terça-feira, setembro 30, 2008

Não sou professora mas vou lá estar hoje

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Marcha da Indignação: 100 000 professores e apoiantes

Segunda-feira, 29 de Setembro de 2008
FENPROF e FNE ignoram concentração de professores para amanhã, à frente do ME

Hoje é segunda-feira, véspera da concentração dos professores de educação especial excluídos do concurso. São cerca de 300 os colegas excluídos. Convocaram uma concentração para amanhã, dia 30, pelas 15:00, em frente do ME, na 5 de Outubro. Pediram autorização ao Governo Civil de Lisboa. A autorização foi dada e a concentração vai realizar-se. O blog Sinistra foi o primeiro a aderir à iniciativa. O ProfAvaliação seguiu o exemplo do Sinistra e apelou à solidariedade com os colegas de educação especial. O apelo está no topo esquerdo do ProfAvaliação. Seria de esperar que a FENPROF e a FNE aderissem à concentração ou, pelo menos, apelassem aos professores para se juntarem aos colegas de educação especial. Hoje é dia 29 de Setembro, véspera da concentração e a Página Web da FENPROF ignora a concentração. O mesmo com a Página Web da FNE . Há algo de misterioso na posição dos sindicatos. Com esta atitude, dão força aos que apelam à desfiliação sindical. Terá este alheamento, esta passividade, alguma coisa a ver com o memorando de entendimento? O que é que os sindicatos ganharam com ele? De onde partiram as ordens de desmobilização? De Carvalho da Silva? Do PCP? Do PSD? Do PS? Urge reflectir sobre isto. Quer dar a sua opinião?

Publicada por ProfAvaliação em 8:05

Etiquetas: Educação especial

15 comentários:

Anónimo disse...

Façam circular a informação por mail e/ou sms com o apelo expresso que consta do lado esquerdo do blogue. Os professores que estejam mais próximos da capital poderão deslocar-se mais facilmente (!)
Já o fiz.
Isto não pode continuar.
Ana
29 de Setembro de 2008 8:38

Anónimo disse...

Os sindicatos ao assinarem o Entendimento cometeram uma traição em relação a todos os milhares que gritaram não!
Portanto, se não houvesse por alí outros interesses partidários e de timing eleitoral não o teriam feito.
A confusão e mal-estar reina nas escolas. Todos sabiam que este modelo de avaliação iria esgotar os professores e afastá-los do seu objectivo principal que é ensinar bem.
Se continuarem nesta atitude de cegueira, arriscam-se a perder os seus associados. Gostava de saber quantos já o fizeram e como é possível continuarem a existir tantos sindicatos!
Assim, para mim, sindicatos destes não, obrigado!

A.C.
29 de Setembro de 2008 8:45

professora disse...

Isto só mostra que, se estivermos à espera dos sindicatos não chegaremos a lado nenhum. Está mais que claro que não podemos contar com eles. No ano passado aproveitaram-se do levantamento dos professores por todo o país, para ganharem protagonismo, como se eles fossem os grandes mentores, mas no prório dia da grande manifestação assustaram-se com as proporções que a luta estava a tomar. A revolta era maior do que podiam imaginar e podia ficar fora de controlo, o que era um perigo. Logo, alguém se mexeu para apagar o fogo e, apesar das promessas, resultou um "entendimento". Fica, pois, claro que temos que ser nós a lutar pelo que consideramos não apenas justo mas um dever para connosco, e para o país.

29 de Setembro de 2008 9:12


profavaliação disse...

Estaremos a assistir ao início de uma nova era: uma era em que os sindicatos se tornaram organizações irrelevantes porque totalmente absorvidas pelo sistema e pelos poderes políticos e partidários? O que é que aí vem?

29 de Setembro de 2008 9:49

Anónimo disse...

Façam circular a ordem:desfiliação sindical!

29 de Setembro de 2008 12:41

Moriae disse...

Ramiro, excelente post e questões! Não se entende! É uma vergonha!!! Apesar de não me surpreender ...

Vou 'copiar' e citar, ok?

Abraço,
M.

29 de Setembro de 2008 13:02

profavaliação disse...

Sim, Moriae, podes copiar e fazer circular. Isto é demais!
29 de Setembro de 2008 18:43

Anónimo disse...

Temos sindicatos que são uma vergonha , não se consegue entender este silêncio a não ser de grande comprometimento com o ME. O mal estar reina nas escolas , mas também o medo, e com a nova gestão o compadrio renasce.

29 de Setembro de 2008 20:23

Anónimo disse...

Alguém tem que tomar a dianteira , e formar uma nova onda, como a de 8 de março. Os sindicatos (os vendilhões) não foram eles sózinhos que mobilizaram os professores.

29 de Setembro de 2008 20:31

Moriae disse...

Ramiro,

já passei a ideia a quem pude e como pude.

E já agora, esta no Público: Fenprof pede reunião urgente para debater clima "muito negativo" nas escolas (http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1344307&idCanal=58)

Pois ... será que pretendem debater o clima muito negativo nas escolas ou tentar 'climatizar' o péssimo clima com os professores??? - é que connosco o termostato não funciona até porque nem temos temperatura decente em muitas escolas, ou por falta de aquecimento ou por excesso já que em algumas escolas temos quarenta e tal graus ... mais vinte e tal alunos ...

Também não sei o que aí vem mas ... cada vez mais vejo excelentes profissionais a sair desta coisa que não é realmente nada digna ...

Abraço,
M.

29 de Setembro de 2008 20:41

Anónimo disse...

Para esses senhores só tenho uma resposta: vou lá estar. Amanhã vou leccionar até às 13:30 e vou fazer cerca de 100 km, mas faço questão de lá estar (já não faço tanta questão em estar na próxima convocada pelos sindicatos). O meu agradecimento a todos os que divulgaram a mensagem.

29 de Setembro de 2008 21:07

Moriae disse...

É assim mesmo colega!
Tomara eu poder fazer o mesmo.
Solidariedade!
M.

29 de Setembro de 2008 21:12

Safira disse...

Todos eles nos tramaram. Este silêncio é sinal de culpa. Eu já entreguei o meu cartão ao sindicato...

Já divulguei a concentração de amanhã, enviei mails a mais de 200 professores. Eu estarei lá!

Abraço solidário,

Safira

29 de Setembro de 2008 23:38

Cocas disse...

Colegas, os Professores de Educação Especial excluídos agradecem todo o apoio!
Contamos com todos amanhã!

Obrigada

30 de Setembro de 2008 0:30

Kaotica disse...

Não sou professora, sou encarregada de educação; felizmente não tenho filhos com NEE, mas estive na Marcha da Indignação e amanhã vou lá estar em solidariedade com todos os professores que continuam a lutar pela sua profissão e pela Escola Pública.

30 de Setembro de 2008 1:08

in ProfAvaliação



Pensamento das altas da madrugada

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furtado algures na Net


Quantos destes professores
voltarão tão cedo
a pegar numa bandeira do sindicato?

segunda-feira, setembro 29, 2008

ZONA LIVRE

Picasso
Pus o bivaque na gaiola
e saí de pássaro na cabeça.
Então?
já não se faz a continência?
perguntou o comandante
Não
já não se faz a continência
respondeu o pássaro
Ah bom
desculpe, pensei que fazia
disse o comandante
Está desculpado, qualquer um pode enganar-se
respondeu o pássaro.

(Trad. de Manuela Torres do poema "Quartier Libre" de Jacques Prévert)

domingo, setembro 28, 2008

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Imagem Kaótica

No domínio da legislação laboral, "o Governo não está a fazer nem mais nem menos do que outros países, com modelos sociais bem mais avançados que nós, têm vindo a fazer nos últimos anos".
Vieira da Silva, ministro do Trabalho

sábado, setembro 27, 2008

quarta-feira, setembro 24, 2008

A Intel está dentro, os idiotas somos nós

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Leituras recomendadas:

- o post "O Magalhães da Intel" do Kaos e;
- os artigos do IOL Diário «Magalhães», um computador pouco português e

Apresentado com pompa e circunstância por José Sócrates, trata-se de um produto totalmente idealizado pela Intel (Filipe Caetano)

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- «Magalhães»: quem vence a guerra dos portáteis para crianças? (Filipe Caetano):

"(...) é estranho que a Intel fique como conselheira tecnológica do Ministério responsável. Será que convidariam a Opel para conselheira da indústria automóvel?», questiona, assumindo a perplexidade: «Há aqui uma perda de autonomia de escolha no futuro. Para além disso, não foi bem esclarecido a verba despendida por cada aluno. Não me parece que tenha sido um processo totalmente transparente». (vale a pena ler na totalidade ...)" (idem)


Publicada por Moriae em 'a sinistra ministra' a 9/23/2008

terça-feira, setembro 23, 2008

Sim mas também

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A ideia que não procura converter-se em palavra é uma má ideia, e a palavra que não procura converter-se em acção é uma má palavra.

(Chesterton)

Mas há ideias que convertidas em palavras continuam a ser más ideias e há palavras más que, convertidas em acções se tornam ainda piores.

Assista ao video exemplificativo aqui

domingo, setembro 21, 2008

J.M.Branco, A.V. Almeida - Eh companheiro !

Dedicado aos companheiros do Cheira-me a Revolução!

Obs. O tipo de barbas do coro parece o Pacheco Pereira mas não é o Pacheco Pereira

Stresse criativo

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Foto pescada na Net

Realmente o epíteto de “kaótica” não me podia assentar melhor. Só me consigo organizar em situação limite. Até lá vou folgando as costas e pensando, apenas pensando como posso dar volta a isto. Pareço uma professora acossada desta era burocrática, afogada em papelada. O próprio espaço em que me movo é caótico: pilhas de papéis que vou guardando por considerar importantes para memória presente e futura; ainda tenho Expressos dos anos 80 para fazer recortes! Sacos de documentos para organizar, às vezes já separados por assuntos. Pastas de documentos que têm que estar à mão e por isso não podem estar arrumados. E, com o quarto destinado a ser escritório ocupado com mais caixotes de livros e papéis, é em plena sala de estar que tudo se espraia. Mas eis que de repente é preciso reunir documentação para uma reunião para o dia seguinte, suponhamos. Aí pareço um funcionário competente e o que me vale é a minha desarrumação desorganizada que vai-se a ver e tem uma lógica. Uma preciosa intuição que me faz ir aos sítios certos no momento oportuno e uma surpreendida descoberta da intenção que já se vinha construindo desde o primeiro papel guardado. Nessas aturas de aperto verdadeiras revoluções se operam nesta casa.

sexta-feira, setembro 19, 2008

Exposição sindical em tempos de Salazar

Foto de finais do século XIX (daqui)

(Recebido por mail como gentil contributo para O Pafúncio)

Conta-se que este poema foi dirigido ao Ministro da Agricultura do governo de Salazar, como forma de pedir adubos. Por mais estranho que pareça, o senhor que o escreveu não foi preso e Salazar até se fartou de rir (??!!!) quando o leu:



- E X P O S I Ç Ã O -

Porque julgamos digna de registo
a nossa exposição, senhor Ministro,
erguemos até vós, humildemente,
uma toada uníssona e plangente
em que evitámos o menor deslize
e em que damos razão da nossa crise.

Senhor: Em vão, esta província inteira,
desmoita, lavra, atalha a sementeira,
suando até à fralda da camisa.
Falta a matéria orgânica precisa
na terra, que é delgada e sempre fraca!
- A matéria, em questão, chama-se caca.

Precisamos de merda, senhor Soisa!...
E nunca precisámos de outra coisa.

Se os membros desse ilustre ministério
querem tomar o nosso caso a sério,
se é nobre o sentimento que os anima,
mandem cagar-nos toda a gente em cima
dos maninhos torrões de cada herdade.
E mijem-nos, também, por caridade!

O senhor Oliveira Salazar
quando tiver vontade de cagar
venha até nós solícito, calado,
busque um terreno que estiver lavrado,
deite as calças abaixo com sossego,
ajeite o cú bem apontado ao rego,
e… como Presidente do Conselho,
queira espremer-se até ficar vermelho!

A Nação confiou-lhe os seus destinos?...
Então, comprima, aperte os intestinos;
se lhe escapar um traque, não se importe,
… quem sabe se o cheirá-lo nos dá sorte?
Quantos porão as suas esperanças
n'um traque do Ministro das Finanças?...
E quem vier aflito, sem recursos,
Já não distingue os traques dos discursos.

Não precisa falar! Tenha a certeza
que a nossa maior fonte de riqueza,
desde as grandes herdades às courelas,
provém da merda que juntarmos n'elas.

Precisamos de merda, senhor Soisa!...
E nunca precisámos de outra coisa.

Adubos de potassa?... Cal?... Azote?...
Tragam-nos merda pura, do bispote!
E todos os penicos portugueses
durante, pelo menos uns seis meses,
sobre o montado, sobre a terra campa,
continuamente nos despejem trampa!

Terras alentejanas, terras nuas;
desespero de arados e charruas,
quem as compra ou arrenda ou quem as herda
sente a paixão nostálgica da merda…

Precisamos de merda, senhor Soisa!...
E nunca precisámos de outra coisa.

Ah!... Merda grossa e fina! Merda boa
das inúteis retretes de Lisboa!...
Como é triste saber que todos vós
Andais cagando sem pensar em nós!

Se querem fomentar a agricultura
mandem vir muita gente com soltura.
Nós daremos o trigo em larga escala,
pois até nos faz conta a merda rala.

Venham todas as merdas à vontade,
não faremos questão da qualidade.
Formas normais ou formas esquisitas!
E, desde o cagalhão às caganitas,
desde a pequena poia à grande bosta,
de tudo o que vier, a gente gosta.

Precisamos de merda, senhor Soisa!...
E nunca precisámos de outra coisa.


Pela Junta Corporativa dos Sindicatos Reunidos, do Norte, Centro e Sul do Alentejo


Évora, 13 de Fevereiro de 1934


O Presidente

D. Tancredo (O Lavrador)

Cheira-me a Revolução!

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clique para seguir o link

De tempos a tempos a Kaótica deixa O Pafuncio entregue à sua sorte e muda-se para o Cheira-me a Revolução! um blogue colectivo recém-criado por um grupo que por uma feliz circunstância se encontrou no II Encontro de Blogues da Festa do Avante. O blogue é a prova viva de que apesar das maiores ou menores divergências político-partidárias, é possível unirmo-nos num projecto comum e pô-lo em acção.

Hoje foi o meu dia de estreia. Por isso vos convido a visitar o blogue, a lê-lo (dando também alguma atenção aos comentários que por lá se encontram), a deixar os vossos próprios comentários e a divulgar o blogue.

E se tiverem alguma ideia que possa abrir portas à Revolução, não hesitem em partilhá-la com este grupo. A nós cheira-nos a revolução e a vocês?

(Leia aqui o post A Revolução é para Ontem!)

quinta-feira, setembro 18, 2008

Carta de um reformado aos colegas professores

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Imagem daqui


Testemunho de um professor reformado
Retirado do blog Matemática e Jogos Estratégicos Matemáticos por Sinistra Ministra

Testemunho do colega J. Moedas Duarte que merece aqui completa transcrição.

Fui professor durante 37 anos na Escola P. Francisco Soares de Torres Vedras e reformei-me em Janeiro passado.
Hoje, dia 1 de Setembro, senti necessidade de voltar à escola para dar um abraço solidário aos meus colegas.
Num expositor da Sala de Professores deixei este texto, que partilho agora com o grupo mais alargado dos leitores deste blogue, cujo mérito tenho divulgado sempre que posso.

CARTA ABERTA AOS MEUS COLEGAS PROFESSORES

Pela primeira vez em muitos anos não retomo a actividade docente no início do ano lectivo. Mas não o lamento e é isso que me dói. Sempre disse que queria ficar na escola mais alguns anos para além do tempo da reforma, desde que tivesse condições de saúde para tal. Contudo, vi-me “obrigado” a sair mais cedo, inclusive aceitando uma penalização de 4,5% sobre o vencimento.
Não sou protagonista de nada: o meu caso é apenas mais um no meio de milhares de professores a quem este Governo afrontou. Só quem não conhece as escolas e tem uma ideia errada da função docente é que não entende isto.
É doloroso ouvir pessoas que sempre deram o máximo pela sua profissão, que amam o ensino e têm uma ligação profunda com os alunos, a dizerem que estão exaustas e que lamentam não serem mais velhas para poderem reformar-se já. Vejo com enorme tristeza estes colegas a entrarem no ano lectivo como quem vai para um exílio. Compreendo-os bem…
Este estado de coisas tem responsáveis: são a equipa do Ministério da Educação e o Primeiro-ministro.
A eles se deve a criação de um enorme factor de desestabilização e conflito nas escolas que é a divisão artificial da carreira docente entre “professores titulares” e os outros que o não são. Todos fazem o mesmo, a todos são pedidas as mesmas responsabilidades, mas estão em patamares diferentes, definidos segundo critérios arbitrários.
A eles se deve um sistema de avaliação de desempenho que não é mais do que a extensão administrativa daquele erro colossal.
A eles se deve a legislação que não reforça a autoridade dos professores na escola, antes os transforma em burocratas ao serviço de encarregados de educação a quem não se pedem responsabilidades e de alunos a quem não se exige que estudem e tenham sucesso por mérito próprio.
No ano passado 100 000 mil professores na rua mostraram que não se conformavam com este estado de coisas. O Governo tremeu. Mas os Sindicatos de professores não souberam gerir esta revolta legítima. Ocupados por gente que não dá aulas, funcionalizados e alienados pelo sistema, apressaram-se a assinar um acordo que nada resolveu, antes adiou um problema que vai inquinar o ano lectivo que hoje começa.
Todos os que podem estão a vir-se embora das escolas, é a debandada geral. Gente com a experiência e a formação profissional de muitos anos, que ainda podiam dar tanto ao ensino, retiram-se desgostosos, desiludidos, magoados. Deixaram de acreditar que a sua presença era importante e bateram com a porta. O Governo não se importa, nada faz para os segurar: eram gente que tinha espírito crítico e resistia. «Que se vão embora, não fazem cá falta nenhuma!»Não, não tenho pena de não voltar à escola. Pelo contrário: entro em Setembro com um enorme alívio. Mas não me sinto bem. Estou profundamente solidário com os meus colegas de profissão e tenho a estranha sensação de que os abandonei, embora saiba quanto isso é pretensioso da minha parte. Vejo com apreensão e desgosto que, trinta e sete anos depois de começar a ser professor, a escola não está melhor.
Sim, regressarei hoje à escola. Mas só para dar um imenso abraço àqueles que, corajosamente, como professores no activo, enfrentam um novo ano lectivo.

Torres Vedras, 1 de Setembro de 2008
Joaquim Moedas Duarte

Um professor anónimo e humilhado, tal como milhares de outros professores

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Marcha da Indignação, 08/03/2008
(foto encontrada na net)


"Um relato verídico de uma vida a lutar por nada....

Aos meus alunos, aos Pais dos meus alunos, aos professores e a todos os meus concidadãos

Tenho cinquenta e tal anos de idade, trinta e muitos dos quais como docente no ensino secundário e no ensino superior.

Fiz a Licenciatura com 16 valores, o Estágio Pedagógico com 18 e um mestrado em Ciências da Educação com Muito Bom.
Dediquei a minha vida à Escola Pública. Fui Presidente do Conselho Executivo (dois mandatos), orientador de estágio pedagógico (3 anos), delegado de grupo / coordenador de departamento (dois mandatos), Presidente do Conselho Pedagógico (um mandato) e director de turma durante vários anos.

Nos últimos tempos leccionei no ensino superior, com ligação permanente à formação de professores. Desempenhei vários cargos pedagógicos, participei em múltiplos projectos e desenvolvi dois trabalhos de elevado valor científico.
Entretanto, regressei ao ensino secundário e à minha escola de origem.
Alguns dos antigos colegas, embora mais novos do que eu e com menos tempo de serviço (compraram o tempo, explicaram-me depois) já se tinham reformado. Eu também já tinha idade, mas faltavam-me alguns meses para o tempo necessário quando mudaram as regras do jogo. E como se não bastasse a alteração dessas regras, é aprovado, entretanto, um novo estatuto para a carreira docente. E logo de seguida é aberto o concurso para professores titulares. Um concurso para uma nova categoria onde eu não tinha lugar!
Não reunia condições. Mesmo com um Mestrado em Ciências da Educação e sem ter dado uma única falta nos últimos sete anos, o meu curriculum valia, apenas, 93 pontos! Faltavam 2 pontos para o mínimo exigido a quem estivesse no 10º escalão.

Com as novas regras, o meu departamento passou a ser coordenado, a partir do presente ano lectivo, por um professor titular. Um professor que está posicionado no 8º escalão. Tem menos 15 anos de serviço do que eu. Foi meu aluno no ensino secundário e, mais tarde, meu estagiário. Fez um bacharelato com média de 10 valores e no estágio pedagógico obteve a classificação de 11 valores. Recentemente concluiu a licenciatura numa estabelecimento de ensino privado, desconhecendo a classificação obtida. É um professor que nunca exerceu qualquer cargo pedagógico, à excepção de director de turma. Nos últimos sete anos deu 84 faltas, algumas das quais para fazer 15 dias de férias na República Dominicana (o atestado médico que utilizou está arquivado na secretaria da escola, enquanto os bilhetes do avião e a factura do hotel constam de um outro processo localizável). O seu curriculum vale 84 pontos, menos 9 pontos do que o meu. Contudo, este docente foi nomeado professor titular.

De acordo com o Senhor Primeiro Ministro e demais membros do seu Governo, com o apoio do Senhor Presidente da República e, agora, com o apoio dos dirigentes sindicais, este professor está em melhores condições do que eu para integrar ' (...) um corpo de docentes altamente qualificado, com mais experiência, mais formação e mais autoridade, que assegure em permanência as funções de organização das escolas para a promoção do sucesso educativo, a prevenção do abandono escolar e a melhoria da qualidade das aprendizagens.'

A conclusão, embora absurda, é clara: se eu estivesse apenas no 9º escalão, e com os mesmos pontos, seria considerado um docente altamente qualificado, com mais experiência, mais formação e mais autoridade. Como estou no 10º escalão, e não atingindo os 95 pontos, eu já não sou nada.

Isto é o resultado de uma selecção feita com base na '(...) aplicação de uma grelha de critérios objectivos, observáveis e quantificáveis, com ponderações que permitam distinguir as experiências profissionais mais relevantes (...)[onde se procurou] reduzir ao mínimo as margens de subjectividade e de discricionariedade na apreciação do currículo dos candidatos, reafirmando-se o objectivo de valorizar e dar prioridade na classificação aos professores que têm dado provas de maior disponibilidade para assumir funções de responsabilidade.' É assim que 'reza' o DL 200/2007, de 22 de Maio. Admirável!

Agora consta por aí (e por aqui) que aquele professor (coordenador do meu departamento) me irá avaliar...
Não, isso não será verdade. Esse professor irá, provavelmente, fazer de conta que avalia, porque só pode avaliar quem sabe, quem for mais competente do que aquele que se pretende avaliar.
O título de 'titular' não é, só por si, suficiente. Mesmo que isto seja só para fazer de conta...

Conhecidos que são os meus interesses, passo ao principal objectivo desta carta, que é, simplesmente, pedir perdão!

Pedir perdão, em primeiro lugar, aos meus alunos. Pedir perdão a todos os Pais dos meus zlunos. Pedir perdão porque estou de professor, mas sem me sentir professor. Tal como milhares de colegas, humilhados e desencorajados, sinto-me transformado num funcionário inútil, à espera da aposentação.
Ninguém consegue ser bom professor sem um mínimo de dignidade. Ninguém consegue ser bom professor sem um mínimo de paixão.

As minhas aulas eram, outrora, coloridas, vivas e muito participadas.
Com acetatos, diaporamas, vídeos, powerpoint, etc. Hoje é, apenas, o giz e o quadro. Só a preto e branco, com alguns cinzentos à mistura.
Sinto-me desmotivado, incapaz de me empenhar e de estimular. Receio vir a odiar a sala de aulas e a própria escola. Receio começar a faltar para imitar o professor titular e coordenador do meu departamento (só não irei passar férias para a República Dominicana porque tenho outras prioridades...). Receio que os professores deste País comecem a fingir que ensinam e a fingir que avaliam. Sim, porque neste país já tudo me parece a fingir.

Cumprimentos.

(Um professor anónimo e humilhado, tal como milhares de outros professores)"

Retirado da Sinistra Ministra

quarta-feira, setembro 17, 2008

Hoje, reunião da Comissão Nacional pela Ruptura com a UE


Constituição da Comissão Nacional para defender:

· Uma Política que reate com o 25 de Abril

· A União Livre das Nações Soberanas de toda a Europa

· A Ruptura com a União Europeia

Caros amigos e camaradas,

Realizou-se, no passado dia 13 de Setembro, em Lisboa, um Encontro em que participaram, entre outros, estudantes e docentes da zona de Lisboa, e operários e pequenos comerciantes da zona da Marinha Grande / Leiria.

Partilhando diferentes opiniões políticas – em resultado das suas experiências de vida e das correntes do movimento operário com que mais se identificaram ou ligaram – temos como base comum a assinatura de um Apelo para a constituição de uma “Comissão Nacional pela Ruptura com a União Europeia”, que foi subscrito por mais 70 militantes, trabalhadores e jovens.

Os militantes presentes na reunião tiveram também conhecimento da audiência concedida pelo secretário de Vladimir Spidla (Comissário europeu para o Emprego, os Assuntos Sociais e a Igualdade de Oportunidades) a uma delegação constituída por dirigentes sindicais de nove países europeus, no dia anterior, bem como da sua decisão em continuar a batalha política que os levou a ter aquela audiência, convocando nessa base um Encontro europeu.

(Os detalhes sobre os resultados desta delegação e a iniciativa do referido Encontro, serão oportunamente divulgados, logo que nos chegue mais informação.)

Após um debate fraterno e livre entre todos os presentes, foi aprovada a constituição dessa Comissão Nacional, tendo como base o texto que vos enviamos em anexo.

Aprovaram-se ainda um conjunto de iniciativas, visando desenvolver o trabalho político, que permita com que a Comissão em Defesa de uma política socialista, pela União Livre das Nações Soberanas de toda a Europa, de Ruptura com a UE, atinja os objectivos por todos pretendidos, contribuindo para abrir uma perspectiva política positiva ao conjunto dos trabalhadores portugueses.

Para planear a concretização das propostas aprovadas, terá lugar na próxima quarta-feira, dia 17 de Setembro, pelas 18 horas, no espaço que o POUS colocou à disposição destes militantes situado na:

Rua de Santo António da Glória, nº 52 B, cave C, em Lisboa

A reunião é naturalmente aberta, e, por conseguinte, serão bem-vindos todos quantos quiserem participar no desenvolvimento do trabalho, ou sugerir novas propostas que o enriqueçam.

Saudações de Abril

Lisboa, 14 de Setembro de 2008

Pel’A Comissão Nacional

Carmelinda Pereira

(recebido por mail)

Homenagem Post-Mortem

Pink Floyd-Brain Damage/Eclipse

terça-feira, setembro 16, 2008

UM URSO TRIPEIRO NUMA ILHA DESERTA

Os videos que as nossas crianças nos dão a conhecer!

Anima Mundi

Queremos a escola pública portuguesa convertida num antro?

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Hoje foi dia de recepção dos alunos e de reunião com os pais. A direcção da escola teve a coragem de enfiar os pais e encarregados de educação de todo o 1º. ciclo mais os das sete turmas do 5º. ano no refeitório da escola. Quando cheguei uma funcionária auxiliar tentou barrar-me o caminho dizendo que a reunião estava superlotada, e estava (!). Havia pais que apenas conseguiam enfiar a cabeça por uma das janelas a partir do exterior para tentar apanhar qualquer coisa que valesse a pena ser ouvido. Qual quê! A reunião durou mais de uma hora com os pais enchouriçados dentro da cantina a tentar ouvir o show-off da senhora presidenta. Para os que lá estavam pela a primeira vez aquilo foi uma seca apesar de ainda terem esboçado uns sorrisos nas partes mais penosamente hilariantes. Para os recorrentes o discurso foi o dejà-vu de todos os inícios do ano lectivo, com partes exactamente iguais, de uma má comediante que repete sempre todos os anos os mesmos gags, com os mesmos clichés. A seguir os pais foram dali para outra reunião com os directores de turma, onde estes procuravam encarecidamente não esquecer nenhuma das muitas informações a dar aos pais. Por amor de Deus que não esquecessem de justificar as faltas para jamais terem que pôr em prática os normativos absurdos do novo Estatuto do Aluno que os faz fazer provas de recuperação sucessivas das matérias dadas durante as aulas em falta. Que por favor dessem o pequeno-almoço aos meninos para a professora não ter que voltar a partilhar a sua banana com um menino a desfalecer ao fim da manhã. Resumindo: as reuniões terminaram já passava muito do meio-dia e o resultado certo é que a maior parte desses pais que ali perderam uma manhã de trabalho tão cedo não o poderá voltar a fazer. Eis a fórmula repetida que ao longo dos anos tem afastado com mestria e requintes de malvadez os pais da escola. A futura directora em tempos de avaliações tentou fazer passar a mensagem que a porta da escola é uma porta aberta. Mas os que já conhecem a realidade sabem que para os pais a porta está aberta para a saída. Os que o sabem, sabem-no; aos novos a escola há-de se encarregar de lhes ensinar que apenas uns poucos, muito poucos, serão bem vindos. Esta é a escola das falsas aparências onde as relações interpessoais são cada vez mais superficiais e mesmo inexistentes, a escola da dissimulação. Que conste que tudo correu bem é o que todos querem, pais e escola. Os professores esses estão acossados. Encerrados na instituição, a fazer um esforço suplementar por fazer aquilo em que não acreditam: a pôr em prática leis absurdas que se viram contra os próprios; a mostrarem serviço aos olhos de quem os avaliará. Não imagino como estará o ambiente nos bastidores das salas dos docentes; mas sei o ambiente que se intoxica cá fora: pequenos grupos de pais conspiram como abutres engendrando a melhor maneira de se apossarem dos lugares de um Conselho Geral ainda que transitório. A futura directora exalta e vai reunindo as suas hostes escolhendo a dedo quem a mantenha. A escola pública converteu-se num antro. Só as crianças ainda valem a pena.

segunda-feira, setembro 15, 2008

Boletim da Comissão de Defesa da Escola Pública (link para o PDF)


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A todos que se interessem pelos problemas do Ensino e da Escola Pública recomendo a leitura do Boletim de Julho da Comissão de Defesa da Escola Pública, resultante do Encontro de 19/Abril.

LER AQUI

Esquerdas enviezadas

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Como sei que vocês não vão ler por ser muito extenso, aqui vai uma notícia comentada por um professor do ensino secundário que tenho o prazer de conhecer pessoalmente e a quem pedi para colocar aqui n' O Pafúncio.


Dos noticiários:

[Vital Moreira, conhecido professor univeristário, constitucionalista, ex-membro e deputado do PCP, actualmente um destacado apoiante do governo do PS]

"A esquerda da esquerda, a esquerda 'de protesto' segue uma bizarra narrativa, em que ela própria não acredita, dizendo que se assiste à destruição do Estado social. Este Governo pede meças em defesa da escola pública", declarou o docente universitário.

Antes de lamentar que a oposição de esquerda confunda a defesa da escola pública com a recusa de mudanças, Vital Moreira sublinhou a importância da avaliação para que a escola pública não abandone para os privados "a dimensão da excelência".

"Não se trata apenas de tirar boas notas. A escola pública em relação aos privados tem a vocação da universalidade", frisou.

Vital Moreira sustentou também que as diferenças políticas entre a esquerda e a direita são "incontornáveis" ao nível da educação.

Depois de caracterizar a direita como portadora de valores como a responsabilidade individual e a favor da redução do Estado social, o constitucionalista frisou que a esquerda para ser fiel aos seus valores "tem de dar primazia à educação.

"O direito universal ao ensino continua a ser uma luta inacabada para combater a exclusão", considerou

Comentário: A defesa da escola pública era durante o século passado uma bandeira dos socialistas reformistas, quer estivessem no PS, quer noutras forças, que se designam como mais «radicais» mas sem o serem, além do discurso. O século XXI assistiu ao desmantelar da escola pública, tal como outras componentes do chamado «estado social», por aqueles mesmos que se proclamavam os seus lídimos defensores. O facto é por demais conhecido, não restando no «povo de esquerda» uma capacidade de resposta à altura do desafio, por causa da traição das elites (mais uma vez) às causas populares).

O facto da escola pública ser destruída tem a ver com a necessidade de criar mercado para o ensino privado. A escola pública passa a ser impedida de concorrenciar os privados. Tem apenas um papel supletivo, conforme está consignado nos acordos ao nível dos serviços (GATS) assinados em 99 pelos governos de todos os países da OMC (portanto todos os da UE de então). Nestes, incluía-se uma série de governos com «socialistas» e mesmo com «comunistas» (governo Jospin, em França).

Tudo que que Vital Moreira pode afirmar que a direita não esconde sob roupagens demagógicas a sua ansiedade em oferecer à gula dos privados os sectores rentáveis da escola pública; enquanto a esquerda à ele qual pertence actualmente tem «pudor» de o proclamar embora seu currículo no desmantelamento desta escola pública seja impressionante (vide os mais de mil e quinhentos estabelecimentos do ensino básico já extintos em dois anos, com enorme percentagem do interior norte) . Certamente, ela dispõe de arautos «muito encartados» para afirmar em juras solenes exactamente o contrário dos próprios factos!

Quanto ao PCP e BE, nem um nem outro são excessivamente alarmistas, mas o contrário; têm-se pautado por uma política tão moderada (nos actos, não verbalmente) que mais pareece conivência objectiva. Evidências? Os sindicatos da FENPROF do continente são dominados por estas duas correntes. Os sindicatos não fizeram mais do que desbaratar o potencial de luta, traindo a própria greve geral em 2005. Não fizeram nem fazem a união com as forças dos outros sindicatos de professores ou da função pública, para pressionar o governo, mas para apresentar um «ramalhete» de dirigentes a negociações, onde nada de importante o governo aceita negociar, mas os sindicatos continuam a fazer o frete. São simulacros de «negociação». O teatro assumiu foros de escândalo com a reviravolta pós- manifestação histórica de 8 de Março de 2008, em que os mesmos que a organizaram e foram porta-vozes da posição dos manifestantes na tribuna do Terreiro do Paço, vieram desdizer o compromisso solene aí assumido por eles perante o país e não apenas os 135 mil manifestantes. Estes senhores serviram o governo PS, no intuito de destruir a carreira docente, com tanto ou mais eficácia quanto a própria ministra!!

Agora continua a ficção de cenários de «luta» (infelizmente, entre aspas!) porque estão com olho nas eleições e sabem que não podem assustar o centrão, o eleitor PS que está descontente com o governo e está tentado a votar mais à esquerda.

É assim que esses senhores, da escola ideológica de Vital Moreira, quase todos, estão a oferecer a escola pública, para transformação numa negociata entre autarquias e privados, para poderem depois vir chorar lágrimas de crocodilo (autêntico!) enquanto abocanham nos seus respectivos «baluartes» municipais com os despojos do que já foi um sistema nacional e unificado de saberes, práticas, currícula, dispositivos institucionais.

TRISTISSIMO VERIFICAR AS PALHAÇADAS E CAMBALHOTAS DE UNS DE OUTROS E A AUSÊNCIA DE ESPÍRITO CRÍTICO DE MUITAS BOA GENTE, QUE AINDA SE DEIXA REALMENTE ENGANAR COM OS CANTOS DE SEREIA DAS «ESQUERDAS»... AFINAL O QUE FALTA É DAR-SE ATENÇÃO ÀS PROPOSTAS DE ALTERNATIVAS E DE LUTA CONCRETA.

CREIO QUE SOMENTE UMA ESQUERDA ANTI-CAPITALISTA E ANTI-AUTORITÁRIA, NESTE PAÍS, TEM CONDIÇÕES PARA O FAZER.


Manuel Baptista


(recebido por mail)

domingo, setembro 14, 2008

Reflexões das altas da madrugada

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Reparei agora mesmo numa coisa extraordinária: sempre que trago aqui para O Pafúncio conteúdos políticos ou apelos ou comunicados ou documentos teóricos de intervenção política, os comentários são nulos. É que nem para concordar nem para discordar, será por terem letras a mais? Mas no post sobre as caralhadas do Chávez tive uns quantos comentários engraçados, até me veio aqui visitar o tal de anónimo que gosta à brava dos americanos e os considera uns heróis a quem deviamos todos estar eternamente gratos (talvez por terem sido os primeiros a experimentar realmente a bomba atómica?!) e fazer todos os favores. Não vou comentar a ausência de comentários, cada um lá terá as suas razões. Mas não posso deixar de tirar uma conclusão imediata: o Chávez é um estratega da comunicação e exprime-se numa linguagem que todos entendem. Mandar tudo para o caralho é o que está a dar em termos comunicacionais.

Comissão de ruptura com a UE, pela União Livre das Nações Soberanas da Europa

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Reuniram hoje na Biblioteca-Museu República e Resistência alguns dos primeiros subscritores do apelo para a constituição de uma comissão nacional de ruptura com a União Europeia, a qual propõe em seu lugar a união livre das nações soberanas da Europa.
Assistimos à apresentação da situação mundial desencadeada pela crise do “subprime” e ao desenrolar dos números que definem a actual situação portuguesa.
Em seguida foi partilhada informação sobre os resultados da delegação que alguns representantes políticos e sindicais de 9 países europeus fizeram ontem à Comissão Europeia: não havendo uma resposta definitiva por parte do representante da Comissão Europeia, foi acordado que as organizações prosseguiriam a sua campanha pela retirada da pena imputada pelo Tribunal Europeu a sindicatos da Suécia, Filândia e Alemanha e pela retirada dessas leis dos tratados europeus. Ficou ainda assente organizar uma reunião mais alargada para discutir este assunto, projectando-se uma conferência a realizar em Fevereiro/2009).
Como acompanhar/desenvolver este processo em Portugal? As centrais sindicais têm conhecimento da conferência de Estocolmo, donde saiu esta delegação. No entanto posteriormente não transpareceu que tivesse havido qualquer tipo de divulgação.
Aires Rodrigues falou no processo de destruição dos meios de produção, dando como exemplo o caso das vidreiras da Marinha Grande que estão hoje reduzidas à expressão mais simples, havendo casos desesperados de desemprego entre os vidreiros. A mesma situação ocorre com as cerâmicas das regiões limítrofes. Todos os sectores estão feridos de morte pelas directivas das instituições europeias em cumplicidade com o imperialismo americano. Mas começa a operar-se uma reflexão, ou seja, os portugueses começam a compreender que a União Europeia não serve senão para destruir o que antes estava em actividade, desmantelando o que antes era produtivo. É pois necessário que surja uma força capaz de veicular essa percepção, o que é importante ser feito em conjunto com os sindicatos.
Foi lançada a proposta de se constituir com os presentes uma comissão nacional aberta a todas as forças políticas e sindicais e aos cidadãos em geral que possa vir a reunir informação e a fazê-la chegar ao maior número de sindicatos, organizações, associações, movimentos de estudantes, etc., de forma a que se desenvolva um movimento público nacional para exprimir e equacionar de que forma poderá ser levada a cabo a ruptura com esta UE, dado que a Europa Social é precisamente o que a UE está metodicamente a destruir, criando a nossa total dependência.
Dada a presença de alguns professores e educadores, foram feitas intervenções e reflexões exemplificativas da forma como estes processos destrutivos já minam hoje a escola pública portuguesa, contando para tal com a interpretação que o ME faz das directivas europeias para este sector, convertendo-as por sua vez atabalhoadamente em leis que se chocam com as leis nacionais ainda em vigor, e ainda refinadas pela diversidade de formas como os Conselhos Executivos aplicam em tempo recorde essa enorme quantidade de legislação, cada um à sua maneira. Os professores, artificialmente divididos enquanto classe profissional, vêm o seu trabalho com os alunos ameaçado pela enorme carga burocrática decorrente da avaliação a que outros colegas são obrigados neste processo a os sujeitar. Vêm-se constrangidos a pôr em prática nas escolas um plano que punirá as suas carreiras e que compromete o futuro dos alunos, rebaixando os níveis de exigência e preparando-os para responder às exigências de mão-de-obra barata. Segundo uma dirigente sindical presente na reunião, os professores só têm dois caminhos: ou recusar-se a cumprir arcando com as consequências; ou a responder na mesma medida com excesso de zelo aos excessos burocráticos até rebentarem com o sistema com tanta papelada.
Segundo outro professor presente na sala, se a mola estivesse a funcionar devidamente (sindicatos) então nem seria necessária esta reunião. Na verdade existem cerca de 10 organizações sindicais de professores mas os professores sentem-se abandonados à sua sorte. Há hoje uma massa de trabalhadores no ensino e nos outros sectores profissionais que, sendo subcontratados nem sequer têm ligações com os sindicatos. E os que a mantinham estão decepcionados com a forma como os sindicatos têm conduzido este processo, abafando o movimento de contestação dos professores em vez de o ligar ao movimento de massas dos outros sectores profissionais.
Um dos subscritores apelou à concentração na necessidade de eficácia da Comissão. Lembrou que a unidade surge num determinado momento pela força das circunstâncias mas que a eficácia é uma exigência.
Uma representante dos estudantes considerou prioritário que a comissão trabalhasse no sentido de ligar as leis governamentais às directivas europeias de forma a que as pessoas comecem a perceber que por detrás de cada uma delas existe uma imposição da UE. A criação da comissão deverá chegar a todos os sindicatos e deverá ser feito um comunicado para distribuir à imprensa. A comissão servirá também para divulgar iniciativas que outros grupos façam no mesmo sentido, fazendo por unir esforços conjuntos e por garantir a independência.
Face às dúvidas que levanta a ideia da ruptura com a UE, foi acordado que a sua afirmação deve ser feita pela positiva: não pretende esta comissão que Portugal volte a estar isolado no quadro dos países europeus. Foi evocado o exemplo da Irlanda que disse perentoriamente “não” ao Tratado de Lisboa e anteriormente os casos da França e da Holanda que bloquearam o projecto da Constituição Europeia. Existem hoje, um pouco por toda a Europa, resistências às políticas destrutivas da UE, devendo este movimento de ruptura efectivar-se em estreita colaboração com as organizações dos outros países, unidas no mesmo propósito e encontrando conjuntamente uma alternativa que abra a via ao socialismo.
A Comissão agora criada irá reunir-se na próxima quarta-feira (dia 17/09), pelas 18h para elaborar um conjunto de documentos e estratégias no sentido de divulgar e continuar a promover esta iniciativa.

sábado, setembro 13, 2008

Talking about a Revolution (Tracy Chapman)

Delegação sindical à Comissão Europeia

Comissão Nacional pela Ruptura com a União Europeia

13 de Setembro, às 16 horas, na Biblioteca-Museu República e Resistência,

RUA ALBERTO DE SOUSA, Nº 31, EM LISBOA

(AO CIMO DA RUA DA BENEFICÊNCIA)


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Na reunião do próximo sábado, em Lisboa – para a constituição de uma Comissão Nacional pela ruptura com a União Europeia – será também comunicado o resultado desta delegação e tomadas decisões para desenvolver em Portugal a continuidade deste processo. A diversidade dos membros que compõem esta delegação e a exigência dirigida à Comissão Europeia são demonstrativas da sua importância:


Hoje (12/09/2008) uma delegação de 18 dirigentes sindicais e militantes políticos, de 9 países, deslocou-se à Comissão Europeia, para exigir desta a anulação das sentenças do Tribunal Europeu de Justiça sobre os casos Laval, Viking e Rüffert, no seguimento do Encontro europeu de Estocolmo, realizado a 25 de Maio. (ver documento)

A delegação vai ser recebida em Bruxelas pelo secretário de Vladimir Spidla, Comissário europeu para o Emprego, os Assuntos Sociais e a Igualdade de Oportunidades.

A sua composição é a seguinte:

Irlanda – 2 membros do Sindicato da Construção Civil e 2 do Sindicato dos Electricistas

Bélgica – O presidente da FGTB Liège-Huy-Waremme e o Coordenador do Movimento de Defesa dos Trabalhadores Belgas

Suécia – O presidente do Movimento «Não à União Europeia», um membro da Direcção nacional do Sindicato dos Transportes da LO (a título pessoal) e o Secretário da região de Estocolmo do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil (também membro da Direcção nacional deste sindicato)

Grã-Bretanha – Um membro do Sindicato dos Padeiros

Dinamarca – Um membro da Direcção do Sindicato da Construção Civil

França – Dois membros da Aliança Europeia dos Trabalhadores e dois membros do Partido Operário Independente

Alemanha – 3 membros da Comissão operária do Partido Social-Democrata alemão (SPD) ligados ao sector da Metalurgia, das Minas e dos Serviços Públicos

Espanha – Um membro da Federação UGT dos Serviços Públicos

Suíça – Um deputado ao Conselho Nacional da Federação Suíça, membro do PS.



Vaticínio ou Luta Consciente?

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Marcha en contra del racismo y la oligarquia, organizaciones sociales de El Alto se movilizan con direccion a la Embajada Americana, una columna de gente de diez km de largo. 9 junio 2008


Reparem na data deste documento que em tempos recebi por mail. Não vos parece que se está a passar agora neste momento na Bolívia o que alguns já previam e advertiam?


27/11/2007

Declaración de La Chispa (grupo simpatizante de la 4ª Internacional en Bolivia)


¡Ahora, ya!

¡Todos juntos contra la oligarquía separatista!

¡Unidad de los trabajadores, campesinos, jóvenes y sus organizaciones en defensa de la unidad de Bolivia y la agenda de Octubre!

Compañeros y compañeras:

Bolivia vive un momento crucial de su historia.

Las oligarquías, agentes del imperialismo, después de haber provocado los conflictos en Sucre manipulando el tema de la capitalía plena, ahora anuncian su decisión de desobediencia civil, de no reconocer las decisiones tomadas por la mayoría de los constituyentes (57%) en la sesión del 24 de noviembre en el liceo militar en Sucre, y acelerar la aplicación de sus autonomías; esto quiere decir, hacer explotar la unidad de Bolivia para mantener sus privilegios de socia menor del imperialismo.

El momento exige la mas amplia unidad de todos los sectores populares, sin distinción, para enfrentar a nuestro enemigo común: la derecha y detrás de ello el imperialismo, que quieren impedir que se avance en la aplicación de la agenda de octubre y acabar con el proceso revolucionario que, desde las jornadas de octubre de 2003 y mayo-junio de 2005, es impulsado por la aplastante mayoría explotada y oprimida del pueblo boliviano; ahora las oligarquías quieren llevarnos a una guerra civil para descuartizar a Bolivia!

Los trabajadores, los campesinos, los jóvenes, los pueblos originarios de todos los departamentos y regiones del país quieren una Bolivia unida y soberana!

¡Frente a la reacción separatista y pro imperialista combatamos juntos!

La Central Obrera Boliviana (COB), organización matriz de la clase obrera, tiene la responsabilidad de dirigirse a todos los que se reivindican de la agenda de octubre, dirigirse al presidente Evo Morales, al MAS, a todas las organizaciones populares, vecinales, campesinas, indígenas, proponiendo la formación de un FRENTE UNICO EN DEFENSA DE LA UNIDAD DE LA NACION Y DE LA AGENDA DE OCTUBRE.

ES URGENTE QUE SE CONVOQUE A UNA ASAMBLEA NACIONAL, con representantes de todas las organizaciones obreras y populares, con delegados electos de todos los sectores, de las minas, fábricas, en el campo, la universidad para tomar las medidas de defensa contra la ofensiva de la derecha oligárquica pro imperialista!

¡Hay que sacar las lecciones de lo que ocurre!

La misma oligarquía que, a través sus partidos (PODEMOS; UN; etc) y sus comités cívicos, ha chantajeado al gobierno electo por el pueblo boliviano, exigiendo un referéndum autonómico - que fue derrotado con la victoria del NO - luego esta misma gente obstaculiza la Asamblea Constituyente con la regla de los dos tercios, en la que el MAS aceptó todas sus exigencias; ahora, estos declaran por sus principales voceros – Tuto Quiroga, Manfred Reyes Villa, Marincovick, etc.- que Evo quiere imponer una “dictadura fascista” ¡Pactar con esta gente, como hizo el MAS, solo sirvió para fortalecer sus ambiciones separatistas, para entregar parte de nuestra Bolivia al imperialismo, y seguir así manteniendo sus privilegios!

Que la Constituyente siga reuniéndose y adoptando decisiones por mayoría simple, es la regla elemental de la democracia. Pero, para el pueblo – que hoy se moviliza contra los intentos de la derecha que quiere ahogar el proceso revolucionario en Bolivia – una Constituyente Soberana tiene que adoptar medidas concretas que correspondan a la agenda de Octubre: nacionalización del 100% de los hidrocarburos y de la minería! ¡Eliminación de los latifundios para entregar tierra a los campesinos sin tierra y a los pueblos originarios! ¡No a las autonomías, respetando la decisión mayoritaria del pueblo boliviano en el referéndum del 2 de julio de 2006! ¡La inmediata abrogación de las leyes de precarización laboral, reversión de las empresas capitalizadas!

Pero, insistimos que no hay tarea más urgente que UNIR TODAS LAS FUERZAS OBRERAS, POPULARES, SINDICATOS, VECINOS, ORGANIZACIONES JUVENILES, INDIGENAS, en una palabra, LA MAYORIA EXPLOTADA Y OPRIMIDA, para derrotar a los intentos de la derecha de dividir y destruir Bolivia.

La COB, repetimos, tiene la responsabilidad de estar a lado de nuestros hermanos campesinos y indígenas, más allá de diferencias políticas que se puedan tener con el MAS, es urgente forjar con todos los sectores populares la unidad de acción contra la derecha, manteniendo su independencia política. La manera de concretizar el Instrumento Político de los Trabajadores (tantas veces aprobado en congresos de la COB), un partido que represente a la clase obrera y sus aliados, es la movilización de los trabajadores para estructurar el más amplio FRENTE ÚNICO contra las oligarquías y el imperialismo inmediatamente.

Compañeros y compañeras:

¡Lo que se pasa en Bolivia tiene relación directa con la lucha de los pueblos del mundo, en particular en América Latina, que resisten a la política de destrucción de las naciones comandada por el imperialismo estadounidense!

Hoy, el imperialismo y sus aliados quieren aislar y derrotar los procesos revolucionarios en curso en Venezuela y Ecuador, las luchas de los trabajadores y pueblo de Perú, Brasil, México y, dentro del mismo EE UU, contra la guerra interna y externa que hace Bush contra los pueblos del mundo.

Derrotar la ofensiva de la oligarquía en Bolivia, no solo es la condición para seguir el combate por la agenda de Octubre, sino también será un impulso para la lucha de los pueblos en todo el mundo.

¡LA HORA ES AHORA!

¡TODOS JUNTOS CONTRA LA OLIGARQUIA Y EL IMPERIALISMO!

¡A LA DESOBEDIENCIA CIVIL DE LA OLIGARQUIA, LA MOVILIZACION TOTAL DEL PUEBLO BOLIVIANO!

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