Li este texto do Paulo Pedroso nos Braganzzzzza Mothers e deixo aqui para memória futura o comentário que lhe fiz: Li o texto com toda a atenção e compreendo o teu sentido de democracia. Mas, bem vistas as coisas há um ponto frágil no teu discurso: não me pareceste muito incomodado com o facto de Sampaio ter corrido com o Santana Lopes. Afinal, para além dos fiascos diários e dos depoimentos alucinantes que nos faziam rir até às lágrimas, não havia motivos dos graves, daqueles que tu referes que constituem motivo para um PR dissolver a assembleia. Ora o actual governo, desde certos ministros ao próprio nº. 1 tem cometido fiascos tão risíveis como os de Santana, só as moscas mudaram, e o humor refinou-se, já não é tão apimbalhado. A grande diferença que poderás argumentar é que o Santana não foi eleito, mas o PSD tinha sido e, felizmente, também dançou. Ora eu, apesar de concordar que é um desastre para o país cada vez que está governativamente instável, sou das que acham que o problema actualmente não são só os fiascos, que os há, mas principalmente as políticas de destruição da nação que estão a ser levadas a um ponto que nem os Durões ousaram. E essas políticas são mentirosas, não são socialistas, são da mais extrema direita, são as políticas do capital global. Estas sim, são realmente destrutivas e perigosas para o país (vender as estradas? vender a saúde? vender as universidades? a educação? vender o país por lotes?) que ausência de governo poderá ser mais perigosa? Estão a roubar o que era de todos e a depositá-lo nas contas bancárias de alguns. A este governo importa-lhe ser cumpridor, mostrar-se solícito para com as directivas da união europeia, passar obstinadamente por cima de cada contestação, branquear a contestação e querer agora banir também a opinião. Que ditadura poderá ser mais eficaz que esta democracia com que nos iludimos? A nossa democracia é só votar? que democracia é esta que prejudica o povo? Sócrates voltaria à carga? E será que ganhava as eleições? ou sofria uma merecida derrota humilhante? E depois quem é que ia para lá os PSD's? Esse é que é efectivamente o nosso medo, o medo de um povo que pensa que escolhe e é sucessivamente enganado, pelos sucessivos governos de alterne. O mal maior não são uns ou os outros; o pior são as políticas economicistas que eles todos perfilham. Isto está tão mau que um dia destes o Cavaco ainda forma um grupelho de iluminados, tipo ferreiras leites e outras enormidades, um governo de salvação nacional, dizendo que isso de democracia não está a dar senão confusão. Estas alimárias são ainda mais perigosas e maléficas, frias e calculistas (o Sócrates provavelmente será um par, pois tem o perfil e a perfídia certos e cinicamente pode dar-se bem com qualquer múmia desde que seja para estar no poder). Esta junta em assumindo o poder faria a vida verdadeiramente negra ao povo em particular, e à democracia em geral, pois nem os reconheceria. Que fazer então?: não ficar calados, denunciar a uns e aos outros cada passo em falso e, acima deles, dizer não às políticas que a UE nos está a mandar. Elas não se coadunam com a realidade portuguesa. Cada uma que cá chega torna-se num mal maior. O mais importante é dizer não a essa políticas, essa é que é a verdadeira guerra, o resto são pequenas batalhas campais num país demasiado pequeno onde todos os escândalos se ficam a saber e ganham grande dimensão, apesar de já haverem notícias a desaparecer.Já se vendem bocados de Portugal destinados a construção social em leilões em Espanha! Todos os dias se ouve pelo menos uma destas enormidades. Graves leis estão a ser aprovadas em conselho de ministros com a certeza de um posterior consentimento da maioria parlamentar. As pessoas votaram conscientes disto que viria a acontecer-lhes? Ou votaram enganadas? Houve ou não houve mentiras? Há ou não há manobras nas trevas? As pessoas agora é que não podem permanecer caladas, pois o momento é grave. Não consegui manter o luto por mais de umas horas porque é preciso continuar sempre a exercer a liberdade de expressão: sempre e cada vez mais e em todo o lado: nos blogs, na rua, em casa, no supermercado, na repartição, no tribunal, na puta que os pariu a todos, que a gente também precisa de desabafar porque somos portugueses e um filho da puta, embora não seja filho de uma puta é sempre visto muito pior do que outro que realmente o seja. As expressões de calão têm um significado que não é para tomar à letra; cada uma das partes não existe significativamente e nem em conjunto, só sob a forma de expressão idiomática, uma força de expressão. Espero que nunca seja um palavrão catártico destes a instituir motivo de perda da liberdade de expressão, até parecia mal; agora uma falta de ética, uma mentira comprovada, más políticas para o povo que elegeu um partido socialista a julgar que o ia defender, um logro ou o facto de em democracia se perseguir quem emite opiniões, isso já são motivos mais do que suficientes. Podemos nós, em democracia, ficar calados perante tudo isto com receio de que venha a ser pior?