sexta-feira, fevereiro 29, 2008

boomtown rats _ dont like mondays

Músicas dançáveis da minha juventude (6)

quinta-feira, fevereiro 28, 2008

Dexys Midnight Runners - Come On Eileen

usicas dançáveis da minha juventude (5)

Auto-avaliação do desempenho

Kaos original

Apenas uma pergunta...

É em situações extremas que conhecemos as nossas próprias fraquezas.

Apenas uma pergunta em que te é pedido que respondas com sinceridade, e poderás auto-avaliar os teus princípios morais.

Trata-se de uma situação imaginária, porém deves decidir o que farias.

Estás em plena baixa de Lisboa, no meio do caos causado pelas cheias que
ocorrem em épocas de chuvas mais intensas. Tens a tua máquina fotográfica,
trabalhas para a "Time" e estás a tirar as fotos de maior impacto.

De repente, vês José Sócrates num carro, lutando desesperadamente para não ser arrastado pela corrente, entre destroços e lodo... No entanto, ele acaba por ser arrastado e tens a oportunidade de o resgatar, ou de tirares
a fotografia vencedora do Prémio Pulitzer, que te traria a fama e o reconhecimento mundial por mostrar a morte de tal personagem...

Com base nos teus princípios éticos e morais, responde sinceramente:

.

.

.

.


Tiravas a foto a cores ou a preto e branco?

(recebido por mail)

Qual facilitismo, qual quê!

Avaliação dos alunos - novas tendências pedagógicas

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QUESTÃO PROPOSTA:
6 + 7 =
----------------------------------------------------------------------------
RESULTADO APRESENTADO PELO ALUNO:
6 + 7 = 18
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ANÁLISE E AVALIAÇÃO DO PROFESSOR

ANÁLISE:

A grafia do número 6 está absolutamente correcta; O mesmo se pode concluir
quanto ao número 7;
O sinal operacional + indica-nos, correctamente, que se trata de uma adição;

Quanto ao resultado, verifica-se que o primeiro algarismo (1) está
correctamente escrito e corresponde de facto ao primeiro algarismo da soma
pedida.
O segundo algarismo pode muito bem ser entendido como um três escrito
simetricamente - repare-se na simetria, considerando-se um eixo vertical!
Assim, o aluno enriqueceu o exercício recorrendo a outros conhecimentos. A
sua intenção era, portanto, boa.
AVALIAÇÃO:
Do conjunto de considerações tecidas nesta análise, podemos concluir que:
A atitude do aluno foi positiva: ele tentou!
Os procedimentos estão correctamente encadeados: os elementos estão
dispostos pela ordem precisa.
Nos conceitos, só se enganou (?) num dos seis elementos que formam o
exercício, o que é perfeitamente negligenciável.
Na verdade, o aluno acrescentou uma mais-valia ao exercício ao trazer para a
proposta de resolução outros conceitos estudados - as simetrias - realçando
as conexões matemáticas que sempre coexistem em qualquer exercício...
Em consequência, podemos atribuir-lhe um "EXCELENTE" e afirmar que o aluno
"PROGRIDE ADEQUADAMENTE"

(recebido por mail)

quarta-feira, fevereiro 27, 2008

Talking Heads-Psycho Killer- Live!

Músicas dançáveis da minha juventude (4)

Dia dedicado à educação...

Não se se foi ontem a senhora ministra que me inspirou. Sei que hoje dediquei todo o meu dia à educação:

De manhã um encontro dentro da escola com uma professora para combinarmos em conjunto articular os conteúdos sobre sexualidade com uma sessão para os pais. Claro que a conversa depressa seguiu rumo livre para outros assuntos muito menos naturais: as palavras são como as cerejas e, quando se começa a falar das coisas uma mão lava a outra. Uma professora atenta, que também é mãe a falar com uma mãe atenta que também já deu aulas. Fizemos como a ministra aconselhou: simplificámos ou seja, descomplicámos o que se queria complicado. Quando duas pessoas dentro destes assuntos das novas políticas educativas se põem a conversar, depressa chegam às mesmas conclusões: estão a destruir a escola, os professores não estão a aguentar aplicar as normas absurdas que chegam às escolas em catadupas a meio do ano lectivo, os alunos estão a ser prejudicados. E isto diz respeito aos professores e diz respeito aos pais porque é sem respeito pelos alunos. Os conselhos executivos de algumas escolas já estão a aplicar as directivas, se forem dos cumpridores. Os representantes dos pais não foram convocados para um Conselho Pedagógico sobre avaliação do desempenho e atribuição de competências e, no Conselho Pedagógico seguinte já tudo mudou: o conselho está diferente; sairam uns, entraram outros: as competências foram atribuídas; a futura directora já tem tudo na mão: ali não haverá avaliação feita pelos pais, nenhum professor irá autorizar. A professora tenta pôr paninhos quentes: deve ter sido por esquecimento os pais não terem sido convocados, desculpa. É uma boa pessoa, conciliadora, disse que tinha compreendido muito bem as posições assumidas por quem representa os pais.

Tenho tanto receio de quem se diz "representante dos pais". Hoje comprei um livro, cujo título vai mal-impressionar muito boa gente: Pais Contra Professores, de Maurice T. Maschino. É muito útil, porque começa logo por definir gente da laia do Albino Almeida, para quem ainda não está advertido contra esta praga de malfeitores que se apossaram de uma estrutura democrática como era a CONFAP: «A escola será doravante um lugar em que são os pais a fazer a lei? Na maioria dos casos, sem dúvida não, mesmo que muitos deles, no ambiente actual, se sintam cada vez mais tentados a intervir ao arrepio de quaisquer normas, e de forma anárquica. O que seria certamente desagradável, e perfeitamente inadmissível, mas não traria grandes danos à instituição, se estas reacções individuais não fossem encorajadas, retomadas e amplificadas por grupos que se arrogam o direito de falar e de agir em nome de todas as famílias. Esta impostura -- de que a maioria dos pais nem sequer suspeita, mas que os poderes públicos encorajam -- contribui em grande medida para desqualificar a escola enquanto lugar de estudo e de aprendizagem de saberes. Na verdade é um abuso de linguagem falar dos pais. E abuso de poder ao pretender manifestar-se em seu nome."

Confesso que mais lá para a tarde só me apetecia ser feliz. Por isso lá fui eu participar num colóquio sob o tema "Educação para a felicidade" e não é que lá fui encontrar uma sala cheia de professores, perdão, professoras, que a quota masculina só se reduzia a um -- será que os homens não acreditam na felicidade? E os professores ainda acreditam ou são levados a acreditar? Pensei: bela acção esta, mesmo a propósito, logo no dia a seguir à entrevista da ministra... vamos lá a contar as boas experiências, ajustemos o foco de mineiro e iluminemos apenas o que bem que queremos ver. Mas não será uma visão tubular, redutora? E o que está mesmo mal? Não nos devemos centrar no que está mal, devemos pensar no que está pior para nos sentirmos felizes com o mal que temos. Aleluia, meu irmão. Até havia umas rezas para o dia a dia ( e contra a ministra, nada?). No final terapia do riso para aliviar tensões e partir para casa bem disposto, expurgado de todo o mal, pronto para enfrentar a burocracia da escola com um sorriso nos lábios (Sorria, está a ser avaliado!). Mas quem disse que queremos nos livrar das tensões agora? Para isso já bastam certas manifestações que só servem para tirar a pressão da panela... Vim embora antes da terapia: agora queremos estar em tensão, reunir toda a tensão para gritar bem alto, unidos, nas manifestações que aí vêm e não deixar que a pressão se escape da panela. Cerrar fileiras e só parar depois da retirada absoluta das políticas educativas mais absurdas que o capitalismo internacional em desespero alguma vez forjou. Não queremos esta ministra porque não queremos estas políticas porque não queremos obedecer aos prazos da união europeia para destruir a escola pública, porque não queremos este sistema. Cumprir é pactuar com a estratégia internacional capitalista de destruir a escola pública. Portugal romper com esse sistema: isso sim me deixaria muito feliz, senhores psicólogos educacionais.

À noite, reunião política, para discutir... política e educação, pois, meus caros amigos, quer queiramos quer não isto anda tudo ligado.

terça-feira, fevereiro 26, 2008

Peter Gabriel - Solsbury Hill (1977)

Músicas dançáveis da minha juventude (3)

segunda-feira, fevereiro 25, 2008

Joe Jackson - Sunday Papers

Músicas dançáveis da minha juventude (2)

domingo, fevereiro 24, 2008

Internet Digna

Rifão Quotidiano


Uma nêspera

estava na cama

deitada

muito calada

a ver

o que acontecia



chegou a Velha

e disse

olha uma nêspera

e zás comeu-a



é o que acontece

às nêsperas

que ficam deitadas

caladas

a esperar

o que acontece


Mário-Henrique Leiria

Patti Smith's

Desafio "6 músicas dançáveis" da minha juventude (1)

Resposta tardia ao desafio musical das 6 músicas "dançáveis" da minha juventude

O amigo Marreta lançou-me há dias um convite musical (mais outro!). E, lá está, como é "musical" não posso recusar. Facto é que, nestes últimos dias, tenho andado muito ocupada, de tal forma que nem música tenho ouvido! Há para aí um governo que abana por todos os lados. Andam por aí umas movimentações por todo o país. Até já se fala numa "crise social de contornos difíceis de prever".
Por isso não dá para ficar muito tempo sentada diante de um blogue. Há certos momentos em que parece que se dá uma espécie de contágio e começa tudo a mexer-se. Está a acontecer com os professores, com os pais e pode ser que vá por aí fora e ninguém mais consiga deter o processo.

Mas, enquanto isso, mesmo cansada de vir tarde e a boas horas de uma dessas lides, vou responder ao desafio das músicas "dançáveis" um pouco cá à minha maneira, o Marreta que me perdoe.

A partir de hoje, durante seis dias vou postar os videos de algumas das músicas dançáveis dos "bons velhos tempos", assim eu os encontre no YOUTUBE.

E a ideia até me deixou com a vontade aguçada para ir uma noite destas dar um pézinho de dança ao velhos Jamaica, onde ainda se pode dançar as mesmas músicas que por lá se dançavam há... 20 anos atrás (chiça!) e também apreciar uma boa cigarrada sem ser incomodado pelos fundamentalistas da vida saudável (uma maioria de iludidos, daqueles que querem morrer cheios de saúde!).

Toca a mexer!

quarta-feira, fevereiro 20, 2008

Este desafio... é música para os meus ouvidos:


A pedido da Renda de Bilros…

"Tenho que confessar as músicas que eram especiais na minha adolescência"

Ainda antes do 25 de Abril ouvia no rádio A Banda, cantada no sotaque doce do Chico, e ficava encantada de haver música para além dos “nossos” Antónios que também passavam na altura no rádio (António Calvário, António Mourão e outros que não sendo Antónios eram tão Antónios quanto estes); isto ainda na fase a que chamamos hoje a "pré-adolescência":

http://www.youtube.com/watch?v=wFPPawLq_5Q

Podem não acreditar mas quando andava na preparatória, convidei os meus colegas para a minha festa de anos lá em casa. Juntaram-se 3 e perguntaram-me o que é que eu queria que me oferecessem. Resposta: o “Animals” dos Pink Floyd (infelizmente o meu irmão era mais velho, tinha dinheiro e, naquela altura, mandava vir de Londres os discos que por lá iam saindo, por isso eu ficava sempre com os segundos discos: ele tinha o Darkside e o Wish you were here; eu tinha o Animals. Ele tinha o A Night at the Opera; eu tinha o A Day at the Races. Ele tinha o Crime of the Century; eu tinha o Crises What Crises? – uma injustiça!) O que vale é que os ouvia depois a todos no psicadélico quarto dele, às escuras, com focos às cores e em altos berros, como convinha. Ainda hoje adoro a música dos Pink Floyd!:

http://www.youtube.com/watch?v=CydPIf3b-Mc&feature=related

Depois veio o 25 de Abril e com ele uma lufada de ar fresco na música portuguesa. Nesta fase cheguei a ouvir no Rádio Clube um Canto Livre em directo em que o Sérgio Godinho democraticamente perguntava aos que lá estavam: “Querem ouvir o Paco Bandeira? Ele está aqui para cantar para vocês” e ouvia-se a pequena multidão: “Nããããããooooo!” E o Paço Bandeira metia a viola no saco e ia para casa. Dessa época podia citar de cor, como ainda hoje as sei de cor, muitas músicas do pessoal das cantigas, mas vou dedicar este espaço musical ao Zeca Afonso porque ele foi até ao fim um dos grandes animadores e a sua mensagem está hoje bem viva e actual:

http://www.youtube.com/watch?v=2yZkC3YCU20

Como toda a gente passei pela fase romântica num tempo em que os slows ainda estavam na moda nas festas de garagem. Tive sorte: vivia numa vivenda com garagem e a festa era em minha casa. Sorte de eu ter um irmão sete anos mais velho que adorava música e que me dava a conhecer a boa música de todas as épocas. Sorte de eu, apesar de mais nova do que aquela gente toda, poder estar presente nas festas e, apesar de ser a “chavalinha nova” ser quase sempre convidada para dar um pezinho de dança, sempre com muito respeitinho por ser a mana mais nova do dono da festa. Era o tempo dos lugares comuns e esta música é um marco para essa geração onde ainda havia tempo e paciência para a arte da conquista através dos slows:

http://www.youtube.com/watch?v=IGiZWHL6wD0

Depois, em plena adolescência tive os meus momentos de revolta. Chegava a casa de cabeça cheia e queria era fechar-me no meu quarto para ninguém me partir a cabeça. Aí era inevitável a “violência”: ouvia bem alto os Ramones, os AC/DC, os Sex Pistols e agora à distância penso que era um verdadeiro bicho do mato para o pessoal lá de casa; e ainda me dava ao luxo de chamar “betinho” ao mano velho por ele continuar a ouvir boa música de todos os géneros: até os Bee Gees! Não havia eu de ser a ovelha negra da família! Havia em especial uma música que me dava vontade de partir coisas, não me perguntem porquê… mas nunca parti nada, apenas pensava nisso:

http://www.youtube.com/watch?v=BD6v-cSbrpc

Claro que pouco depois voltei a acalmar, embora continue a gostar destas coisas todas. Tive a fase do jazz, e a fase da música francesa, principalmente remexendo nos LPs antigos que havia lá por casa dos meus pais. Hoje em dia sou uma confluência de estilos e de épocas, até de música clássica eu gosto. Por isso quando me perguntam se gosto de música respondo: sim, de BOA música!:

http://www.youtube.com/watch?v=b5WVkl_f7_E

Mas às vezes dou por mim a saber de cor e a cantar as músicas que a minha filha (pré-adolescente) ouve na Rádio Cidade, algumas, muito poucas (aqui para nós: quase nenhumas!). Por isso volto sempre às MINHAS músicas:


Passo o desafio aos autores dos seguintes blogues:

segunda-feira, fevereiro 18, 2008

Peter Gabriel - Here Comes The Flood

Inventário Marítimo



Inventário Marítimo
(Letra JP Simões, música Sérgio Costa)


Os vermes, os gatos, os carros, os prédios, a espera, os pátios, os jogos, as lutas, os brutos, as pátrias, as sombras, os vultos, os estranhos, os mártires, os dias, as horas, as praças, os copos, os olhos, a íris, os beijos, a casa, a noite e os cacos, poemas e factos, os fados sem tema, o tempo quebrado, a dor, o dilema: no fundo do mar. Lisboa, Lisboa, Lisboa: Lisboa no fundo do mar. Um dia, quem sabe, se homens, se aves, alguém virá para te encontrar de ruas abertas, desertas, cobertas por sombras azuis e corais, num silêncio terno, eterno, imenso, de fachadas desiguais, de náufragos dias, saudades de pedra. Quem te vir assim, esquecida no mar, irá procurar-te a vida. E se então sonhar um tempo de amor, talvez pense em nós: querida.

E depois da cheia...

Lisboa: cheias de 1967

Comecei a ver o programa em estreia da Maria Elisa Depois do Adeus. Era sobre as cheias que ocorreram em Portugal em 1967, 1983 e a outra mais recente, parece que ocorrida em 2006, se não estou em erro. Das de 1983 lembro-me eu bem, guardo a imagem da estação de comboios de Algés repleta de água e da aventura de ter que pernoitar em casa de amigos, vendo os rios de água correndo na direcção do Tejo.

Às tantas Helena Roseta chamou a atenção para a questão de se continuar a construir subterraneamente em Lisboa e do que isso revela em termos da mais completa falta de bom senso. Exactamente o que já várias vezes eu disse a algumas pessoas: é completamente irresponsável construir para baixo em Lisboa, não só devido ao elevado risco sísmico mas também porque Lisboa está sujeita à subida do Tejo e construída sobre cursos de água que deviam poder fluir naturalmente consoante as marés e as subidas e descidas do Tejo, além de já ter sido vítima de um tsunami no terramoto de 1755.

Entretanto as nossas sumidades da arquitectura, engenharia e construção, na sua hybris modernaça, aliada à raçuda esperteza saloia, consideram-se pertencentes à primeira raça de imortais, desafiando as forças da Natureza e ignorando as lições da História.

Uma vez levaram-me ao Parque de Estacionamento do Largo do Camões: cinco andares sempre a descer por ali abaixo em curvas apertadas por entre betão já riscado pelas arranhadelas dos hábeis automobilistas, tal é a estreiteza. Obra certamente inspirada por igual estreiteza de ideias ou então talvez pelas habituais "razões económicas", que geralmente se traduzem em fazer as obras mais baratas para as declarar muito para além do orçamento inicial e, meter o dinheiro ao bolso de toda uma corja de patos bravos, engenheiros, arquitectos, fiscais e outros bandidos que tais. Se um dia há qualquer coisa, nem precisa de ser tão grande como outras que já aconteceram, aquilo em segundos converte-se numa tumba de betão e chapa. Nunca mais lá voltei, nem tenciono. E este é apenas um exemplo.

Não é que tenha medo da morte, embora uma morte macaca dessas não convenha a ninguém. Tenho é muito medo da estupidez que é causa da perda e da desgraça alheia. E a estupidez, no tempo de Salazar como no de Sócrates, continua protegida e reinante no nosso país!

Capitalismo: Perguntas de um Trabalhador que Lê

clicar na imagem para aumentar

PERGUNTAS DE UM TRABALHADOR QUE LÊ

Quem construiu a Tebas de sete portas?
Nos livros estão nomes de reis.
Arrastaram eles os blocos de pedra?
E a Babilónia varias vezes destruída--
Quem a reconstruiu tanta vezes? Em que casas
Da Lima dourada moravam os construtores?
Para onde foram os pedreiros, na noite em que
a Muralha da China ficou pronta?
A grande Roma esta cheia de arcos do triunfo
Quem os ergueu? Sobre quem
Triunfaram os Cesares? A decantada Bizâncio
Tinha somente palácios para os seus habitantes? Mesmo
na lendária Atlântida
Os que se afogavam gritaram por seus escravos
Na noite em que o mar a tragou.
O jovem Alexandre conquistou a Índia.
Sozinho?
César bateu os gauleses.
Não levava sequer um cozinheiro?
Filipe da Espanha chorou, quando sua Armada
Naufragou. Ninguém mais chorou?
Frederico II venceu a Guerra dos Sete Anos.
Quem venceu além dele?

Cada página uma vitória.
Quem cozinhava o banquete?
A cada dez anos um grande Homem.
Quem pagava a conta?

Tantas histórias.
Tantas questões.

Bertold Brecht

(por sugestão da Maria Lisboa, sempre atenta, sempre culta!)

Dificuldade de Governar

1.

Todos os dias os ministros dizem ao povo

Como é difícil governar. Sem os ministros

O trigo cresceria para baixo em vez de crescer para cima.

Nem um pedaço de carvão sairia das minas

Se o chanceler não fosse tão inteligente. Sem o ministro da Propaganda

Mais nenhuma mulher poderia ficar grávida. Sem o ministro da Guerra

Nunca mais haveria guerra. E atrever-se ia a nascer o sol

Sem a autorização do Führer?

Não é nada provável e se o fosse

Ele nasceria por certo fora do lugar.

2.

E também difícil, ao que nos é dito,

Dirigir uma fábrica. Sem o patrão

As paredes cairiam e as máquinas encher-se-iam de ferrugem.

Se algures fizessem um arado

Ele nunca chegaria ao campo sem

As palavras avisadas do industrial aos camponeses: quem,

De outro modo, poderia falar-lhes na existência de arados? E que

Seria da propriedade rural sem o proprietário rural?

Não há dúvida nenhuma que se semearia centeio onde já havia batatas.

3.

Se governar fosse fácil

Não havia necessidade de espíritos tão esclarecidos como o do Führer.

Se o operário soubesse usar a sua máquina

E se o camponês soubesse distinguir um campo de uma forma para tortas

Não haveria necessidade de patrões nem de proprietários.

E só porque toda a gente é tão estúpida

Que há necessidade de alguns tão inteligentes.

4.

Ou será que

Governar só é assim tão difícil porque a exploração e a mentira

São coisas que custam a aprender?

Bertolt Brecht

domingo, fevereiro 17, 2008

Referendar o Tratado na Irlanda vai ser PIM PAM PUM!


Irlanda referenda Tratado de Lisboa em Maio ou Junho

O referendo na Irlanda ao Tratado reformador da União Europeia (UE) vai realizar-se entre finais de Maio e meados de Junho, anunciou o primeiro-ministro irlandês, Bertie Ahern, numa entrevista televisiva.

«Salvo alguma alteração, que não posso prever de momento, estamos a falar do final de Maio ou até meados de Junho, antes do início da época de férias», disse Ahern à televisão irlandesa RTE.

O primeiro-ministro irlandês, cujo país deverá ser o único dos 27 a referendar o chamado Tratado de Lisboa, disse que marcará a data assim que ficar esclarecido se a consulta será exclusivamente sobre o tratado.

Esta questão tem sido polémica na Irlanda, depois de o governo ter informado que estava a avaliar a possibilidade de referendar o tratado em simultâneo com a primeira de duas consultas populares sobre direitos das crianças.

A hipótese foi rejeitada por várias organizações de defesa dos direitos das crianças e pela própria Provedora da Criança, Emily Logan, que pediram a junção dos dois referendos sobre a infância numa única data e o referendo ao Tratado noutra.

Segundo analistas, a ideia de juntar crianças com Tratado visa aumentar o número de votantes para assegurar uma validação do referendo ao Tratado de Lisboa, num país em que os eleitores rejeitaram em 2001 o Tratado de Nice, actualmente em vigor, num primeiro referendo, vindo a alterar a sua posição numa segunda consulta.

O Tratado reformador da União Europeia (UE), assinado pelos líderes europeus a 13 de Dezembro em Lisboa, deverá ser ratificado por via parlamentar por todos os Estados-membros, à excepção da Irlanda, cuja Constituição impõe o referendo.

Até agora, o Tratado de Lisboa, que visa melhorar o funcionamento da UE e reforçar o seu peso político no mundo, já foi ratificado em cinco países, por via parlamentar: Hungria, Eslovénia, Roménia, Malta e França.

Diário Digital / Lusa
12-02-2008 18:14:00
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Na Irlanda referendar o "Tratado de Lisboa" vai ser como limpar o cú a meninos. Por isso, e porque quem tem cú tem medo, os governantes estão a pensar numa estratégia de levar mais gente a participar no referendo, não vá o diabo tecê-las e aparecerem para votar só os mesmos que em tempos rejeitaram o Tratado de Nice. Eis um exemplo que mostra que, mesmo no caso de haver realização de referendo (o que só acontece na Irlanda e apenas por ser obrigada pela Constituição), há sempre o risco de se encontrarem estratégias para influenciar o modo como o referendo é feito, encontrando-se estratégias para manipular a população da forma que melhor convir aos dirigentes europeus. Diga-se de passagem que era mesmo lindo ver o tratado a ser rejeitado pelo referendo da Irlanda, mas isso está longe de acontecer. Lá teriam eles que arranjar pretextos para fazerem o mesmo que fizeram com o Tratado de Nice: se não passa à primeira, há-de se arranjar uma qualquer estratégia manhosa de o fazer aprovar à segunda!


OS SOCIALICIDAS

«Vai por aí algum alvoroço com as declarações de Manuel Alegre sobre as derivas do PS. O PS já nasceu com derivas: basta atentar nos seus fundadores. Provinham, quase todos, do antifascismo, mas ética e ideologicamente eram diferentes. De católicos "progressistas" a ex-comunistas, até republicanos de traça jacobina, o PS foi, quase, um trâmite freudiano de adolescentes contra os pais. O que os impediu de compreender as mitologias da social-democracia, esta mesma diversamente interpretada e opostamente aplicada nos países escandinavos. Provinham de uma leitura catequista do marxismo, caldeada na experiência da República de Weimar. Quando, no PREC, se gritava: "Partido Socialista, partido marxista!" - a exclamação estava a mais. A interrogação seria mais apropriada. O estribilho ficou mudo, quando Willy Brandt mandou dizer que as estentóricas frases eram estranhas à teologia do "socialismo democrático". Por essa época, Manuel Alegre, numa entrevista que lhe fiz, disse, dramático, que "a social-democracia era a grande gestora do capitalismo". Goste-se ou não dele, a verdade é que nunca foi ambidextro na forma de protestar. Na realidade, há muitíssimo poucos socialistas no PS; no Governo, parece-me que nenhum. Observo aquelas figuras, marcadas por uma espécie de misticismo barroco, e pergunto-me: que tem feito pelo País esta gente de manejos burocráticos e de cerviz dobrada ante o Príncipe? Nada. Pior: tem cometido o mais condenável de todos os crimes - o socialicídio. Não é de agora, o delito. Com José Sócrates, socialista de ocasião, propagandeou-se a "esquerda moderna" como justificação de todas as malfeitorias ideológicas, sociais, morais e éticas. Mas ele resulta de uma génese política malformada. As "tendências" no PS, desenvolvem-se, exclusivamente, com palavras e frases protocolares. E os poucos que pertencem a uma genealogia oposta são marginalizados ou tidos como anacronismos. Há, nesta gente, falta de garra, de honra, de competência, de credibilidade, de integridade, de vergonha. Trabalhadores precários: 1 700 000. População empregada: 5,2 milhões de pessoas. Desempregada: cerca de meio milhão. Dois milhões de portugueses na faixa da pobreza. São conhecidos os vencimentos escandalosos, as mordomias, as pensões de reforma não apenas no "privado" como no "público". O regabofe na sociedade portuguesa é mais do que revoltante. O PS é uma desgraça. O Governo "socialista" uma miséria. E ambos têm de saciar imensos e sôfregos apetites. Manuel Alegre repetiu o que se sabe - e que só o não sabe quem o não quer saber. Afinal, pouco se ambiciona do PS: apenas um bocadinho de socialismo.»

Baptista-Bastos
escritor e jornalista

b.bastos@netcabo.pt


http://dn.sapo.pt/2008/02/13/opiniao/os_socialicidas.html

sábado, fevereiro 16, 2008

Des(informação) em Directo: Uma bota e três capachos

Todas as semanas, a SIC Notícias mostra o que vai ser a edição semanal do Expresso. A excelência do jornalismo, em antecipação, com Ricardo Costa, Nicolau Santos e alguns convidados semanais.

Expresso da Meia-noite, SIC NOTÍCIAS

Imagem (genericamente modificada) retirada do Kaos (ler texto)

Lamentavelmente esta semana só lá estava o Nicolau no país das maravilhas; tivemos pena, fez-nos falta o mano Costa pois apreciamos sempre confirmar as nossa suspeitas de que a informação anda manipulada e gera-se no seio da mais completa fraternidade com os governantes.

Que melhor exemplo de fraternidade deste conluio a que hoje assistimos? Falou a senhora ministra e logo uma chusma de oportunistas se lança no atropelo da apropriação mais vil da representatividade que se podia imaginar num debate que, por ser sobre o Ensino, devia dar bons exemplos: vem o presidente do Conselho das Escolas, Álvaro Almeida dos Santos, e diz: “nós, escolas”. Claro que este chamado “Conselho das Escolas" foi escolhido a dedo e formado às pressas pelo Ministério da Educação para ter um conselho-fantoche a falar pelas escolas do país; e o Nicolau continua a dar as deixas: “deixe-nos ouvir a voz dos pais”:

Entra o Albino, the Voice, na discussão (que discussão? ali não há discussão, estão todos formatados para dizer a mesma coisa e defender as mesmas políticas do ensino) e nós pais coramos de vergonha por estarem a usar a nossa qualidade de sermos pais para dizer tanta enormidade, para descer tão baixo e se pôr perfeitamente de cócoras diante da ministra. Tanto yes, minister sem o toque british, embora evoque o modelo inglês (sim, já sabemos que estas leis fazem parte de um plano maior, que imitam o modelo inglês que por sua vez imita o americano, já sabemos que o ataque é global e vem em pílulas da união europeia para destruir o próprio conceito de escola pública em nome das leis do mercado e que o objectivo último é a privatização do ensino. Quem sabe nessa altura alguns pais não poderão comprar escolas e ser donos do ensino. Talvez até possam depois dispensar os professores e tomar o seu lugar na atribuição das notas). Apenas lhe reconhecemos a esperteza saloia naquelas falas, num atropelo de palavras decoradas dos programas do ministério da educação. Um crápula que usa o bom nome de uma estrutura associativa, a CONFAP, tomada de assalto por estes pulhas, que usurpam os apoios financeiros não os distribuindo por toda a organização que encabeçam, como é sua obrigação, deixando sucumbir a estrutura que suporta a CONFAP (sem essa estrutura a CONFAP simplesmente não existe, é a voz de falsete do senhor Albino). Corta-se assim as ligações ao verdadeiro movimento associativo que ainda existe, ignorando-o e ousando falar em nome dessa estrutura de pais organizados e conscientes que só podem repudiar esta falsa representação: diz sem vergonha que tem sob a sua alçada "1800 federações" mas não as consulta, antes recruta entre os seus contactos pais da sua laia, oportunistas, que não se encontram organizados, acenando-lhes falsas promessas de cargos: “muitos pais estão já a ser contactados para vir a ser os futuros presidentes dos Conselhos Gerais”. Uma vergonha!

Além disso o Albino veio reafirmar que o que os pais querem é ver resultados: os alunos mesmo maus devem ter a oportunidade do sucesso. Diz o próprio Albino que os professores estão afogados em trabalho e por isso podem muito bem deixar para os pais essa tarefa de avaliar os alunos. É que, segundo o Albino há esta incompatibilidade de os professores verem alunos onde os pais vêm filhos. Por isso é tão importante serem estes a garantirem-lhes o sucesso, participando activamente na avaliação, ou seja, dê lá por onde der os filhos têm é que passar de ano, sejam bons ou maus alunos, para tal bastará que os pais tomem os órgãos de decisão da escola de assalto.

O jornalismo hoje é tão reles, que não nos admirámos nem um pouco da vileza dos convidados para o debate, nem que a FENPROF não estivesse presente. Que os media andam manipulados não é novidade, mas realmente é escandaloso. A FENPROF tem questionado activamente todas a contra-reforma do Ministério da Educação usando os meios legais ao seu alcance para deter o processo de destruição a que está a ser submetida a escola pública (4 providências cautelares), o que no mínimo é um assunto quente. Mas afinal quem aparece é a FNE, a chamada UGT dos sindicatos dos professores, que não deseja senão fazer pequenos ajustes no processo em curso. Não diz que o ataque não pode ser feito mas que o ataque deve ser bem feito, devendo-se “reforçar a autonomia”. Para este senhor a autonomia deve efectivar-se e não ficar pela retórica dos políticos. Vem vender o seu peixe miúdo: “para haver autonomia tem que haver condições: tem que haver meios humanos” (mão de obra) “e financeiros” (ó Abreu, dá cá o meu!) e toca para a frente que a educação é o que aqui menos importa. Chama-se a isto negociação sindical e, claro, teve que fazer o seu papel para enganar a classe que se deixa enganar por estes discursos, dizendo que os professores são centrais nas escolas e que a gestão colegial que lá está instalada já tem as suas lideranças fortes, para quê vir outra gente tomar o poder? Afinal o que todos mais precisam as escolas é de lideranças fortes, aqui não se trata de educação, trata-se de gestão. Aqui também estão todos estão de acordo, até o Secretário-Geral da FNE, João Dias da Silva, professor (em que escola?) em representação dos professores (lembro que quem não se sentir retratado pode sempre mudar de sindicato, nem que seja para outro que esteja a fingir melhor defender direitos dos professores em vez apenas dos seus interesses de negociata!), leu a mesma cartilha. Para ele desde que se façam uns pequenos ajustes, uns joguinhos de tira daqui para dar acolá, tudo faz sentido. Deve ser um dos que vieram agora defender que os alunos 11 horas na escola é uma coisa boa, desde que dê emprego a mais professores...

Para a sinistra Ministra, com a presença radiosa a que sempre nos habituou, tudo isto é muito simplex de resolver, os professores é que complicam, são um entrave, quem lhe dera poder fazer uma escola sem professores. Mas não faz mal, reúne uns tantos presidentes de conselhos executivos, dá uma geral, dita as suas normas, rígidas, claro, “o exercício é difícil, é exigente, é preciso simplificar” e toca a despachar paletes de normativos, tudo para simplificar, “com sistemas e processos iguais em todas as escolas”, para reforçar a autonomia (!) e é vê-las melhorar, sem stresses, os professores complicam muito, “é necessário descomplicar, vamos trabalhar no sentido de simplificar”, faz parte da rotina, os professores têm que “desdramatizar, não trabalhar sob o medo e as angústias” (aqui só gostava que a televisão fosse mesmo interactiva e que fosse passando em rodapé todos os nomes feios chamados em simultâneo a tamanha aberração). A ministra ocultou o pormenor que vai ter o queijo e a faca na mão: se os directores não dançarem conforme o Ministério toca ele reserva-se o direito de os exonerar. Só disse que eles vão ser avaliados e que podem estar tranquilos que o Ministério vai “distinguir e premiar as boas práticas”. Claro que para a ministra “a excelência não se distribui” (aliás estava de férias quando os pais fizeram a criatura) , pelo que “não podemos admitir que haja 70% de pessoas excelentes e 30% não excelentes, o contrário é que é o normal”. Ou seja, a excelência vai ser como as quotas: se numa escola mais de 30% dos professores forem excelentes, isso não é normal, logo se impõe arranjar alguns bodes expiatórios e mandar que se lhes baixe a excelência. Para isso será útil contar com os professores avaliadores, que por sua vez também serão avaliados pelo(a) senhor(a) Director(a) que se limitará a fazer aplicar as normas ministeriais. Será por estar a formar toda uma equipa de paus mandados que qualificou publicamente os professores de “professorzecos”? Realmente correm o risco de se tornar desprezíveis os seres que aceitam não serem excelentes em troca de serem meros cumpridores de ordens e de normas. Como pode esta bruxa continuar à frente da Educação depois disto? Que tacto tem ela para lidar com a classe dos docentes? Esta bota só se pode debater mesmo é com capachos destes a fazer-lhe frente. Mas qual fazer-lhe frente? Neste debate ninguém fez frente a ninguém, todos trocaram os seus sorrisos cúmplices. Como tantos outros a que temos assistido, este debate não foi feito para discutir os problemas do ensino, este debate foi só para num momento de grande contestação um simulacro das várias partes implicadas no processo educativo virem dizer em uníssono “yes, minister”! E que coincidência jornalística tudo isto se passar nas vésperas do senhor engenheiro ir encontrar-se com os senhores do seu partido para os convencer que o Ensino está no bom caminho!



sexta-feira, fevereiro 15, 2008

Euro-marionettes de Bilderberg ou a ditadura do défice

(...) Agora, falando a sério, e, embora eu não acredite minimamente em qualquer notícia que me seja passada de bandeja de abertura de telejornal, a ter-se verificado esse tal acréscimo do P.I.B., o custo moral, amoral e imoral da coisa foi de tal ordem que me não recordo de coisa parecida. Obviamente, os fins justificam os meios, como diria -- não diz, mas pensa... -- a "marionette" de Bilderberg, que, em nada, se mostra preocupada com haver generais a poderem vir afirmar, em público, coisas como estas. (...)


Sarkozy I: Ditador do "Tratado de Lisboa"

Sarkozy: foto oficial (retirada daqui)

«O golpe de Estado de Sarkozy»

artigo de Isabel Meirelles

Jornal de Negócios

(ler aqui)

PETIÇÃO PELO REFERENDO AO TRATADO DE LISBOA

Assine a Petição

Exmo. Senhor Presidente da Assembleia da República

O Tratado de Lisboa, também designado como Tratado Reformador, marca um momento decisivo na história dos cidadãos europeus. Mas a quase totalidade das pessoas desconhece o Tratado que lhes determinará muito da sua vida.

A nós, portugueses, foi prometida informação, esclarecimento e possibilidade de escolha. Foi prometido no programa eleitoral do Partido Socialista e solenemente reiterado no Programa de Governo. E o prometido é devido!

Os portugueses têm o direito a conhecer e a escolher o que determina as decisões fundamentais. Aquelas que têm a ver com a política monetária, com implicações no emprego e nas políticas orçamentais, com a protecção ambiental e a identidade marítima do país, com soluções de paz para conflitos internacionais.

Queremos que se cumpra a promessa do referendo e que cada eleitor exerça o seu direito democrático de dizer sim ou não.

Assim, cumprindo os preceitos constantes da Lei Orgânica do Regime do Referendo, Lei 15-A/98 de 3 de Abril, propomos a realização de um referendo sobre algumas das matérias fundamentais do Tratado de Lisboa com as seguintes três perguntas:

1.Concorda que a gestão dos recursos biológicos do mar seja uma competência exclusiva da União Europeia?

2.Concorda que o Parlamento Europeu não possua nenhum mecanismo de tutela sobre o Banco Central Europeu (BCE), de forma a influenciar a condução da sua política monetária?

3.Concorda que os Estados-membros reforcem progressivamente as suas capacidades militares, no âmbito dos compromissos com a NATO?

Assine a petição aqui


quinta-feira, fevereiro 14, 2008

Eu Te Amo - Chico Buarque, Tom Jobim e Telma Costa

Jacques Brel - Ne Me Quitte Pas

Queen Love of My Life

Poemas de Amor Cativantes IV

Quadro - Hegina Rodrigues

Dedicado à minha estrela da noite:

Estrela da Tarde

Era a tarde mais longa de todas as tardes que me acontecia
Eu esperava por ti, tu não vinhas, tardavas e eu entardecia
Era tarde, tão tarde, que a boca, tardando-lhe o beijo, mordia
Quando à boca da noite surgiste na tarde tal rosa tardia

Quando nós nos olhámos tardámos no beijo que a boca pedia
E na tarde ficámos unidos ardendo na luz que morria
Em nós dois nessa tarde em que tanto tardaste o sol amanhecia
Era tarde de mais para haver outra noite, para haver outro dia

Meu amor, meu amor
Minha estrela da tarde
Que o luar te amanheça e o meu corpo te guarde
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza
Se tu és a alegria ou se és a tristeza
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza

Foi a noite mais bela de todas as noites que me adormeceram
Dos nocturnos silêncios que à noite de aromas e beijos se encheram
Foi a noite em que os nossos dois corpos cansados não adormeceram
E da estrada mais linda da noite uma festa de fogo fizeram

Foram noites e noites que numa só noite nos aconteceram
Era o dia da noite de todas as noites que nos precederam
Era a noite mais clara daqueles que à noite amando se deram
E entre os braços da noite de tanto se amarem, vivendo morreram

Eu não sei, meu amor, se o que digo é ternura, se é riso, se é pranto
É por ti que adormeço e acordo e acordado recordo no canto
Essa tarde em que tarde surgiste dum triste e profundo recanto
Essa noite em que cedo nasceste despida de mágoa e de espanto

Meu amor, nunca é tarde nem cedo para quem se quer tanto!


José Carlos Ary dos Santos

quarta-feira, fevereiro 13, 2008

terça-feira, fevereiro 12, 2008

In memoriam... Valter Lemos por António Barreto


RETRATO DA SEMANA
Um naco de prosa
Por António Barreto - Público


PARECE QUE A EDUCAÇÃO está em reforma. Sempre esteve, aliás. Vinte e tal ministros da educação e quase cem secretários de Estado, em pouco mais de trinta anos, estão aí para mostrar o enorme esforço despendido no sector. Uma muito elevada percentagem do produto nacional é entregue ao departamento governamental responsável. Este incansável ministério zela por nós, está atento aos menores sinais de mudança ou de necessidade, corrige infatigavelmente as regras e as normas. Neste 5 de Outubro, dia da República, o Chefe de Estado e o presidente da Câmara de Lisboa não se esqueceram de considerar a educação a mais alta prioridade e a principal causa do nosso atraso. Nesse mesmo dia, mão amiga fez-me chegar o último exemplo do esforço reformador que anima os nossos dirigentes. Com a devida vénia ao signatário, o secretário de Estado Valter Lemos, transcrevo o seu despacho normativo, cuja leitura em voz alta recomendo vivamente:

«O Decreto-Lei n.º 74/2004, de 26 de Março, rectificado pela Declaração de Rectificação n.º 44/2004, de 25 de Maio, com as alterações introduzidas pelo Decreto-Lei n.º 24/2006, de 6 de Fevereiro, rectificado pela Declaração de Rectificação nº 23/2006, de 7 de Abril, e pelo Decreto-Lei n.º 272/2007, de 26 de Julho, assenta num princípio estruturante que se traduz na flexibilidade de escolha do percurso formativo do aluno e que se consubstancia na possibilidade de organizar de forma diversificada o percurso individual de formação em cada curso e na possibilidade de o aluno reorientar o próprio trajecto formativo entre os diferentes cursos de nível secundário. Assim, o Despacho n.º 14387/2004 (2.ª Série), de 20 de Julho, veio estabelecer um conjunto de orientações sobre o processo de reorientação do percurso escolar do aluno, visando a mudança de curso entre os cursos criados ao abrigo do Decreto-Lei n.º 74/2004, de 26 de Março, mediante recurso ao regime de permeabilidade ou ao regime de equivalência entre as disciplinas que integram os planos de estudos do curso de origem e as do curso de destino, prevendo que a atribuição de equivalências seria, posteriormente, objecto de regulamentação de acordo com tabela a aprovar por despacho ministerial. Neste sentido, o Despacho n.º 22796/2005 (2.ª Série), de 4 de Novembro, veio concretizar a atribuição de equivalências entre disciplinas dos cursos científico-humanísticos, tecnológicos e artísticos especializados no domínio das artes visuais e dos audiovisuais, do ensino secundário em regime diurno, através da tabela constante do anexo a esse diploma, não tendo, no entanto, abrangido os restantes cursos criados ao abrigo do Decreto-Lei n.º 74/2004, de 26 de Março. A existência de constrangimentos na operacionalização do regime de permeabilidade estabelecido pelo Despacho n.º 14387/2004 (2.ª Série), de 20 de Julho, bem como os ajustamentos de natureza curricular efectuados nos cursos científico-humanísticos criados ao abrigo do Decreto-Lei n.º 74/2004, de 26 de Março, implicaram a necessidade de se proceder ao reajuste do processo de reorientação do percurso escolar do aluno no âmbito dos cursos criados ao abrigo do mencionado Decreto-Lei n.º 74/2004, de 26 de Março. Desta forma, o presente diploma regulamenta o processo de reorientação do percurso formativo dos alunos entre os cursos científico-humanísticos, tecnológicos, artísticos especializados no domínio das artes visuais e dos audiovisuais, incluindo os do ensino recorrente, profissionais e ainda os cursos de educação e formação, quer os cursos conferentes de uma certificação de nível secundário de educação quer os que actualmente constituem uma via de acesso aos primeiros, criados ao abrigo do Decreto-Lei n.º 74/2004, de 26 de Março, rectificado pela Declaração de Rectificação n.º 44/2004, de 25 de Maio, com as alterações introduzidas pelo Decreto-Lei n.º 24/2006, de 6 de Fevereiro, rectificado pela Declaração de Rectificação n.º 23/2006, de 7 de Abril, e pelo Decreto-Lei n.º 272/2007, de 26 de Julho, e regulamentados, respectivamente, pelas Portarias n.º 550-D/2004, de 22 de Maio, alterada pela Portaria n.º 259/2006, de 14 de Março, n.º 550-A/2004, de 21 de Maio, com as alterações introduzidas pela Portaria n.º 260/2006, de 14 de Março, n.º 550-B/2004, de 21 de Maio, com as alterações introduzidas pela Portaria n.º 780/2006, de 9 de Agosto, n.º 550-E/2004, de 21 de Maio, com as alterações introduzidas pela Portaria n.º 781/2006, de 9 de Agosto, n.º 550-C/2004, de 21 de Maio, com as alterações introduzidas pela Portaria n.º 797/2006, de 10 de Agosto, e pelo Despacho Conjunto n.º 453/2004, de 27 de Julho, rectificado pela Rectificação n.º 1673/2004, de 7 de Setembro. Assim, nos termos da alínea c) do artigo 4.º e do artigo 9.º do Decreto-Lei n.º 74/2004, de 26 de Março, rectificado pela Declaração de Rectificação n.º 44/2004, de 25 de Maio, com as alterações introduzidas pelo Decreto-Lei n.º 24/2006, de 6 de Fevereiro, rectificado pela Declaração de Rectificação nº 23/2006, de 7 de Abril, e pelo Decreto-Lei n.º 272/2007, de 26 de Julho, determino: (…)»

O que se segue é indiferente. São onze páginas do mesmo teor. Uma linguagem obscura e burocrática, ao serviço da megalomania centralizadora. Uma obsessão normativa e regulamentadora, na origem de um afã legislativo doentio. Notem-se as correcções, alterações e rectificações sucessivas. Medite-se na forma mental, na ideologia e no pensamento que inspiram este despacho. Será fácil compreender as razões pelas quais chegámos onde chegámos. E também por que, assim, nunca sairemos de onde estamos.

"Ilegal" devia ser considerado o Valter Lemos


«Amigos,

Enviei o texto que se segue para o Público e escrevi uma carta para o Expresso. Como não sei se vão publicar, gostaria que divulgassem o texto pelos V. conhecidos. Através da net poderei alertar o máximo número de pessoas para o que se está a passar com a reforma da música. Agradeço que reenviem para os V. contactos.»

Rosário, mãe de um aluno da EMCN (Escola de Música do Conservatório Nacional) de Lisboa


TEXTO

Sou mãe de um jovem de onze anos, que entrou para a Iniciação de Cravo na EMCN (Escola de Música do Conservatório Nacional) de Lisboa e presentemente encontra-se no 2º grau.

Não percebo porque se deseja reformar o que funciona bem. A EMCN de Lisboa tem um Projecto de Escola verdadeiramente fabuloso com excelentes professores e com três regimes de frequência que possibilitam às famílias a melhor escolha consoante as suas necessidades. O ensino integrado pugnado pelo ME vai obrigar o meu filho a abandonar o agrupamento de escolas da sua residência, onde se encontra matriculado desde os seis anos (1º ano do 1º Ciclo).

Por que é que o ME não apoia as boas práticas da EMCN de Lisboa e não as estende ao país? Por que é que o ME não está orgulhoso da EMCN de Lisboa, dos seus professores e dos seus alunos?

A idade para iniciar a aprendizagem de um instrumento depende do tipo de instrumento; assim, nos arcos e piano deve começar-se o mais cedo possível – 4, 5, 6 anos no máximo. Nesta perspectiva e apresentando um projecto inovador, a EMCN de Lisboa levou para a frente as iniciações e a criação de pólos em zonas limítrofes de Lisboa para dar apoio às famílias, que desejavam que os seus filhos pequenos estudassem um instrumento e não tinham possibilidade de os trazer a Lisboa; foi, também, uma forma de alargar o ensino de instrumentos a um público mais vasto. Um governo (que não sei qual foi) apoiou a medida e legislou a existência das iniciações, que o Senhor Secretário de Estado, Valter Lemos, na reunião que teve no passado dia oito do presente mês com os professores, funcionários e pais de alunos da EMCN de Lisboa, designou de ilegal.

Este ME baseia-se na LBSE para querer implementar o regime integrado como o único regime de frequência. Os outros governos anteriores, mesmo socialistas, nunca puseram em prática esta parte da legislação porque penalizaria enormemente os alunos e as suas famílias – há alunos que vêm de Torres Vedras, Alenquer, Barreiro, Setúbal, Amadora, Sintra que só podem frequentar o regime supletivo ou o articulado, que são os que lhes permitem estar na escola/agrupamento da sua residência, levantarem-se a horas decentes, terem aulas e depois, geralmente, da parte da tarde, deslocarem-se para a EMCN de Lisboa, onde têm em dois ou três dias aulas de instrumento, formação musical, coro, expressão dramática, etc. Se este governo apostar no regime integrado estes alunos vão, concerteza, abandonar a música (provavelmente vamos perder futuros "Viana da Mota", "Maria José Falcão", "Maria João Pires", "Pedro Burmester" e muitos outros), porque não há um pai ou mãe que deseje que o seu filho acorde às cinco da madrugada para vir para Lisboa! Será isto uma opção democrática? Será isto a igualdade de oportunidades para todos?

Rosário Rodrigues Leal

(recebido por mail)

segunda-feira, fevereiro 11, 2008

A Malta das Cantigas

Sessão de canto livre, Coliseu dos Recreios, 1974

«Eu sei que não é fácil falar de tudo isto a esta distância, porque passou muito tempo e vocês nem sequer tinham nascido quando a parte mais empolgante desta história aconteceu. Ainda assim, eu tentei, por achar que valia a pena e por entender que, para além da qualidade mais ou menos discutível do que fizemos e cantámos, havia os valores que nos uniam e mobilizavam e que são universais e intemporais. Era um tempo em que as pessoas não valiam por aquilo que tinham e sim por aquilo que eram e pensavam, era um tempo em que não se era avaliado pelos sinais exteriores de riqueza e de poder e sim pela força dos ideais por que cada um se batia. Havia causas e sonhos, havia princípios e afectos. E eu achei que, mesmo tendo passado já tanto tempo, devia contar-vos ou recontar-vos esta história, num tempo fugaz e competitivo em que a memória parece valer cada vez menos, empobrecendo-nos assim a cidadania e a própria democracia. Talvez vocês encontrem alguém que queira ouvir esta história, de preferência ao som da música desse tempo e das vozes que lhe deram vitalidade e alegria. Zeca Afonso e a malta das cantigas talvez mereçam essa atenção e esse interesse, já que, num tempo ainda não globalizado, ajudaram, à sua maneira, a História a acontecer, com a confiança partilhada e generosa de quem canta de olhos postos num tempo melhor.»

Assim termina este pequeno livro de José Jorge Letria, Zeca Afonso e a Malta das Cantigas, da Terramar (2004), escrito em 2002. Embora tenha apenas 70 e poucas páginas e se leia rapidamente, ele é um "testemunho vivo de um tempo em que Portugal e os Portugueses viviam privados das liberdades fundamentais". José Jorge Letria não só viveu nesse tempo como foi um dos da "malta das cantigas". Aconselho vivamente a sua leitura e a sua divulgação junto das novas gerações, nas escolas e aos nossos filhos pois bem precisados estão de ouvir estas experiências que temos a responsabilidade de lhes transmitir.

Barbara - Le soleil noir

Altas horas, véspera de segunda-feira e eu a ouvir a Barbara... c'est le desespoir!

domingo, fevereiro 10, 2008

Ameaças temíveis. Ai que medo!


"Se tiver que trocar algumas 'estrelas' vou fazê-lo"

Luiz Felipe Scolari (Expresso, 10/02/2008)

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Manuel Alegre avisa

"Não me desafiem para coisas que é perigoso desafiarem-me"

(Expresso, 10/02/2008)

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