sábado, novembro 29, 2008
sexta-feira, novembro 28, 2008
Nogueira Kung Fu
Imagem Kaótica
REVISÃO? E Para onde foi a exigência da REVOGAÇÃO dessa lei? Então agora as leis absurdas basta que sejam revistas e segue jogo? Ninguém notou a mudança? É que é diferente exigir que uma lei absurda seja reenviada para a Assembleia da República para ser legalmente revogada (anulada) ou deixar essa lei continuar a existir enquanto tal, fazendo-lhe apenas uns pequenos ajustes. Resta saber que acertos são esses, que propostas têm os sindicatos para essa "revisão"? O ECD é uma das peças mais importantes do puzzle, onde encaixa a avaliação, porque é nela que se funde a aberrante luta de classes que se trava hoje artifialmente dentro de uma classe única, a dos docentes. É ele que veio injustamente determinar quem passa a avaliador e quem passa a avaliado, estabelecendo quotas para os que progridem e para os que estagnam. É por ele que passa a pirâmide hierarquizada que de repente se pretende implementar nas escolas, levada a cabo pela avaliação do desempenho docente, entretanto suspensa. Mário Nogueira esgalhou bem o seu discurso, cada vez mais próximo da massa, mas ainda assim é possível detectar um recuo no ECD. Disposto a limitar os horizontes abertos para a revogação total da lei, eis que a bandeira sindical passa a ser a mera revisão.
Bem me parece que o Ministério está pronto a ceder à suspensão deste modelo de avaliação, em troca de uma qualquer alternativa mal enjorcada que permita contudo prosseguir o plano arquitectado que tem por base o ECD. Cede na avaliação, porque tanto lhe faz o modo como os professores são avaliados, desde que essa avaliação, seja ela qual for, permita a aplicação do ECD. Entretanto, agarrados à grande vitória obtida com a suspensão da avaliação e sua substituição este ano por um simplex auto-avaliativo, os sindicatos parecem prontos a ceder no essencial, refreando a revogação do ECD, convertendo-a numa mera revisão. Assim o papel dos deputados eleitos para a Assembleia da República, lugar por excelência onde estes deviam desempenhar a função de aprovar e revogar leis, é mais uma vez ultrapassado por acordos cozinhados entre ministérios e sindicatos, subvertendo-se assim as regras da Democracia representativa.
Debate-tertúlia: Para uma educação livre ou ministeriada? ( no Domingo, dia 30 de Nov., às 17h30 no bar-livraria Gato Vadio, no Porto)
Mensagem insidiosa? Metáfora escultural da velha palmatória? Bicada-Punição ministerial? O que pode pensar o aluno do (deste) sistema de educação? A escola e a universidade estão pensadas hoje em dia para que o aluno se liberte do pesadelo prometeico?
Os professores do ensino básico e secundário enfrentam actualmente não o pesadelo, mas a realidade política de uma mentalidade preocupada não com o ensino, os alunos, as escolas, os professores, mas com os números, as estatísticas, os índices, a produtividade. Esta visão mercantilista da educação dificilmente pode ter como finalidade estimular a criatividade, a independência, a capacidade crítica e o desenvolvimento global dos alunos. Fazer da escola um comércio passa por cima da possibilidade de imaginar sujeitos livres, cidadãos autónomos, conscientes socialmente e capazes de ver além do estreito funil de tornar cada aluno um mero grão na engrenagem de um sistema de produção em série.
Perante a política educativa das últimas décadas que argumentos temos à vista para refutar que, na sua essência, ela está orientada de tal modo que à medida que o aluno avança do básico à universidade ele passa a ser uma mera mercadoria?
E, suprema ironia deste sistema de educação, à vista estão os factos: quantos alunos que cumpriram o seu percurso escolar vieram parar à linha de caixas do Jumbo? Ao call-center da PT? Ao fato-de-treino da Ikea? Aos subúrbios de Londres ou ao aeroporto de Barcelona? Ou, simplesmente, ao desemprego com canudo. E quem poderá avaliar esta concepção ministerial falhada da Educação?
Além das reivindicações conjunturais e da luta unida dos professores contra as decisões do governo actual, não devemos – professores, alunos, pais, cidadãos – reflectir sobre a orientação geral do sistema educativo? Se os professores não querem uma ministra a vigiar e punir o seu desempenho quotidiano, pode um aluno continuar com um prometeu agrilhoado no seu imaginário?
Debate - Para uma educação livre ou ministeriada?
Domingo, 30 de Novembro, 17h30
Convidados:
António Magalhães (professor universitário/Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da U. do Porto)
António José Silva (professor do ensino secundário)
Café-Livraria-Bar Gato Vadio
Rua do Rosário 281
Porto
Nota: o texto é apenas um ponto de vista para estimular a reflexão e vincula apenas os Vadios…
http://gatovadiolivraria.blogspot.com/
in A Sinistra Ministra
quinta-feira, novembro 27, 2008
Humpty Dumpty
Humpty Dumpty had a great fall.
All the king's horses and all the king's men
Couldn't put Humpty together again.
http://en.wikipedia.org/wiki/Humpty_Dumpty
quarta-feira, novembro 26, 2008
CASO CASA PIA - In Memoriam ad eternum
Repare-se que mesmo aqui nesta reportagem grega, o Bibi é o mais mau da fita, toda a história incide na sua pessoa, como se os outros fossem meros figuarantes. Aparecem alguns dos figurões: Paulo Pedroso, que já colocou o rabo fora da seringa e limpou o nome com uma indemnização, como se algum dinheiro do mundo pudesse apagar o seu triste passado. Onde param os filmes, as escutas, as fotos, os documentos que constituem prova? Em que tempo longínquo serão encontados e recuperados para que todo o lodo volte ao de cima?
terça-feira, novembro 25, 2008
"Eu sou só uma professora, não sou política"
Jacinta Moreira, vencedora do Prémio Nacional de Professores, recusou tomar um partido relativamente ao conflito entre o Ministério e os Sindicatos:
"Eu sou só uma professora, não sou política"
....
Para mim também. Conheço o estilo!
Aqui fica a minha homenagem aos como ela que por aí proliferam...
... como ervas daninhas.
O ANALFABETO POLÍTICO
O pior analfabeto
É o analfabeto político,
Ele não ouve, não fala,
nem participa dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe que o custo de vida,
o preço do feijão, do peixe, da farinha,
do aluguer, do sapato e do remédio
dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro
que se orgulha
e enche o peito
dizendo que odeia a política.
Não sabe o imbecil que,
da sua ignorância política
nasce a prostituta, o menor abandonado,
e o pior de todos os bandidos,
que é o político vigarista,
aldrabão, corrupto e o lacaio
das empresas nacionais e multinacionais.
(Berthold Brecht)
«Oviamente»
Big Mouth Strikes Again
segunda-feira, novembro 24, 2008
In Memoriam
Que vem a ser isso de "revisão do ECD" se o que os professores querem é a sua REVOGAÇÃO?
Que "novo modelo de avaliação" é esse que os professores não foram tidos nem achados?
Amanhã é que se vai ver a que ponto chega a negociação.
Já há quem tema um novo Entendimento!
domingo, novembro 23, 2008
Uma carta fora do baralho
Na mesa estava o secretário de estado, ladeado pelo ex-deputado, actual presidente da distrital do PS (e também pintor) Vítor Ramalho, e por um indivíduo que nunca falou e que desconheço. Na plateia reconheci de imediato o Humberto Daniel, ex-presidente da junta de freguesia de S. Sebastião, e o Paulo Pedroso, deputado do PS.
A palestra foi um misto de operação de charme e de apalpar o pulso aos militantes sobre o assunto em causa. O secretário de estado falou durante 50m, ininterruptamente e sem recurso a qualquer tópico escrito. Trazia, natural e obviamente, a lição mais do que sabida. Disse essencialmente disparates, mentiras e até ofendeu os professores. Aquelas coisas que estamos fartos de ouvir: os professores trabalham poucas horas, nunca foram avaliados, não querem ser avaliados, os sindicatos assinaram e agora não cumprem com o que assinaram, os professores eram uns privilegiados porque progrediam automaticamente nas carreiras, o excessivo abandono escolar, a falta de hierarquias, o premiar do mérito, etc., etc., etc.
Depois houve inscrições para expor opiniões. 27 pessoas se inscreveram, entre as quais eu, que falei mais ou menos a meio. Pensei que a generalidade dos militantes aproveitasse a ocasião para tecer elogios às virtudes do ECD e do seu modelo de avaliação, mas não foi isso que aconteceu. Começou por falar o militante Chocolate Contradanças (é esse o seu nome) que foi professor e se disse desgostoso por ver o estado de desmotivação em que a sua mulher está, ela ainda professora, e referiu que o PS iria perder a maioria absoluta devido a esta ME; foi aplaudido. O Humberto Daniel teve uma intervenção bombástica ao começar por dizer que "por muito menos o Correia e Campos foi para a rua"; foi aplaudido. Outros militantes se seguiram. O Paulo Pedroso teceu críticas ferozes, também preocupado com os resultados eleitorais. Disse "a Escola está agora pior" e, referindo-se a uma passagem do discurso do secretário de estado em que este dizia que os últimos dez anos foram uma barafunda (não me lembro se a palavra foi esta ou outra idêntica) nas escolas, Pedroso lembrou que "o PS esteve 7 desses 10 anos no governo"; foi muito aplaudido. Seguiram-se outras intervenções, de professores, alguns membros de conselhos executivos, ex-professores e militantes do PS, cada uma apontando aspectos diferentes das fraquezas deste modelo de avaliação, raramente se apontando virtudes.
Chegou a minha vez e quis partir mais alguma loiça, pois estava revoltado sobretudo com uma frase dita pelo secretário de estado e que não havia sido ainda comentada por ninguém. No final do seu discurso ele havia dito, referindo-se às negociações com os sindicatos, que não estava na disposição de ceder nem de renegociar. Coroou o seu raciocínio com o provérbio chinês "Quando se dá uma bolacha a um rato, a seguir ele quer um copo de leite." Assim, sem tirar nem pôr! Depois de me apresentar, esclareci que sabia o que era uma metáfora mas que não podia ficar indiferente à contextualização dada àquele provérbio, onde os professores eram comparados aos ratos, e salientei:
– Um professor pode até aceitar uma bolacha e pode até beber um copo de leite, mas também sabe desmontar uma ratoeira.
Tensão na sala, com muitos olhos em cima de mim, de pé, com o microfone na mão. Mas não fraquejei e achei que devia ser ainda mais contundente. Depois de referir as fraquezas deste modelo, a má-fé e as reais intenções que estão por trás dele disse:
– Isto é uma palhaçada!
Continuei dizendo que o ME está sempre a passar à opinião pública que os professores trabalham poucas horas e que têm muito tempo de férias. Lembrei que:
– Em relação às horas, não sei como chegam a essa conclusão, pois eu nunca trabalho menos de 40h por semana, e é frequente trabalhar bem mais. Quanto às férias e às paragens, como nos podem atirar isso à cara se nos limitamos a cumprir o calendário estipulado pelo ministério? Até parece que os professores andam a roubar alguma coisa a alguém.
Sabia que estava a pisar terrenos argilosos, mas arrisquei de novo:
– Isto é uma palhaçada!
Às tantas o Vítor Ramalho interveio e disse que não podia admitir esta linguagem, que se tratava de um encontro de militantes do PS onde as pessoas se respeitavam. Eu, que vejo na generalidade dos políticos pessoas que são tudo menos sérias, estive-me nas tintas para os seus pruridos. Perguntei-lhe se os não-militantes não podiam intervir. Ele disse que sim. Perguntei-lhe se me deixava continuar e concluir a minha opinião. Disse de novo que sim, e eu continuei. Para concluir lembrei-me de uma série de ataques que o secretário de estado fez aos professores e às suas formações. A esses ataques respondi:
– Todos os professores têm formação média, superior ou equiparada, alguns têm mestrado, outros têm doutoramento. Fizeram profissionalização dentro dos moldes estipulados superiormente. Fazem acções de formação e actualização com regularidade. Como nos podem atirar também isso à cara? Lembro que mais de 90% dos professores têm habilitações académicas superiores às do primeiro-ministro.
– Aí é que foram elas! Não se podia falar mal do ai-jesus de todos eles, ali. Pateadas da mesa e de muitos dos presentes na plateia. Ainda perguntei, por duas vezes:
– Estou a dizer alguma mentira?
Ninguém me disse que não. Sentei-me; ninguém bateu palmas. Ouvi atentamente as intervenções seguintes. Um psicólogo referiu que a ministra tem, à partida, qualquer coisa contra os professores, e que isso é notório nas suas intervenções. O último a falar foi um colega que referiu conhecer como funcionam as coisas noutros países da Europa, onde esteve várias vezes em trabalho, e de não saber de nenhum onde os professores sejam divididos em duas carreiras. Questionava ele a que país, afinal, tinha ido o ME inspirar-se.
Para terminar, foi dada a palavra ao secretário de estado, que voltou a falar das virtudes deste modelo de avaliação e da importância de o levar à prática. Foi um discurso circular, onde muito pouco se reflectiram as preocupações colocadas pela plateia.
Foi assim a minha aventura de quatro horas numa palestra promovida pelo partido que suporta o governo que está a destruir o ensino público no nosso país.
Recapitulando...
CONTRA-REFORMAS DO GOVERNO NA EDUCAÇÃO
- Fecho de 3000 escolas do 1º ciclo, sob pretexto de que têm «poucos» alunos. Alunos de tenra idade obrigados a fazerem longos trajectos diários, para «centros educativos» apinhados, com a presença de alunos mais velhos... as aldeias ficam despovoadas, acelera-se abandono do interior rural.
- Fecho de escolas situadas em zonas nobres das grandes cidades. Entrega do património edificado a empresa «pública», primeiro passo para que um futuro governo entregue esses edifícios públicos aos privados. Entretanto, estudantes do ensino secundário de Lisboa e do Porto apinham-se nas escolas secundárias, com instalações vetustas. Escolas de todos os níveis carecem de reparações estruturais urgentes.
- Após mais de um ano de simulacro de negociação com as organizações sindicais de docentes, o governo promulga um Estatuto de Carreira Docente (o «ECD do ME»), que merece o repúdio de toda a profissão, não havendo um único sindicato - entre 13 da Plataforma de Sindicatos Docentes - que tenha aceite assinar acordo com o governo... Actualmente os problemas que se vivem no sector têm origem no referido «ECD do ME».
- Multiplicação de gastos sumptuários com quadros interactivos, provavelmente um excelente negócio para certas empresas que terão obtido contrato com o governo, num contexto em que faltam muitos equipamentos essenciais (não existem em muitas escolas laboratórios para as ciências, cantinas, salas de alunos, pavilhões desportivos, etc.).
- Manutenção de dezenas de milhares de funcionárias auxiliares «a contrato», sendo absolutamente indispensáveis ao funcionamento das escolas.
- Entrega de mais e mais competências às autarquias, nos graus de ensino básico. Tentativa de municipalização completa do ensino.
- Promulgação de lei de Gestão anti-democrática, onde os cargos pedagógicos são todos por nomeação das chefias. Alguém - o director - será uma espécie de «vice-rei», sem haver qualquer controlo democrático sobre a sua gestão. Poderão vir a ser «comissários políticos» ao serviço do ministério e/ou autarquia, poderão ser escolha totalmente contrária aos trabalhadores docentes e não docentes de uma escola ou agrupamento.
- Estatuto do Aluno aberrante, absurdo em muitos pontos, sendo a questão das faltas apenas um deles. O remendo encontrado à pressa, face à contestação estudantil que ameaçava alastrar, é de legalidade duvidosa.
- Utilização de dinheiro público para sustentação da direcção de uma estrutura que se afirma A representante dos pais e encarregados de educação (... que na imensa maioria não delegaram nessa estrutura qualquer mandato representativo!!). Esta estrutura fala sempre a favor da política ministerial.
- Criação de um «conselho de Reitores», chamado conselho de escolas, constituído pelos PCEs que o ME muito bem entendeu nomear. Ainda assim, maioritariamente, veio aconselhar a Ministra a suspender a avaliação de desempenho docente.
- Desestabilização do quadro de concursos, com proposta totalmente inaceitável. Segundo uma das normas propostas para tais concursos, os professores de quadro de zona, são obrigados a concorrer para extensões de território enormes.
- Ameaça de acabar com os «quadros de escola», os únicos que conferem estabilidade verdadeira na profissão docente. Sua substituição por «quadros de agrupamento».
- A não resolução da situação de milhares de professores sem vínculo seguro, precários, que têm dado o seu contributo ano após ano, mostrando que são indispensáveis ao próprio sistema: em vias de ser excluídos, sem nunca o ME ter cumprido as promessas de integração nos quadros.
- Exame de entrada na profissão docente retrógrado e anacrónico, pois as escolas que dão formação específica para a docência são todas certificadas pelo ME. Se estas escolas são competentes, porque motivo os seus diplomados são sujeitos a exame? Se não o são, como é que foram autorizadas a leccionar e a passar diplomas?
- Desautorização dos docentes através de actos e palavras de «guerra», etc. com correlativo aumento das dificuldades no quotidiano das escolas (agressões a docentes e funcionários, por alunos e encarregados de educação).
- Incapacidade manifesta na resolução de problemas práticos, como a vigilância nas escolas. Apenas pensam introduzir sistemas de vigilância caríssimos e totalmente ineficazes contra roubo e vandalismo.
- Manutenção dos desequilíbrios entre escolas, causados por bolsas de pobreza em torno das grandes cidades. Ausência de políticas sociais de integração. Atribuição de culpas do fracasso/ausência das políticas sociais aos docentes.
- Retirada de apoios pedagógicos acrescidos a muitos alunos com atrasos ligeiros ou dificuldades diversas.
- Introdução forçada de crianças com handicaps profundos, sem condições, pretextando hipocritamente «política de inclusão». Na realidade, para poupar em escolas e apoio clínico especializado às crianças com esses problemas. As escolas são «competentes» para gerir a situação.
- Uma campanha de distribuição de computadores portáteis - a preço subsidiado - para docentes e alunos, no início do ano lectivo anterior (2007/2008), seguida da «campanha do Magalhães» em 2008/2009, ano pré-eleitoral. Ambas são meras estratégias de marketing político e portanto abuso de poder clarao por parte dos governantes.
- O primeiro-ministro afirmou e repetiu muitas vezes a MENTIRA de que «agora, sim, os profs vão ser avaliados»... quando sabia muito bem tal ser falso: os profs foram sempre avaliados... pelos instrumentos de avaliação legislados pelo próprio ME e governo !!!
- A maior sangria de docentes de sempre: docentes no cume da carreira, que optam pela reforma antecipada para não terem de se sujeitar a tratamento humilhante, mesmo com penalizações importantes no montante das pensões de reforma. Estes docentes têm elevada competência para exercer a profissão e fazem muita falta ao sistema, porque têm experiência e sabedoria.
... mais haveria a dizer sobre a catástrofe em que este governo transformou um sector já com imensos problemas e mal tratado pelos anteriores governos.
quarta-feira, novembro 19, 2008
Avaliação Online, Avaliação Simplex (Vai lá, vai!)
Exmo(a) Sr(a). Professor.
Nesta fase está já disponível a possibilidade de cada docente apresentar os seus objectivos. Uma vez submetidos e tendo em conta o calendário definido em cada Agrupamento/escola, o avaliador do órgão de administração e gestão acede aos mesmos para efeito de validação.
A aplicação está disponível no seguinte endereço: https://concurso.dgrhe.min.edu.pt/DefinicaoObjectivos2008.
Qualquer dúvida de funcionamento deverá ser colocada ao órgão de gestão, o qual terá apoio através do seguinte endereço:
https://concurso.dgrhe.min-edu.pt/PerguntaResposta2
DGRHE
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ATENÇÃO - A LEI ESTÁ DO NOSSO LADO
Óbvio que este tipo de função deveria estar a cargo da supervisão do CCAP, mas a partir do despacho dos ovos, já estou por tudo.
E como se vê, é tudo em prol da autonomia das escolas.
Para além disso contraria frontalmente o que está no DR 2/2008. Sem diploma legal que cubra esta invenção, penso que ninguém será obrigado a aceder a ela e entregar os seus Objectivos Individuais desta forma." – Paulo Guinote
http://educar.wordpress.com/2008/11/18/qual-dia-27-foi-ja-hoje/#comments
Maria Lisboa Diz: ?Novembro 18, 2008 at 12:49 am
Ilegalidades deles, são como tordos a cair!
Como de costume esta gentinha não sabe as leis com que se cose! São propostas de ilegalidade, em cima de propostas de ilegalidade!!!!
A lei diz tudo! Ninguém me pode obrigar a divulgar um qualquer documento sobre a minha avaliação, mesmo que me garantam sigilo! O sigilo é só entre mim e o avaliador! Não entre mim e o pessoal da DGRHE!
Decreto-Lei nº 15/2007, de 19 de Janeiro?Artigo 6.º?Instrumentos de registo?3 — Sem prejuízo da existência de cópias na posse dos avaliadores ou em arquivos de segurança, os originais dos instrumentos de registo são arquivados, logo que preenchidos, no processo individual do docente, tendo este livre acesso aos mesmos.
Artigo 49º?Garantias do processo de avaliação do desempenho?1—Sem prejuízo das regras de publicidade previstas no presente Estatuto, o processo de avaliação 512 Diário da República, 1.a série—N.o 14—19 de Janeiro de 2007 tem carácter confidencial, devendo os instrumentos de avaliação de cada docente ser arquivados no respectivo processo individual.?2—Todos os intervenientes no processo, à excepção do avaliado, ficam obrigados ao dever de sigilo sobre a matéria.
Para além disto, quer o artº Artigo 3º Princípios orientadores, quer o Artº40º?Caracterização e objectivos da avaliação do desempenho referem que:?1 — A avaliação do desempenho do pessoal docente desenvolve-se de acordo com os princípios consagrados no artigo 39.o da Lei de Bases do Sistema Educativo e no respeito pelos princípios e objectivos que enformam o sistema integrado de avaliação do desempenho da Administração Pública, incidindo sobre a actividade desenvolvida e tendo em conta as qualificações profissionais, pedagógicas e científicas do docente.?E que diz o SIADAP sobre o assunto?
A bota a bater com a perdigota! (ou fora de cena quem não é de cena)
Dissidênci
"Só há uma maneira de nós corrigirmos ou melhorarmos aquilo que houver que melhorar, é fazer a avaliação de professores", afirmou o também ministro dos Assuntos Parlamentares, no fim de uma reunião da ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, com os militantes socialistas.
Augusto Santos Silva acrescentou ainda que se a avaliação não for feita, "nunca conseguiremos perceber as suas potencialidades e também quais são os pontos em que pode ser melhorada".
A reunião que durou até à madrugada de hoje, faz parte das audições regulares dos governantes pelos militantes socialistas.
O presidente da Pró-Ordem dos Professores, Filipe do Paulo, afirmou ter sido impedido de concluir uma intervenção quando pretendia pedir a demissão de Maria de Lurdes Rodrigues.
"Aquilo que me transmitem é que esta situação só se desbloqueará com a mudança de actores no Ministério da Educação", afirmou Filipe do Paulo, acrescentando ter-se sentido "bastante condicionado" por não lhe terem permitido concluir a intervenção em que pretendia demonstrar "que a política educativa que tem sido seguida, de afrontamento a toda uma classe profissional, falha por ter falta de bom senso".
"Se este modelo de avaliação tinha boas intenções, ele acaba por falhar redondadamente porque cada vez se está a revelar mais inexequível", concluiu.
NM.
Lusa/Fim
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O ALVO PRINCIPAL DOS PROFESSORES DEVE SER SÓCRATES, pois a ministra da Educação é um "verbo de encher"!
Ora aqui vai uma previsão, para quem consta de sociologia (ou politologia):
A demissão da ministra da Educação é inevitável. Sócrates usou-a para concentrar nela a contestação. Os professores, embalados no canto sindical e na sua própria escolha eleitoral prévia, evitaram atingir o primeiro-ministro. Agora, o trabalho de adesão da inveja reforma está feito e a ministra tem de ser despedida para Sócrates, após autoria, confessar... inocência. A ministra será demitida por Sócrates após o acordo possível com os professores e bem antes das eleições europeias.
Aliás, a demissão da ministra não é apenas uma convicção política minha, baseada no interesse eleitoral de Sócrates: é a própria ministra que se expõe, por deslumbramento e incapacidade de consumo diferido, de quem teve origem muito humilde, na compra de um apartamento, conforme referido pelo 24Horas de 3-11-2008, ecoando notícias que circulavam já pelos blogues. Segundo o 24 Horas de 3-11-2008 (a fonte neste caso), a ministra vive num apartamento da Azinhaga das Carmelitas em Carnide, e na sua idade (52 anos) terá, há pouco tempo, alegadamente comprado um apartamento de cobertura com 160 m2 por 500 mil euros na luxuosa Avenida de Roma em Lisboa, através de uma hipoteca de 883.690 euros que se presumem também para as obras em curso no apartamento ("uma remodelação arquitectónica profunda") a cargo da empresa Tanagra. Faça o leitor a simnulação do encargo e verifique se, sem rendimentos extraordinários, lhe parecem suportáveis as prestações mensais do alegado empréstimo de 883 mil euros (aos 52 anos...) com o salário de ministra (temporário...) ou de professora universitária, mais do companheiro também professor universitário e com idade próxima. Pode a ministra prever a sua contratação por instituição do sector (por exemplo, um grupo económico, como o GPS), mas não se me afigura razoável no período após a função de ministra. Não... a hipótese mais provável é a seguinte: Sócrates já explicou à ministra que ela tem de sair, mas ofereceu-lhe um lugar manifestamente elegível na lista do PS ao Parlamento Europeu, o qual lhe garante, pelo menos, cinco anos de receita principesca, com eventual renovação do mandato (e depois pensão) - e pode até levar o companheiro para assistente. Como as eleições para o Parlamento Europeu são em Junho, e entretanto terá de participar na campanha, Maria de Lurdes Rodrigues será demitida de ministra da Educação até Abril de 2009 - faltam-lhe 5 meses, no máximo, pois pode sair a qualquer momento... Tem, portanto, a ministra a demissão anunciada. Logo, é desnecessário bater em cadáveres políticos: Sócrates deve ser o alvo da luta dos professores.
E a demissão de Sócrates deve começar a ser pedida já!
Ludo Rex
"O que importa é transformar o mundo - A Blogosfera é o nosso meio!"
O que faz falta é avisar a malta...O que faz falta é acordar a malta...O que faz falta...
Momentos & Documentos [http://momentosydocumentos.
segunda-feira, novembro 17, 2008
Consequências da Crise Global
O menino japonês que sabia tudo!
No primeiro dia de aulas, numa escola secundária dos EUA, a professora
apresentou aos alunos um novo colega, Sakiro Suzuki, vindo do Japão
A aula começa e a professora:
Vamos ver quem conhece a história americana.
Quem disse: 'Dê-me a liberdade ou a morte?'
Silêncio total na sala. Apenas Suzuki levanta a mão: - 'Patrick
Henry em 1775,
Muito
pode afundar-se?'
Suzuki: - 'Abraham Lincoln, em 1863,
A
- 'Não têm vergonha? Suzuki é japonês e sabe mais sobre a história
americana que vocês!'
Então, ouve-se uma voz baixinha, lá ao fundo: - 'Japonês filho da puta!'
- 'Quem foi?' - grita a professora
Suzuki levanta a mão e, sem esperar, responde:
- 'General McArthur, em 1941,
A
- 'Acho que vou vomitar'.
A professora grita: - 'Quem foi?'. E Suzuki: - 'George Bush Pai, ao Primeiro-Ministro Tanaka, durante um almoço em Tóquio, em 1991'.
E outro aluno diz ao fundo: - 'Suzuki de merda!'
E Suzuki responde: - 'Valentino Rossi, no Grande Prémio de Motos de velocidade, no Rio de Janeiro, em 2002'.
A turma fica histérica, a professora desmaia, a porta abre-se e entra o director, que diz: -'Que merda é esta? Nunca vi uma confusão deste tamanho!'
E Suzuki, bem alto: -'Mariano Gago para José Sócrates, em 2007, após ter recebido o relatório da inspecção feita à Universidade Independente...'
domingo, novembro 16, 2008
Fotos Manifestação dos Professores, Lisboa, 15/Novembro/2008
DESTA VEZ NÃO QUEREMOS QUE A LUTA ARREFEÇA!
OS PROFESSORES PERDERAM O MEDO DE FALAROS MOVIMENTOS, CLARO, TOMARAM A PALAVRAE HOUVE QUEM OUVISSE COM OUVIDOS DE OUVIRA COMUNICAÇÃO SOCIAL EXPÔS AS SUAS RAZÕESMAS O MAIS IMPORTANTE ERA AFIRMAR A TODOS...QUE EM DEMOCRACIA, É ALI DENTRO QUE NOS TÊM QUE OUVIR DÁS-NOS VONTADE DE RIR, MILÚ!
AFINAL, MILÚ, DE QUE TE RIS TU...?
sábado, novembro 15, 2008
CDEP na Manifestação de 15/Novembro
PONTO DE ENCONTRO DA CDEP na MANIFESTAÇÃO DE 15/NOVEMBRO
(para o desfile na manifestação):
Rua Braamcamp: Esquina norte com o Marquês de Pombal (às 14 horas)
Mais informações no Blogue da CDEP
Texto da Associação de Pais do Agrupamento de Escolas Francisco Carneiro
Ex.mo Senhor Presidente do Conselho Pedagógico do
Agrupamento Vertical Dr. Francisco Gonçalves Carneiro
Ex.ma Senhora Presidente do Conselho Geral Transitório
do Agrupamento Vertical Dr. Francisco Gonçalves Carneiro
• Esta Associação de Pais/Encarregados de Educação pretende que os alunos sejam o centro de interesse das escolas e dos professores. Entende, no entanto, que o modelo de avaliação de professores que o Ministério da Educação tenta teimosamente impor contraria ou inviabiliza essa sua pretensão: os professores terão cada vez menos tempo para preparar as aulas e para dedicar aos alunos uma vez que muito do seu esforço e do seu tempo incidirá na preparação do seu dossier pessoal, no preenchimento dos múltiplos documentos que o modelo integra. A Associação de Pais/Encarregados de Educação considera que de nada vale um dossier muito bem elaborado, uma planificação muito bem feita se ao professor não restarem forças para o trabalho de sala de aula, disponibilidade física e mental para ENSINAR, para ESTAR com os alunos, para OUVIR e AJUDAR os nossos filhos/educandos. Em suma, este modelo de avaliação em nada beneficiará a relação pedagógica nem a qualidade das aulas, entendemos que terá o efeito contrário, conduzindo o professor à exaustão e à desmotivação, ao stress contínuo, o que só poderá ter reflexos negativos ao nível do seu desempenho.
• A Associação de Pais/Encarregados de Educação opõe-se com determinação à efectivação de alguns dos itens da grelha de avaliação de professores que pensa desacreditarem completamente a figura do professor e a imagem da escola pública. Destacamos alguns deles pelos motivos que sinteticamente apresentamos:
A obrigatoriedade de aulas assistidas, por considerarmos que é ao Ministério da Educação que compete investir numa formação inicial e contínua de qualidade para os professores que coloca nas escolas públicas e, se entendemos essa exigência no ano de estágio, não podemos aceitar que os professores dos nossos filhos/educandos sejam eternos estagiários, pois não é legítimo que se proceda a esta invasão daquele espaço mágico de comunhão e interacção professor-alunos e não vemos nisso qualquer vantagem para os nossos filhos/educandos. Por outro lado, este poderá constituir um factor de desautorização do professor face à turma e nós defendemos que a autoridade do professor na sala de aula não pode nem deve ser ameaçada por qualquer iniciativa deste género. As crianças e os adolescentes que confiámos às escolas desse agrupamento precisam de confiar na segurança científica do professor, na sua autonomia, em nada beneficiarão se colocarem em questão a autoridade do professor. Por outro lado, queremos sublinhar que, se escolhemos as escolas deste agrupamento para os nossos filhos/educandos é porque reconhecemos que nelas predominam professores de muito mérito, de grande competência científica e pedagógica, a cuja formação inicial certamente têm acrescentado muitas horas de actualização científica e pedagógico-didáctica, muitas vezes a despensas próprias e por auto-iniciativa, quando cabe, na nossa opinião, às estruturas do Ministério da Educação facultar essa formação aos professores que são o garante do desenvolvimento cultural do país. Entendemos, ainda, que o novo regime de autonomia das escolas permite aos órgãos de gestão actuar de forma contextualizada e eficaz nos casos problemáticos que possam surgir e que os Pais/Encarregados de Educação também poderão contribuir para identificar. Não nos parece legítimo que a autoridade e a competência de todos os professores sejam colocadas em questão para despistar algum eventual prevaricador que, estamos certos, saberia como contornar a situação numa aula assistida. Mesmo que as aulas assistidas tivessem um intuito formativo, o que não nos parece ser de todo o caso, cremos que os prejuízos que trariam para a relação pedagógica seriam sempre maiores do que os benefícios.
A consideração da melhoria dos resultados escolares dos alunos na avaliação do professor: isto poderá conduzir ao descalabro da escola pública uma vez que, com toda a legitimidade porque a avaliação individual é um elemento fundamental para a progressão na carreira, os professores serão obrigados a dar boas notas para terem níveis de excelência. Esta medida foi uma forma que o Ministério encontrou para acabar de vez com o insucesso e para garantir bons resultados. Mas nós, Pais/Encarregados de Educação, não podemos aceitar este engano: queremos que o professor tenha a liberdade de dar boas notas a quem se esforçou e as mereceu, que tenha a liberdade de admitir que um aluno não foi capaz de atingir todos os objectivos, independentemente do seu esforço individual, tenha a liberdade de admitir que um aluno não reúne condições para transitar de ano. Queremos e exigimos da escola a verdade: não é retirando os obstáculos do caminho dos nossos filhos/educandos que os vamos ensinar a lutar e a vencer as adversidades, pelo contrário, contribuiremos para que eles se esforcem cada vez menos porque não se lhes exige esforço. A escola deve fazer tudo o que estiver ao seu alcance para garantir o sucesso a todos os alunos, mas não se pode penalizar ninguém porque um aluno não conseguiu. Perguntamos como seriam avaliados os professores cujo horário integrasse duas turmas problemáticas? Mesmo que fossem os professores mais competentes científica e pedagogicamente e mais dedicados muito dificilmente conseguiriam chegar ao nível de excelência. Será que a escola tem o direito de os penalizar desta forma? É um parâmetro de avaliação que nos parece que criará muitas injustiças e muita desmotivação junto da classe docente. E não podemos aceitar que os resultados escolares dos nossos filhos/educandos sejam superiormente manipulados.
A consideração do abandono escolar na avaliação do professor: esta é uma decisão que ultrapassa a sua esfera de competências. É aos Pais/Encarregados de Educação que compete decidirem sobre o futuro dos seus filhos/educandos. A escola pode sensibilizá-los, motivá-los, alertar as autoridades competentes, mas não pode obrigá-los. Penalizar um professor pelo abandono escolar é ainda mais ridículo e injusto do que penalizá-lo pelo insucesso.
A consideração dos resultados das provas de avaliação externa e a respectiva diferença relativamente à avaliação interna: há factores de índole individual que não são susceptíveis de serem controlados pelo professor (a ansiedade, o stress, a insegurança, o pânico que se apodera de algumas crianças ou adolescentes e jovens nos momentos de exame e que nós, pais/encarregados de educação, testemunhamos desde o final do primeiro ciclo). Como pode um professor garantir que um aluno a quem reconheceu competências para lhe atribuir um nível 4 no nono ano mantenha o resultado na prova final? O professor só deve ser avaliado por aquilo que pode determinar e não por aspectos que escapam ao seu controlo.
Assim, a Associação de Pais/Encarregados de Educação do Agrupamento Vertical Dr. Francisco Gonçalves Carneiro manifesta o seu total desacordo com a aplicação deste modelo de avaliação e solicita se dignem proceder à suspensão deste processo de avaliação nos moldes em que foi concebido, por considerar que é prejudicial para a tranquilidade, a transparência, a qualidade e a confiança que exigimos da escola pública. Entendemos que os professores dos nossos filhos/educandos não devem sujeitar-se a um modelo de avaliação que não garanta desde o início clareza, rigor, justiça e transparência.
Chaves, 4 de Novembro de 2008
O Presidente da Associação de Pais
quinta-feira, novembro 13, 2008
Dilemas de uma educadora
Sr. Presidente da Câmara de Fafe
Quanto aos alunos não é realmente preciso avisá-los (embora fosse de louvar), para quê vir dizer-lhes que a escola se converteu numa balbúrdia do salve-se quem puder que atinge os próprios professores: eles já o sabem, estão lá dentro. Apercebem-se do facilitismo que converte a escola pública num local para êpater les enfants e, como eles não gostam de ser tratados como mentecaptos, acabam por se revoltar. Encerram-nos dias inteiros da sua juventude em escolas que não são pensadas para eles, muitas nem de uma sala de alunos dispõem; oferecem-lhes como espaços de permanência locais de betão, desabrigados e desconfortáveis, convidativos à violência e dizem-lhes: se mesmo assim tiveres insucesso ainda cá passas mais tempo.(aos papás albinos dá-lhes geito!). Retiram-lhes a liberdade de não ter uma aula quando os professores da turma faltam e impigem-lhes professores deslocados no meio de uma turma que lhes é estranha: mandam os professores substitutos para a cabeça do touro, encarados pelos alunos como intrusos gozáveis. A ministra veio hoje dizer que ao nível das contestadas aulas de substituição está tudo bem, afinal todos se adaptaram às novas circunstâncias. Mas é mais uma mentira. Ela nunca deu aulas de substituição e agora nem sequer pode sair mais à rua. Os miúdos não lhe perdoam. Os jovens não perdoam a mentira.
Por isso quando ouvi que lhe mandaram com ovos tive que me rir, porque tudo começa a ser risível de tão ridículo que se tornou este apego à mentira, esta obstinada teimosia dos nossos governates, que se contagia entre eles como uma praga que os há-de dizimar. E afirmei perante os meus filhos que de facto foi pena não se terem sabido conter: não terem esperado mais uns segundos para dar tempo a ela sair do carro e se aproximar de forma a atingirem em cheio o seu ridículo alvo.
Como educadora preocupada que sou, não posso deixar de condenar que se desperdissem ovos bons, com a fome que vai pelo mundo. Para a próxima atirem-lhe com tomates dos podres, porque ela é merecedora de toda a vossa indignação mas, como disse um dos estudantes: tivemos que usar o que estava ao nosso alcance.
Menos esperança tenho nos pais, e falo com conhecimento de causa pois tive oportunidade de constatar no terreno que existem mais Albinos do que se possa supor. Talvez, face à instabilidade instalada, ainda venham a compreender o que se passa na escola pública, nem que para tal seja mesmo preciso os professores tomarem a iniciativa de começar a alertá-los dando-lhes exemplos práticos, tão reais quanto ridículos e absurdos. E que sejam os seus próprios filhos a darem o primeiro passo na revolta contra um modelo de escola que abominam. Não se espere que sejam eles, pais, a se informar, pois são mesmo (ou principalmente) os que se julgam mais informados que, em consequência, são os mais desinformados, ou seja são aqueles que lêem os jornais e vêem os noticiários que a comunicação social mais procura baralhar e desinformar, voltando tudo ao contrário, dando demasiado ênfase à avaliação (porque sabem que eles pensam daquela forma bem portuguesinha: se eu lá no meu serviço estou a ser lixado com a avaliação, por que não hão-de os sacanas dos professores de ser também sacaneados?) e procurando esconder dos pais e dos cidadãos em geral que o que está verdadeiramente em causa é a destruição da escola pública e do futuro das novas gerações.
quarta-feira, novembro 12, 2008
À deriva...
Ortega y Gasset, in "A Rebelião das Massas"