segunda-feira, abril 30, 2007

Corja Maldita!

Cartoon de Abel Manta

domingo, abril 29, 2007

sexta-feira, abril 27, 2007

Pensamento mais que profundo saído dos meandros da AR

"Todo o poder político comporta-se sempre como um patrão: se vê um porco a passear no campo, vê logo dois presuntos"
(Francisco Louçã,
hoje, no debate mensal da Assembleia da República)

quinta-feira, abril 26, 2007

Bombardeamento de Guernica foi há 70 anos

O bombardeamento de Guernica faz hoje 70 anos e é o exemplo de um negro momento da História da Humanidade em que um ditador - Franco - não hesitou se aliar às forças nazis para cometer o mais hediondo atentado contra o seu próprio povo.

Guernica, Picasso

(veja aqui uma Guernica adaptada ao século XXI)


"Todos vocês sabem que em Espanha nós não nos situamos

como meros observadores desinteressados..."


Há 70 anos, a Legião Condor de Hitler e a Aviazzione Legionaria de Mussolini escolheram a movimentada segunda-feira de mercado, em Guernica, para uma operação três-em-um: ajudar os fascistas de Franco a mudar o curso da Guerra Civil de Espanha, ferir de morte a resistência basca e ensaiar o primeiro ataque aéreo em massa contra uma população civil indefesa.

O número de mortos é ainda objecto de debate vivo. A destruição do arquivo da cidade e a limpeza de provas efectuada pelo franquismo dão azo a lotarias: menos de cem, mais de 1 300? No mínimo, 200 pessoas morreram, é certo. «Anedótico se comparado com o Iraque. Hoje, a violência institucionalizou-se. Mas, no contexto histórico, foi um acto bárbaro», explica a catedrática de História Contemporânea, Maria Jesus Mesa, autora de uma investigação sobre a memória colectiva do bombardeamento.

«Perdi o meu pai uma semana antes de começar a guerra civil. O meu pai foi a Madrid tratar de uns assuntos e nunca mais o vi. Passados dois anos, a Cruz Vermelha disse-nos que tinha falecido, mas não de morte natural. E não quiseram dar mais detalhes».

«O estado espanhol ainda não reconheceu a cumplicidade da ditadura franquista no bombardeamento de Guernica. Hoje, há ex-ministros de Franco que continuam a negar que o ataque foi feito pela aviação alemã».

PEDRO BALIÑO
Sobrevivente

(Visão Online)
Leia mais aqui; Leia os depoimentos e veja os vídeos


Lição do "sonho de Abril"

Posted by Picasa

Liberdade, liberdade quem a tem chama-lhe sua...

Posted by Picasa25 de Abril de 2007

Um cravo viçoso deixado por uma amiga de sempre

Assinalou o dia na minha lapela

Adormeci com o rádio ligado e amanheci

Com um presidente murcho à cabeceira

Que dizia que a juventude comanda

Sacudi aquela velha conversa em família

E saí para a rua para ver com os meus olhos

Que a revolução de Abril é uma velha senhora

Que todos os anos rejuvenesce nesta data

Porque espera serena que os seus ideais

Ganhem força a cada nova Primavera

Muito a juventude dos velhos tem para contar

À senilidade dos que nasceram tarde demais

Para saber por si próprios como a Liberdade

Teve que ser conquistada por um povo unido

Que desde esse dia longínquo nunca mais a quis perder



Palavras de um poeta de Abril

25 de Abril de 2007 (Rossio)


Epígrafe
De palavras não sei. Apenas tento
desvendar o seu lento movimento
quando passam ao longo do que invento
como pre-feitos blocos de cimento.

De palavras não sei. Apenas quero
retomar-lhes o peso a consistência
e com elas erguer a fogo e ferro
um palácio de força e resistência.

De palavras não sei. Por isso canto
em cada uma apenas outro tanto
do que sinto por dentro quando as digo.

Palavra que me lavra. Alfaia escrava.
De mim próprio matéria bruta e brava
--- expressão da multidão que está comigo.

José Carlos Ary dos Santos

quarta-feira, abril 25, 2007

Tornar presente, hoje, aqui, o Arrebenta


Porque esta é a derradeira noite das trevas. Porque esta é a noite do tempo das pessoas que ainda não podiam falar. Porque esta é a noite das sombras de quem ainda não sabia que se podia falar. Porque esta é a noite do tempo em que a escrita não era mais do que um macabro passaporte para o derradeiro exílio. Pois este é o tempo da treva, em que cada um enterrava em si próprio o sepulcro dos seus mais dolorosos pensamentos.

Este é o tempo da vigília. É a Noite. É o espaço cósmico da Memória. É o lugar de lembrar os que morriam só por sonhar. O lugar dos que passavam os dias e as noites e as noites e os dias sem luz, e afundados nas mais húmidas celas dos fracassos desta nação medieval. É o tempo em que os Portugueses eram os Iraquianos de outras décadas atrás. É o tempo em que os jovens se encerravam em cubos ardentes de campos de concentração tropicais. É o tempo em que ainda havia leis que impediam de se andar descalço nas ruas, mas permitiam que tantos descalços palmilhassem as sombras dessas mesmas ruas.

É o tempo da noite das bocas cerradas. É o tempo dos mutilados. É o tempo dos que voltaram sem olhos, e sem mãos e sem pernas. É o tempo dos sentados para sempre em cadeiras de rodas de um Regime Imóvel. É o tempo dos que enlouqueceram com o que viram. É o tempo dos que nunca regressaram. É o tempo dos que ficaram sem rasto e sem despojos. É o tempo de uma Máquina Infernal que finalmente irá tombar.

Esta noite é um tempo de nojo e de vigília. É a noite em que a Voz se erguerá ao fundo, até clamar, por entre as cinzas, por todas as cores do Universo. Esta é a maior noite da nossa memória colectiva. Esta é a noite de agradecer. E de dizer "obrigado" a todos os nossos amigos que nos permitiram, nesse tempo, escrever agora assim.
Esta é a noite de um tempo que NUNCA MAIS poderá voltar.

Obrigado.

Arrebenta

25 de Abril, SEMPRE!


Abril de1974 foi há… 33 anos e eu tive a grande sorte de nessa altura já ter entendimento suficiente para apreciar a grande felicidade que essa revolução trouxe subitamente aos rostos das pessoas. Vivi esses momentos e os que se seguiram com o espanto disponível para a novidade que há nos olhos das crianças. Vi os retratos cinzentos de Américo Tomás e Marcelo Caetano a serem retirados da parede da minha sala de aula e de repente tudo ganhar côr. O país encheu-se de bandeiras cinco dias depois, no primeiro 1º. de Maio, e eu relembro desse dia a euforia dos milhares de pessoas que enchiam a Alameda e que se olhavam nos olhos e se abraçavam experimentando a nova sensação da liberdade. Na minha casa viveu-se Abril intensamente, apaixonadamente. E o Maio, maduro Maio. E o Verão quente de 75. Estava-se ainda muito longe de imaginar que os ratos continuavam a roer… Os cravos foram belas flores de paz e liberdade mas não fizeram a limpeza necessária. No velho país dos bufos e dos generais os bufos e os generais continuaram a minar os alicerces da revolução. “Já murcharam tua festa, pá, mas certamente esqueceram uma semente nalgum canto do jardim/ Manda novamente algum cheirinho de alecrim”, cantava Chico Buarque em 1978, lançando já então a sua mensagem de alerta e de esperança. De Abril resta-nos principalmente a liberdade de expressão e uma aguda consciência de não querermos que o tempo volte para trás, jamais. Mesmo as saudades que tenho desses dias, não são saudades do passado mas sim saudades de um futuro em que a semente da esperança ainda florirá. Na minha querida concepção de utopia como possibilidade real sinto esse germinar cada vez mais urgente, pois cada dia que passa maiores e inadiáveis vão sendo os motivos que nos dão. Toda a revolução eclode do bater no fundo. Temos essa consciência? Podemos nós esperar por mais essa descida aos infernos?

O povo saiu à rua num dia assim. Todos eram povo. Velhos, jovens, militares, professores, estudantes, operários todos. Um cravo era igual à arma. O fim da guerra, a nossa flor vermelha à paz e à liberdade de a empunhar. Por um país melhor, nessa renovada primavera de Abril.

Depois foi isto que aconteceu, muito rapidamente, para o nosso mal.

Hoje estamos aqui, pior?, saudosos de um outro Abril que só ainda não aconteceu.

25 de Abril de 1974 hoje e sempre!




terça-feira, abril 24, 2007

SER OU NÃO SER ENGENHEIRO...EIS A QUESTÃO!!!

DESCRIÇÃO DE MOVIMENTO HARMÓNICO SIMPLES

PARA ENGENHEIROS :


PARA NÃO ENGENHEIROS :


Em Conclusão, eu diria que, não percebo o porquê de tanta polémica em redor do caso de José Socrates. Eu , no lugar dele, preferia não ser Engenheiro...mas ele é que sabe :))))

Recebido por mail de autor anónimo

Uma mentira nunca vem só: Morais da história

O PROFESSOR QUE SÓCRATES NÃO CONHECIA,
NÃO CONHECEU NEM QUER OUVIR FALAR;
A BEM DA NAÇÃO

CHAMA–SE ANTÓNIO JOSÉ MORAIS E É ENGENHEIRO A SÉRIO; DAQUELES RECONHECIDOS PELA ORDEM (não é uma espécie de Engenheiro, como diriam os Gatos Fedorentos).

O António José Morais é primo em primeiro grau da Dr.ª Edite Estrela. É um transmontano tal como a prima que também é uma grande amiga do Eng. Socrates. Também é amigo de outro transmontano, também licenciado pela INDEPENDENTE o Dr. Armando Vara, antigo caixa da Caixa Geral de Depósitos e actualmente Administrador da Caixa Geral de Depósitos, grande amigo do Eng. Sócrates e da Dr.ª Edite Estrela.

O Eng. Morais trabalhou no prestigiado LNEC (Laboratório Nacional de Engenharia Civil) só que, devido ao seu elevado empreendedorismo, canalizava trabalhos destinados ao LNEC, para uma empresa em que era parte interessada. Um dia foi convidado a sair pela infeliz conduta.

Trabalhou para outras empresas entre as quais a HIDROPROJECTO e pelas mesmas razões foi convidado a sair.

Nesta sua fase de consultor de reconhecido mérito trabalhou para a Câmara da Covilhã aonde vendeu serviços requisitados pelo técnico Eng. Socrates.

Daí nasce uma amizade.

É desta amizade entre o Eng. da Covilhã e o Eng. Consultor que se dá a apresentação do Eng. Sócrates à Dr.ª Edite Estrela, proeminente deputada e dirigente do Partido Socialista.

E assim começa a fulgurante ascensão do Eng. Sócrates no Partido Socialista de Lisboa apadrinhada pela famosa Dr.ª Edite Estrela, ainda hoje um vulto extremamente influente no núcleo duro do líder socialista.

À ambição legítima do político Sócrates era importante acrescentar a licenciatura.

Assim o Eng. Morais, já professor do prestigiado ISEL (Instituto Superior de Engenharia de Lisboa) passa a contar naquela Universidade com um prestigiado aluno – José Sócrates Pinto de Sousa, bacharel.

O Eng. Morais demasiado envolvido noutros projectos faltava amiúdes vezes ás aulas e naturalmente foi convidado a sair daquela docência.

Homem de grande espírito de iniciativa, rapidamente colocou–se na Universidade Independente.

Aí o seu amigo bacharel José Sócrates, imensamente absorvido na politica e na governação seguiu – "porque era a escola, mais perto do ISEL que encontrou ".

E assim se licenciou, tendo como professor da maioria das cadeiras (logo quatro, de cinco) o desconhecido mas exigente Eng. Morais. E ultrapassando todas as dificuldades, conseguindo ser ao mesmo tempo Secretário de Estado e trabalhador estudante licencia–se, e passa a ser Engenheiro, à revelia da maçadora Ordem dos Engenheiros, que segundo consta é quem diz quem é Engenheiro ou não, sobrepondo–se completamento ao Ministério que tutela o ensino superior.

(Essa também não é muito entendivel. Se é a Ordem que determina quem tem aptidão para ser Engenheiro devia ser a Ordem a aprovar os Cursos de Engenharia. La Palisse diria assim)

Eis que licenciado o governante há que retribuir o esforço do HIPER MEGA PROFESSOR, que com o sacrifício do seu próprio descanso deve ter dado aulas e orientado o aluno a horas fora de normal, já que a ocupação de Secretário de Estado é normalmente absorvente.

E ASSIM FOI:

O amigo Vara, também secretário da Administração Interna coloca o Eng. Morais como Director Geral no GEPI, um organismo daquele Ministério.

O Eng. Morais, um homem cheio de iniciativa, teve que ser demitido devido a adjudicações de obras não muito consonantes com a lei e outras trapalhadas na Fundação de Prevenção e Segurança fundada pelo Secretário de Estado Vara.

(lembram-se que foi por causa dessa famigerada Fundação que o Eng. Guterres foi obrigado a demitir o já ministro Vara (pressões do Presidente Sampaio), o que levou ao corte de relações do DR. Vara com o DR. Sampaio – consta–se até que o Dr. Vara nutre pelo ex. Presidente um ódio de estimação.

O Eng. Guterres, farto que estava do Partido Socialista (porque é um homem de bem, acima de qualquer suspeita, integro e patriota) aproveita a derrota nas autárquicas e dá uma bofetada de luva branca no Partido Socialista e manda–os todos para o desemprego.

Segue–se o Dr. Durão Barroso e o Dr. Santana Lopes que não se distinguem em praticamente nada de positivo e assim volta o Partido Socialista comandado pelo Eng. Socrates E GANHA AS ELEIÇÕES COM MAIORIA ABSOLUTA.

Eis que, amigo do seu amigo é, e vamos dar mais uma oportunidade ao Morais, que o tipo não é para brincadeiras.

E o Eng. Morais é nomeado Presidente do Instituto de Gestão Financeira do Ministério da Justiça.

O Eng. Morais homem sensível e de coração grande, tomba de amores por uma cidadã brasileira que era empregada num restaurante no Centro Comercial Colombo.

E como a paixão obnibula a mente e trai a razão nomeia a "brasuca" Directora de Logística dum organismo por ele tutelado a ganhar 1600 € por mês. Claro que ia dar chatice, porque as habilitações literárias (outra vez as malfadadas habilitações) da pequena começaram a ser questionadas pelo pessoal que por lá circulava.

Daí a ser publicado no "24 HORAS" foi um ápice.

E ASSIM lá foi o apaixonado Eng. Morais despedido outra vez.

TIREM AS VOSSAS CONCLUSÕES

(recebido por mail)

Quadra ao gosto do Sineiro

Na sequência deste meu post, o meu amigo Sineiro ofereceu-me esta quadra, o que muito lhe agradeço.

Pu-ema dedicado aos de-pu-tados da Maioria:

Ao Cume chegam nervosos
Estes que agora vos mando
Do Cume saem cheirosos
Do Cume partem rimando

segunda-feira, abril 23, 2007

Elogio ao Livro

Picasso, Woman with Book

«Temos de encontrar uma forma de comunicação que substitua essa coisa arcaica que é o livro; um modo de comunicação rápido, manejável, portátil, biodegradável, que não consuma energia, com o formato que quisermos. Pois bem, já temos: é o livro!»
Isaac Asimov

Em 1978, Borges começou assim uma palestra na Universidade de Belgrano: «Dos diversos instrumentos do homem, o mais assombroso é, indubitavelmente, o livro. Os outros são extensões do seu corpo. O microscópio e o telescópio são extensões da vista; o telefone é o prolongamento da voz; seguem-se o arado e a espada, extensões do seu braço. Mas o livro é outra coisa: o livro é uma extensão da memória e da imaginação.» («Borges Oral», «Obras Completas», vol. IV, Teorema, 1999)

domingo, abril 22, 2007

Matéria Poética I: Cancioneiro Joco-Marcelino de Natália Correia VII

O Ambidextro

Da marcelíada o variegado herói,
nova gesta alfacinha o arrebata:
das ruas escalavradas se condói
e de enfermeiro da urbe veste a bata.
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Noite fora, coluna massacrada,
olho ávido posto na eleição,
padre-operário da Lisboa esburacada
junta Marcelo gravilha e alcatrão.
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Com uma das mãos, caritativo estro!
das ruas tapa os hórridos buracos;
com a outra, o maroto do ambidextro
esburaca o PSD para o pôr em cacos.
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Arrepia-se Aníbal com o embuçado
tingido de escarlate Pimpinelo
e contra a mascarada solta um brado:
- Fora com o gajo que ele é foice e Marcelo!

"Deputados de cú"

A maioria do grupo parlamentar do PS é constituída pelos chamados "deputados de cú". Ora para se ser um "deputado de cú" não basta ter a respectiva cara. Também é preciso obedecer cegamente a uma disciplina de voto e agir como um cú aberto a toda e qualquer lei emanada pelo governo quer se concorde com ela quer não. Além disso o chamado "deputado de cú", dá o respectivo mais 8 euros (dantes eram tostões, e até chegaram a ser "marcelos" no tempo do outro senhor, quando eram um pedaço de lata branca e levezinha que, de uma forma bem mais realista, ilustrava a insignificância da nossa moeda) para continuar com as bordas bem assentes na bancada parlamentar que ocupam. Como eu ia dizendo, esses senhores deputados dessa natureza tão sui generismente cuzampeira, dão tudo o que têm para continuar com o real cú bem assente na Assembleia da República e por isso, apesar de terem a força do mandato que uma maioria dada pelo voto do povo lhes conferiu, como não se querem arriscar a perder o assento para o realíssimo, eles deixam passar toda a casta das mais abjectas leis que o governo lhes dá a aprovar. Como têm cú, têm medo de serem corridos e que os seus lugares sejam dados a outros que levantem menos problemas. Por isso permanecem caladinhos e de cuzinhos bem apertados cada vez que o "senhor engenheiro" sobe ao púlpito para auto-elogiar a forma expedicta como o seu governo vai encaminhando o país para o cú da Europa. E no final de cada sessão parlamentar ainda o aplaudem cu movidos.

Votem e passem a palavra

Reproduzo aqui um comentário que me pareceu bem digno de atenção. Eu já votei e há pouco já ia em 3º. lugar. Peço agora a todos que entrem no link e vão lá ver o selo da autoria do Davide da Costa e, caso achem como eu que ele dignifica José Afonso, lhe dêem a generosidade do vosso voto. Caros amigos,

"José Afonso", figura ímpar da cultura portuguesa, que trilhou, desde sempre, um percurso de coerência na recusa permanente do caminho mais fácil, da acomodação, no combate ao fascismo salazarista e pela liberdade e democracia, é tema de um selo que está em 5º lugar. Precisamos do voto de todos para que se faça um selo em sua memória e em louvor à Liberdade.
Num período de exaltação de valores salazaristas, devemos contrapor com os nossos defensores de Abril!

“Venham mais cinco!!
Traz um amigo também!”


VOTA
[aqui]

Abril, SEMPRE!!

Davide da Costa

sexta-feira, abril 20, 2007

O que cabe e o que não cabe num poema


NÃO HÁ VAGAS

O preço do feijão
não cabe no poema. O preço
do arroz
não cabe no poema.
Não cabem no poema o gás,
a luz, o telefone,
a sonegação
do leite
da carne,
do pão.


O funcionário público
não cabe no poema
com seu salário de fome,
sua vida fechada
em arquivos.

Como não cabe no poema
o operário
que esmerila seu dia de aço
e carvão
nas oficinas escuras.

-----

Porque o poema senhores,
está fechado:
"não há vagas".

Só cabe no poema
o homem sem estômago,
a mulher de nuvens,
a fruta sem preço.
O poema senhores,
não fede,
nem cheira.

Ferreira Gullar
(página oficial)

quinta-feira, abril 19, 2007

A Grande Pirâmide

Letra: Carlos Tê

Estuda essa lição
sobe cada degrau
do conhecimento
para seres alguém
para teres o teu momento
vais ter de subir
custe o que custar
qualquer meio vale
para lá chegar

à grande pirâmide
à grande pirâmide

depois de subir
tu vais saber tudo
mas não vais ter tempo
de perceber nada
porque o que te informa
não é conhecimento
é tradição e norma
sem questionar a forma

à grande pirâmide
vais querer chegar
à grande pirâmide
depois de lá chegar

não penses duas vezes
não fiques para trás
tu és um gladiador
vais ter um carro preto
com dois mil de motor
e uma vivenda murada
depois de lá chegar

depois de lá chegar
podes ver o nada
depois de lá chegar
podes querer saltar

da grande pirâmide
podes querer saltar
da grande pirâmide
já te falta o ar

à grande pirâmide
à grande pirâmide

Frase das madrugadas de Abril

Gloria Valdés
Zapata, óleo en lienzo, 24" x 36"

"Um povo forte não precisa de um líder forte".

Emiliano Zapata

quarta-feira, abril 18, 2007

Bate certo, senhor Engenheiro!

Reflexão Nocturna

Impressões/Contemplações

A primeira impressão que se tem perante uma obra de arte é determinante para a formação do espírito. A partir dela tudo vem por acréscimo e tudo procura educar essa primeira sensação impressa. Educar, docilizar, “tornar mais doce”, conduzir, ou seja arranjar uma ou mais motivações para explicar o que se julga ter entendido. Resta a espiritualidade dessa impressão gravada no momento. Impressões são ferramentas do espírito quando tomadas em consideração. Momentos imediatos, acessos do estado de espanto do espírito.

Contemplar é olhar com mais atenção, também serve para contar histórias. Uma espécie de domesticar daquela primeira impressão, um domar da fera do imediato, rumo à construção da história?

Eis o poder do objecto artístico – atrair o olhar e pela sensação causar a impressão que fica tatuada num lugar imediato e impreciso que, a partir daí, urge procurar – descrever essa sensação por muitas palavras. Experimentada a sensação, restam as palavras e o acto paciente de contemplar.
Como descrever a sensação? Como a contemplar?

Dos que mostram a cara...

"A desobediência é uma virtude necessária à criatividade." (Raúl Seixas)

Requiem Para Uma Flor

Raul Seixas

Composição: Raul Seixas/ Oscar Rasmunssem

Fruto do mundo
Somos os homens
Pequenos girassois
Dos que mostram a cara
E enormes as montanhas
Que não dizem nada

Incapaces los hombres
Que hablam de todo
Y sufrem callados

terça-feira, abril 17, 2007

Constatação porca das altas da madrugada

Parece que desta vez está tudo de acordo
- esquerda, direita, centro esquerda, extrema esquerda e extrema direita: o Sócrates está mesmo en Rabat!
Faz parte desta campanha "Sócrates NÃO"!

segunda-feira, abril 16, 2007

Matéria Poética I: Cancioneiro Joco-Marcelino de Natália Correia VI

O Carochinha
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Dos voos de Marcelo, o transformista,
em doméstico dom repousa a asa:
farto de andar ao trapo e ser fadista
torna-se modelar dona de casa.
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Na modéstia exemplar dessa roupeta
- Ó eleitoral, virtuosa esfalfadeira
de ser dono da casa lisboeta! -
vai Marcelo às mercas na Ribeira.
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enche a dispensa, lava a roupa é cozinheiro,
cose a meia, faz tricot, varre a casinha.
Por fim, põe-se à janela e diz faceiro:
Quem quer, quem quer casar com a carochinha?

Thinking Blogger Award - se já ganhou um, fica com dois!

O bom do Kaos, com muita gentileza sua, resolveu atribuir o “Thinking Blogger Award” ao Pafúncio. Agradeço-lhe a distinção que, por me ter sido concedida por quem foi, ganhou subitamente valor, não pelo prémio, mas pela pessoa que o atribuiu. Fico agora com a ingrata tarefa de o atribuir a cinco blogs, o que farei tendo em conta a estima que me merecem as pessoas que os fazem. Claro que terei que fazer uma escolha que, como todas as escolhas, será altamente subjectiva. Que me perdoem os premiados e os não premiados.

Atribuo o Thinking Blogger Award aos seguintes blogs:

Outminder porque é o visitante mais assíduo do Pafúncio, por vezes é mesmo o único, e porque deixa sempre aqui o seu comentário amigo, inteligente e interessado, dando a maior força para continuar. Quanto ao seu blog, ele vai sendo feito ao sabor do momento, umas vezes com mais inspiração, outras com menos, o que lhe confere uma enorme humanidade, mas sempre marcado por um toque de humor que tem claramente a excelente intenção de bendispor quem o visita. Além disso é sempre possível aprender por lá algo de novo, pois sai-se muito bem nessa dupla faceta humor/curiosidade.

É com muito gosto que atribuo este prémio ao blog de outro blogger excelente: o Sa morais, pai do Ideias Fixas 2. Neste blog é sempre possível encontrar um Quiz para exercitar a memória ou a capacidade de procurar informação em contra-relógio, para quem gosta de ir aprendendo umas coisas, com o espírito do jogador sempre pronto a desafiar a sua própria inteligência; além disso há sempre as “Rapidinhas” onde se podem encontrar sempre assuntos actuais e interessantes, assim como “botar” acima ou “botar” abaixo aquilo que for merecedor de uma ou da outra atitude, sempre com muita justiça e bom senso. Além do mais o Sá é um fervoroso defensor dos animais e, como tal, só pode ser mesmo uma excelente pessoa, com um enorme coração. É ainda o autor de um fantástico livro de literatura fantástica - "Goor - A Crónica de Feaglar" e, com tudo isto a seu cargo, ainda lhe sobrou tempo para fazer o Gonçalo que é a mais perfeita das suas obras, contrariando assim a tendência aberrante do mundo actual já aqui tratada no “Make blogs, not love”. Grande Sá!

O Apanha Moscas é o blog do Luikki. Tem conteúdos políticos e faz duras – mas muito justificadas – críticas ao estado actual da nação e da situação mundial e sustenta as suas ideias com argumentos justos e coerentes. É um blog nitidamente de esquerda, o que nos tempos que vão correndo só pode ser uma mais valia pois, como ele próprio diz, “as moscas mudam, mas…”. Um blogger reflexivo, totalmente comprometido com as suas ideias e os seus ideais tem todo o mérito de ganhar este prémio, num momento histórico em que está na moda ficar-se pelas meias tintas, não se tomar partido e (des)agir-se, como faz o analfabeto político de todos os tempos de que já falava Brecht. Temos homem para a revolução!

Como gosto muito de poesia e de imagens, do mar, do amor e das coisas que ditas em poucas palavras se tornam subitamente simples, sinceras e verdadeiras, não hesito em atribuir o prémio ao blog da TB, Linhas de Pensamento. Tem o grande mérito de usar poemas, que por vezes se resumem a uma frase poética, da sua autoria, o que já não é pouco, os quais revelam nas palavras e nas entrelinhas a excelente pessoa que os cria. Uma poesia solar, límpida, com cheiro a maresia, com a veracidade e a força de um grande amor.

Outro blog que quero premiar é o Que Conversa, feito como uma renda de bilros, com o amor, o cuidado e a atenção às pequenas coisas com que se tece uma renda de bilros, feito pela… Rendadebilros. Nele se encontram belos poemas da autora, pequenas histórias cheias de sentido e de vivência, certeiros comentários feitos ao mundo que a rodeia, por uma voz amiga que sempre chega na hora certa, dando uma enorme força a quem tem o privilégio de ser por ela visitado.

Agora vocês, se quiserem entrar no jogo e tiverem uma paciência infinita, poderão atribuir este prémio da blogosfera cada um de vós a cinco outros blogs da vossa preferência. Não me levem a mal, quem poderia recusar fosse o que fosse ao Kaos?



sábado, abril 14, 2007

Brecht, Brecht e mais Brecht!!!


Inscrição Mural do Maio de 68

I - O Analfabeto Político - Bertold Brecht

O pior analfabeto é o analfabeto político.
Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe,

da farinha, da renda de casa, dos sapatos, dos remédios,
dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e
enche o peito de ar dizendo que odeia a política.
Não sabe, o idiota,
que da sua ignorância política
nasce a prostituta, o menor abandonado,
e o pior de todos os bandidos
que é o político vigarista, aldrabão,
o corrupto e lacaio dos exploradores do povo.

(Bertolt Brecht)

II - Elogio da Dialéctica (Berthold Brecht)

A injustiça passeia pelas ruas com passos seguros.
Os dominadores se estabelecem por dez mil anos.
Só a força os garante.
Tudo ficará como está.
Nenhuma voz se levanta além da voz dos dominadores.
No mercado da exploração se diz em voz alta:
Agora acaba de começar:
E entre os oprimidos muitos dizem:
Não se realizará jamais o que queremos!
O que ainda vive não diga: jamais!
O seguro não é seguro. Como está não ficará.
Quando os dominadores falarem
falarão também os dominados.
Quem se atreve a dizer: jamais?
De quem depende a continuação desse domínio?
De quem depende a sua destruição?
Igualmente de nós.
Os caídos que se levantem!
Os que estão perdidos que lutem!
Quem reconhece a situação como pode calar-se?
Os vencidos de agora serão os vencedores de amanhã.
E o "hoje" nascerá do "jamais".

III - 'Os que lutam', de Berthold Brecht (1898 - 1956), dramaturgo e poeta alemão

Há aqueles que lutam um dia; e por isso são muito bons;
Há aqueles que lutam muitos dias; e por isso são muito bons;
Há aqueles que lutam anos; e são melhores ainda;
Porém há aqueles que lutam toda a vida; esses são os imprescindíveis.




sexta-feira, abril 13, 2007

Vou estar aqui...

ENCONTRO EM DEFESA
DA ESCOLA PÚBLICA

No próximo sábado, 14 de Abril, vai ter lugar em Algés (Teatro Amélia Rey Colaço, na Rua Eduardo Augusto Pedroso, 16-A) um Encontro em defesa da Escola Pública, entre as 15 e as 19 horas.

Neste Encontro tomarão a palavra, entre outros intervenientes:

Ø Carmelinda Pereira (em nome da Comissão Organizadora do Encontro)

Ø Maria do Carmo Vieira – Professora (Em defesa da dignificação da língua portuguesa)

Ø António Castelo – Presidente da FERLAP (Pais e encarregados de educação – componente imprescindível na defesa da Escola Pública)

Ø Santana Castilho – Cronista do Público (A ofensiva contra os serviços públicos e os professores)

Ø Carlos Chagas – Presidente do SINDEP (A situação dos trabalhadores do ensino)

Ø André Yon – Professor e sindicalista francês (França: um exemplo da situação do ensino noutro país da União Europeia)

Trata-se de um Encontro aberto à participação do público, com entrada livre.

Participa!

Mais informações no blog Escola Pública

terça-feira, abril 10, 2007

Frase das altas da madrugada

"Teoria é quando se sabe tudo e nada funciona. Prática é quando tudo funciona e ninguém sabe o por quê. Nesta universidade, conjugam-se teoria e prática: nada funciona e ninguém sabe o por quê".

Cartaz de uma universidade do Nepal.



Esse poema é um desenho mágico

Chico Buarque : Construção
Letra e música: Chico Buarque
In: 1971



Amou daquela vez como se fosse a última
Beijou sua mulher como se fosse a última
E cada filho seu como se fosse o único
E atravessou a rua com seu passo tímido
Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima
Sentou pra descansar como se fosse sábado
Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe
Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago
Dançou e gargalhou como se ouvisse música
E tropeçou no céu como se fosse um bêbado
E flutuou no ar como se fosse um pássaro
E se acabou no chão feito um pacote flácido
Agonizou no meio do passeio público
Morreu na contramão atrapalhando o tráfego

Amou daquela vez como se fosse o último
Beijou sua mulher como se fosse a única
E cada filho seu como se fosse o pródigo
E atravessou a rua com seu passo bêbado
Subiu a construção como se fosse sólido
Ergueu no patamar quatro paredes mágicas
Tijolo com tijolo num desenho lógico
Seus olhos embotados de cimento e tráfego
Sentou pra descansar como se fosse um príncipe
Comeu feijão com arroz como se fosse máquina
Dançou e gargalhou como se fosse o próximo
E tropeçou no céu como se ouvisse música
E flutuou no ar como se fosse sábado
E se acabou no chão feito um pacote tímido
Agonizou no meio do passeio náufrago
Morreu na contramão atrapalhando o público

Amou daquela vez como se fosse máquina
Beijou sua mulher como se fosse lógico
Ergueu no patamar quatro paredes flácidas
Sentou pra descansar como se fosse um pássaro
E flutuou no ar como se fosse um príncipe
E se acabou no chão feito um pacote bêbado
Morreu na contramão atrapalhando o sábado

domingo, abril 08, 2007

Ninguém acredita na mentira

O primeiro-ministro cavalgava lado a lado com o ministro da ciência, tecnologia e ensino superior.

- Ó Mariano, acredite em mim, era um canudo assim grande, está a ver? Eu é que não sei onde o enfiei…

- Ó Zé, diga-me lá só aqui a mim, mas afinal sempre era um canudo de Engenheiro ou você ficou-se só mesmo pela licenciatura? Sabe, é que estamos a chegar àquela ponte que se abre aos pés de um mentiroso e temos que a atravessar.

- (suores frios) Talvez não fosse um canudo tão grande assim, talvez fosse mais assim um canudinho, um comprovativo que enrolado ficava assim deste tamanho, está a ver?

De repente viu-se aparecer a ponte, bela e acidentada construção de engenharia atravessando o abismo.

- Refere-se ao papel que lhe passou a Independente, aquele assinado num Domingo?

- Disseram que certificava... eles à saída chamaram-me doutor engenheiro e eu acreditei que aquilo do curso estava despachado. Afinal de contas (ai, ai e que contas!), eu era licenciado. Os licenciados são doutores, logo esses doutores, sendo licenciados em engenharia civil, são engenheiros: “doutor engenheiro”, foi o que eu disse que era!

A ponte estava cada vez mais próxima. Pela escarpa abaixo ia-se parar à torrente do rio. Morte certa ou incapacidade, lá se ia a glória das corridas... (o corpo, o seu querido corpinho) O ministro da Tecnologia avançou pela ponte, confiante.

- Licenciado, diz você, meu caro. Tem a certeza disso, não seria bacharel?

O primeiro-ministro já nem o ouviu, adiantado que ele ia na ponte da mentira e da verdade. Tinha-se detido à entrada sem ousar avançar nem mais um passo.

- Então? Não vem?

- Talvez… se o Tratado de Bolonha disser que os meus três anos de curso lá na Independente valem como licenciatura, talvez eu ainda entre nessa ponte, não quer voltar para discutirmos o assunto num lugar mais calmo?

(versão do conto popular o amo e o criado mentiroso adaptando a raposa aos nossos tempos)
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