osso que estão irremediavelmente a comprometer e a endividar.
Como se a atitude de certos dirigentes sindicais não fosse pornográfica quando mais facilmente pedem o bodo para os pobres à Igreja do que conduzem as massas a exigir em conjunto os seus direitos à permanência e à dignidade do trabalho e a defender os seus direitos anteriormente conquistados.
Courbet apenas pintou o corpo de uma mulher tal como ele é, sem castração moral, sem qualquer tipo de pudor, recriando-o como A Origem do Mundo. Mas na cabeça dos polícias apenas surge a identificação com o filme pornográfico visto ao serão, com as fotos das revistas e jornais, imaginando assim a menina da televisão que aparece a convidar para uma cambalhota. Para um polícia aquilo é muito real para ser um quadro. Courbet, o realista deve rejubilar se pode ver a cena lá onde está o seu espírito. Mas nós aqui sobre a terra só nos lembramos dos episódios dos Magalhães e daquela mulher horrorosa da DREN e das mentiras do Sócrates, da falta de cultura e de senso desta governação que nos vem assombrando, dos episódios caricatos a sucederem-se. E lá no fundo do nosso pensamento colectivo sentimos uma espécie de ameaça a minar, um bafiento cinzentismo a penetrar como um bolor antigo e a corroer toda uma sociedade.
A explicação do Calvin sobre o seu negócio da venda de limonada tem ressonância na actual concepção económica da indústria automóvel americana.
Curiosamente este cartoon tem cerca de 15 anos!
...
Dormia a nossa pátria-mãe tão distraída
sem perceber que era subtraída
em tenebrosas transacções
Seus filhos erravam cegos pelo continente
...
Chico Buarque sambando lindo, novinho e com aquele sorriso lindo que ele ainda conserva! Outros carnavais!
ou como até uma música de Carnaval pode ter uma mensagem certeira!
Ah grande Chico que até a sambar me surpreendes!
Abstraindo do brasileiro de Portugal da Geninha, o video vale pela presença, pela voz, pela beleza do artista! Obrigada Esperança que me fizeste encontrar este video perdido pelo YouTube.
Bom começo de Carnaval para todos!
P: Devo cortar a carne vermelha e comer mais frutas e vegetais?
R: Você precisa entender a logística da eficiência... .O que a vaca come? Feno e milho. O que é isso? Vegetal.
- Então um bife nada mais é do que um mecanismo eficiente de colocar vegetais no seu sistema. Precisa de grãos?
- Coma frango.
P: Devo reduzir o consumo de álcool?
R: De jeito nenhum. Vinho é feito de fruta. Brandy é um vinho destilado, o que significa que, eles tiram a água da fruta de modo que vc tire maior proveito dela. Cerveja também é feita de grãos. Pode entornar!
P: Quais são as vantagens de um programa regular de exercícios?
R: Minha filosofia é: Se não tem dor...tá bom!
P: Fritos são prejudiciais?
R: VOCÊ NÃO ESTÁ ME ESCUTANDO!!! ... Hoje em dia a comida é frita em óleo vegetal. Na verdade ficam impregnadas de óleo vegetal. Como pode mais vegetal ser prejudicial para você?
P: Flexões ajudam a reduzir a gordura?
R: Absolutamente não! Exercitar um músculo faz apenas com que ele aumente de tamanho.
P: Chocolate faz mal?
R: Tá maluco? !!!! Cacau!!!! Outro vegetal!! É uma comida boa pra se ficar feliz !!!
E lembre-se: A vida não deve ser uma viagem para o túmulo, com a intenção de chegar lá são e salvo, com um corpo atraente e bem preservado. Melhor enfiar o pé na jaca - Cerveja em uma mão - tira gosto na outra - sexo e um corpo completamente gasto, totalmente usado, gritando: VALEU !!! QUE VIAGEM!!!
Clique aqui para consultar o projecto e dar o seu parecer
Quando alunos e professores são obrigados a cumprir objectivos megalómanos que minam os programas antes ocupados com o ensino de textos literários de reconhecido valor, acrescidos agora de todo o tipo de textos não-literários...
Quando uma rebuscada terminologia linguística vem substituir a gramática normativa, minando a análise textual e contaminando o prazer da leitura...
Quando a alunos do 1º. e 2º. ano (1º. ciclo) em iniciação do processo da aprendizagem se exige que saibam usar dicionários e prontuários e outros absurdos saídos dos gabinetes...
Quando as obras canónicas da literatura são substituíveis por autores menores da literatura incluídos no Plano Nacional de Leitura por meros acordos e compromissos editoriais...
Quando tudo se faz sob a capa da melhoria da qualidade do Ensino e se incompatibiliza a qualidade com as práticas a que os novos programas obrigam, não prevendo a consolidação dos conhecimentos e o cruzamento do ensino da literatura com outras formas de cultura...
Quando um grupo de sábios credenciados mas afastados da realidade das escolas se presta publicamente a dar o seu aval a este projecto absurdo...
Quando o período de consulta pública é camuflado numa página da DGIDC, havendo certamente milhares de professores de Português que não foram tidos em conta para a elaboração do projecto...
Quando o período de consulta pública cessa no dia 22 de Fevereiro...
... torna-se urgente que todos aqueles que consideram o ensino da Língua Portuguesa e da Literatura imprescindível para a formação das novas gerações vão conhecer os Programas que o Ministério propõe, fazendo-lhe chegar o seu parecer.
A história do BPN é uma vergonha. Ainda não se sabe tudo, mas já percebemos que a morasca é grande. É tempo de levantar a voz da cidadania.
Sem condenar ninguém em antecipação, considero que a mentira de Dias Loureiro na comissão parlamentar de inquérito é motivo suficiente para exigir a sua saída do Conselho de Estado.
Por iniciativa própria ou sendo demitido por Cavaco.
Por isso assinei a petição e convido-vos a fazê-lo também.
Passem a Palavra
"Os cidadãos portugueses abaixo-assinados apelam ao ainda conselheiro Manuel Dias Loureiro que, a bem do bom-nome daquele órgão de soberania e da democracia e dando um sinal claro de que não vê o seu cargo como forma de protecção e que quer o cabal esclarecimento de todos os factos, se demita do Conselho de Estado.
E que, caso este teime em não o fazer, o Presidente da República, que o indicou para o cargo, deixe claro que este conselheiro de Estado já não conta com a sua confiança."
Caros
Esta declaração saiu de uma reunião de professores e educadores realizada no dia 11/Fev no Alto da Barra, em Oeiras, no âmbito do projecto Coordenação de Escolas de Oeiras/Cascais.
Acrescentaram-se as propostas de um grupo de professores que se reuniu no Barreiro, os quais apoiam e subscrevem esta declaração.
Propõe-se que seja lida, subscrita e divulgada junto de todos os implicados no processo educativo a fim de através dela se reforçarem e reafirmarem os princípios que assistem à defesa unida da Escola Pública portuguesa.
Pel' A CDEP
DECLARAÇÃO em defesa da "Marcha Nacional pela Educação" (leia AQUI)
Conferência de imprensa
Para apresentação da versão final do parecer preliminar do doutor Garcia Pereira sobre o Estatuto da Carreira Docente e o modelo de Avaliação do Desempenho Docente, mai’la questão magna dos Objectivos Individuais.
Estão todos convidados, imprensa e demais interessados. Embora a capacidade da sala seja limitada, o espaço envolvente é amplo, agradável e propiciador a amenas trocas de impressões.
Adenda: Refiro-me ao Altis da Rua Castilho, no quarteirão entre os cruzamentos com a Braancamp e a Barata Salgueiro. Não muito longe do edifício Heron Castilho, para os menos habituados à geografia política lisboeta .
( http://www.educar.wordpress.
Para ler no DESTAK a reacção da Ministra
Exmos. senhores directores dos jornais
CORREIO DA MANHÃ
e
24 HORAS
ASSUNTO: Pedido de esclarecimento.
Reportando-me às notícias publicadas pelos jornais em epígrafe, em 31.01.2009, sobre o
processo FREEPORT, venho pedir-vos que me esclarecessem, pois que, com os elementos
facultados, a confusão é enorme.
Refiro-me à mãe do sr 1º ministro, D. MARIA ADELAIDE DE CARVALHO MONTEIRO.
- Divorciada nos anos 60 de Fernando Pinto de Sousa, “viveu modestamente em Cascais
como empregada doméstica, tricotando botinhas e cachecóis…”.(Jornal 24 Horas)
Admitamos que, na sequência do divórcio ficou com o chalet (r/c e 1º andar) cuja fotografia
se reproduz (Correio da Manhã).
Admitamos ainda, que em 1998, altura em que comprou o apartamento na Rua Braamcamp,
o fez com o produto da venda da vivenda referida, feita nesse mesmo ano de
1998.
Ainda nesse mesmo ano, declarou às Finanças um rendimento anual inferior a 250€.
(Correio da Manhã), o que pressupõe não ter qualquer pensão de valor superior, nem da
Segurança Social nem da CGA.
Entretanto morre-lhe o pai (Júlio Araújo Monteiro) que lhe deixa “uma pequena fortuna,
de cujos rendimentos em parte vive hoje” (24 Horas).
Porque neste momento, aufere do Instituto Financeiro da Segurança Social (organismo
público que faz a gestão do orçamento da Segurança Social) uma pensão superior a
3.000€ (Correio da Manhã), seria lícito deduzir – caso não tivesse tido outro emprego a
partir dos 65 anos - que, considerando a idade normal para a pensão de 65 anos, a
mesma lhe teria sido concedida em 1996 (1931+ 65).
Só que, por que em
considerar que a partir desse mesmo ano (1998) desempenhou um lugar que acabou por
lhe garantir uma pensão de (vamos por baixo) 3.000€.
Abstraindo a aplicação da esdrúxula forma de cálculo actual, a pensão teria sido calculada
sobre os 10 melhores anos de 15 anos de contribuições, com um valor de 2%/ano e
uma taxa global de pensão de 80% .
Porque a “pequena fortuna” não conta para a pensão;
porque o I.F.S.S. não funciona como entidade bancária que paga dividendos face a
investimentos ali feitos (depósitos);
porque em 1998 o seu rendimento foi de 250€;
para poder usufruir em 2008 uma pensão de 3.000€, será porque (ainda que considerando que já
descontava para a Segurança Social como empregada doméstica e perfez os 15 anos para poder ter direito a pensão),
(3.750x80%=3.000).
Ora, como uma pensão de 3.000€ não se identifica com os “rendimentos “ provenientes
da pequena fortuna do pai, a senhora tem uma pensão acrescida de outros rendimentos.
Como em nenhum dos jornais se fala em habilitações que a senhora tenha adquirido,
que lhe permitisse ultrapassar o tal serviço doméstico remunerado, parece poder
depreender-se que as habilitações que tinha nos anos 60 eram as mesmas que tinha
quando ocupou o tal lugar que lhe rendeu os ditos 3.750€/mês.
Será possível que informem quais foram as funções desempenhadas pela referida
senhora, que lhe permitem agora receber tal pensão?
Eu só queria entender.
(recebido por mail)
Luís Reis Torgal
Professor Catedrático Aposentado de História Contemporânea da Universidade e Coimbra
VALE TUDO…!?
Sou historiador. Todavia, aprecio particularmente a ficção e não me preocupo que o teatro, o cinema ou a literatura criem “estórias” que, de forma assumida, alterem a história, para a interrogarem ou a criticarem.
Assim sucedeu, por exemplo, com o Cabaret da Santa, do companhia Teatrão, de Coimbra, numa co-produção luso-brasileira. Ali se evoca de forma humorística, entre o teatro brechtiano e a revista à portuguesa, vista à maneira brasileira, a chegada dos portugueses e de D. João VI ao Brasil e muito mais coisas, numa sucessão talvez excessiva (verdadeira rapsódia de cenas e de músicas), em interacção com o público, que se sente ora seduzido ora “enganado”, mas sempre entusiasmado.
Sobre Salazar, vi, já em posterior apresentação televisiva, Deus, Pátria e Maria, encenada, há alguns anos, no Teatro Maria Matos, da autoria de Maria do Céu Ricardo e com excelente interpretação de Márcia Breia. Mais recentemente, assisti a Férias grandes com Salazar, cujo original foi escrito pelo espanhol Manuel Martínez Mediero, apresentada pelo Teatro Nacional D. Maria II no pequeno Teatro da Politécnica.. E vi mesmo, sem me chocar, Salazar, The Musical, encenada no Teatro Villaret pelo inglês John Mowat. Independentemente de ter gostado ou não dessas peças, o certo é que se tratava também de ficção, estando bem definidos os planos da História e da “estória”, sem haver qualquer confusão.
O mesmo não se pode dizer desta Vida Privada de Salazar, apresentada em horário nobre pela SIC. A vida íntima consistia, nesta apresentação de pretensões históricas, sem nenhuma qualidade, em conduzir o espectador a passar da visão de um “Salazar austero” para um “Salazar licencioso”, onde tudo é permitido, desde que encha os olhos de um público estranhamente à espera da última tirada do “Chefe”, que governou este país, em ditadura, durante cerca de quarenta anos. Clara Ferreira Alves, num seu artigo do Expresso, em 21 de Março de 2007, dizia ironicamente: “Salazar é que está a dar”. E a cineasta Maria Medeiros, numa entrevista ao Jornal de Letras, em Junho de 2008, afirmou com desânimo: “Quando vou a Portugal choca-me a catadupa de livros, séries e produtos à volta de Salazar. Parece-me um absurdo. Nos outros países não há uma nostalgia assim de um ditador. Romantiza-se um período, ocultando o horror da tortura e da guerra”.
Na verdade, vale tudo, para que o produto se venda. Seja a Vida Privada de Salazar ou alguns livros que editores sérios deveriam ter vergonha de lançar no mercado, seja o concurso Grandes Portugueses, da nossa oficialíssima RTP, com a colaboração de muitos intelectuais da nossa praça, que colocou no pódio do “maior português de todos os tempos”… António de Oliveira Salazar!
Enfim, não é de admirar que, neste panorama — que nem sequer é apenas português —, se destruam a cultura, a indústria e o comércio nacionais, surja um desemprego nunca visto e se caia numa das maiores crises de sempre, com escândalos públicos e privados que todos os dias nos batem à porta. E ninguém parece lembrar-se que o fascismo surgiu de crises idênticas da democracia política e, sobretudo, de crises da democracia social e da ética, que alguns evocam só em momentos de puro oportunismo.
De resto, vale tudo…! Mesmo tudo!? Espero que, ao menos, nos reste um pouco de vergonha, de inteligência e de esperança para mudar o “sistema”, aprofundando a Democracia numa visão verdadeiramente Política e Social. Mas, para isso, é necessário uma outra Cultura. Esta é mesmo a hora da Cultura ou… a hora da incultura e do desespero.
Publicado in Diário de Coimbra, 11 de Fevereiro de 2009, Quarta-Feira, p. 9.
Uma utopia é uma possibilidade que pode efectivar-se no momento em que forem removidas as circunstâncias provisórias que obstam à sua realização. (Robert Musil)
Não ao novo Tratado europeu!
Revogação de todos os tratados!
Revogação do Tratado de Maastricht-Amesterdão,
Defesa e reconquista dos direitos e garantias
contidos nas legislações de cada um dos nossos países!