segunda-feira, abril 30, 2007
domingo, abril 29, 2007
sexta-feira, abril 27, 2007
Pensamento mais que profundo saído dos meandros da AR
hoje, no debate mensal da Assembleia da República)
quinta-feira, abril 26, 2007
Bombardeamento de Guernica foi há 70 anos
Guernica, Picasso
(veja aqui uma Guernica adaptada ao século XXI)
"Todos vocês sabem que em Espanha nós não nos situamos
como meros observadores desinteressados..."
O número de mortos é ainda objecto de debate vivo. A destruição do arquivo da cidade e a limpeza de provas efectuada pelo franquismo dão azo a lotarias: menos de cem, mais de 1 300? No mínimo, 200 pessoas morreram, é certo. «Anedótico se comparado com o Iraque. Hoje, a violência institucionalizou-se. Mas, no contexto histórico, foi um acto bárbaro», explica a catedrática de História Contemporânea, Maria Jesus Mesa, autora de uma investigação sobre a memória colectiva do bombardeamento.
«O estado espanhol ainda não reconheceu a cumplicidade da ditadura franquista no bombardeamento de Guernica. Hoje, há ex-ministros de Franco que continuam a negar que o ataque foi feito pela aviação alemã».
PEDRO BALIÑO
Sobrevivente
(Visão Online)
Leia mais aqui; Leia os depoimentos e veja os vídeos
Liberdade, liberdade quem a tem chama-lhe sua...
Um cravo viçoso deixado por uma amiga de sempre
Assinalou o dia na minha lapela
Adormeci com o rádio ligado e amanheci
Com um presidente murcho à cabeceira
Que dizia que a juventude comanda
Sacudi aquela velha conversa em família
E saí para a rua para ver com os meus olhos
Que a revolução de Abril é uma velha senhora
Que todos os anos rejuvenesce nesta data
Porque espera serena que os seus ideais
Ganhem força a cada nova Primavera
Muito a juventude dos velhos tem para contar
À senilidade dos que nasceram tarde demais
Para saber por si próprios como a Liberdade
Teve que ser conquistada por um povo unido
Que desde esse dia longínquo nunca mais a quis perder
Palavras de um poeta de Abril
De palavras não sei. Apenas tento
desvendar o seu lento movimento
quando passam ao longo do que invento
como pre-feitos blocos de cimento.
De palavras não sei. Apenas quero
retomar-lhes o peso a consistência
e com elas erguer a fogo e ferro
um palácio de força e resistência.
De palavras não sei. Por isso canto
em cada uma apenas outro tanto
do que sinto por dentro quando as digo.
Palavra que me lavra. Alfaia escrava.
De mim próprio matéria bruta e brava
--- expressão da multidão que está comigo.
José Carlos Ary dos Santos
quarta-feira, abril 25, 2007
Tornar presente, hoje, aqui, o Arrebenta
Este é o tempo da vigília. É a Noite. É o espaço cósmico da Memória. É o lugar de lembrar os que morriam só por sonhar. O lugar dos que passavam os dias e as noites e as noites e os dias sem luz, e afundados nas mais húmidas celas dos fracassos desta nação medieval. É o tempo em que os Portugueses eram os Iraquianos de outras décadas atrás. É o tempo em que os jovens se encerravam em cubos ardentes de campos de concentração tropicais. É o tempo em que ainda havia leis que impediam de se andar descalço nas ruas, mas permitiam que tantos descalços palmilhassem as sombras dessas mesmas ruas.
É o tempo da noite das bocas cerradas. É o tempo dos mutilados. É o tempo dos que voltaram sem olhos, e sem mãos e sem pernas. É o tempo dos sentados para sempre em cadeiras de rodas de um Regime Imóvel. É o tempo dos que enlouqueceram com o que viram. É o tempo dos que nunca regressaram. É o tempo dos que ficaram sem rasto e sem despojos. É o tempo de uma Máquina Infernal que finalmente irá tombar.
Esta noite é um tempo de nojo e de vigília. É a noite em que a Voz se erguerá ao fundo, até clamar, por entre as cinzas, por todas as cores do Universo. Esta é a maior noite da nossa memória colectiva. Esta é a noite de agradecer. E de dizer "obrigado" a todos os nossos amigos que nos permitiram, nesse tempo, escrever agora assim.
Esta é a noite de um tempo que NUNCA MAIS poderá voltar.
Obrigado.
Arrebenta
25 de Abril, SEMPRE!
O povo saiu à rua num dia assim. Todos eram povo. Velhos, jovens, militares, professores, estudantes, operários todos. Um cravo era igual à arma. O fim da guerra, a nossa flor vermelha à paz e à liberdade de a empunhar. Por um país melhor, nessa renovada primavera de Abril.
Depois foi isto que aconteceu, muito rapidamente, para o nosso mal.
Hoje estamos aqui, pior?, saudosos de um outro Abril que só ainda não aconteceu.
terça-feira, abril 24, 2007
SER OU NÃO SER ENGENHEIRO...EIS A QUESTÃO!!!
PARA ENGENHEIROS :
PARA NÃO ENGENHEIROS :
Em Conclusão, eu diria que, não percebo o porquê de tanta polémica em redor do caso de José Socrates. Eu , no lugar dele, preferia não ser Engenheiro...mas ele é que sabe :))))
Recebido por mail de autor anónimo
Uma mentira nunca vem só: Morais da história
NÃO CONHECEU NEM QUER OUVIR FALAR;
A BEM DA NAÇÃO
CHAMA–SE ANTÓNIO JOSÉ MORAIS E É ENGENHEIRO A SÉRIO; DAQUELES RECONHECIDOS PELA ORDEM (não é uma espécie de Engenheiro, como diriam os Gatos Fedorentos).
O António José Morais é primo em primeiro grau da Dr.ª Edite Estrela. É um transmontano tal como a prima que também é uma grande amiga do Eng. Socrates. Também é amigo de outro transmontano, também licenciado pela INDEPENDENTE o Dr. Armando Vara, antigo caixa da Caixa Geral de Depósitos e actualmente Administrador da Caixa Geral de Depósitos, grande amigo do Eng. Sócrates e da Dr.ª Edite Estrela.
O Eng. Morais trabalhou no prestigiado LNEC (Laboratório Nacional de Engenharia Civil) só que, devido ao seu elevado empreendedorismo, canalizava trabalhos destinados ao LNEC, para uma empresa em que era parte interessada. Um dia foi convidado a sair pela infeliz conduta.
Trabalhou para outras empresas entre as quais a HIDROPROJECTO e pelas mesmas razões foi convidado a sair.
Nesta sua fase de consultor de reconhecido mérito trabalhou para a Câmara da Covilhã aonde vendeu serviços requisitados pelo técnico Eng. Socrates.
Daí nasce uma amizade.
É desta amizade entre o Eng. da Covilhã e o Eng. Consultor que se dá a apresentação do Eng. Sócrates à Dr.ª Edite Estrela, proeminente deputada e dirigente do Partido Socialista.
E assim começa a fulgurante ascensão do Eng. Sócrates no Partido Socialista de Lisboa apadrinhada pela famosa Dr.ª Edite Estrela, ainda hoje um vulto extremamente influente no núcleo duro do líder socialista.
À ambição legítima do político Sócrates era importante acrescentar a licenciatura.
Assim o Eng. Morais, já professor do prestigiado ISEL (Instituto Superior de Engenharia de Lisboa) passa a contar naquela Universidade com um prestigiado aluno – José Sócrates Pinto de Sousa, bacharel.
O Eng. Morais demasiado envolvido noutros projectos faltava amiúdes vezes ás aulas e naturalmente foi convidado a sair daquela docência.
Homem de grande espírito de iniciativa, rapidamente colocou–se na Universidade Independente.
Aí o seu amigo bacharel José Sócrates, imensamente absorvido na politica e na governação seguiu – "porque era a escola, mais perto do ISEL que encontrou ".
E assim se licenciou, tendo como professor da maioria das cadeiras (logo quatro, de cinco) o desconhecido mas exigente Eng. Morais. E ultrapassando todas as dificuldades, conseguindo ser ao mesmo tempo Secretário de Estado e trabalhador estudante licencia–se, e passa a ser Engenheiro, à revelia da maçadora Ordem dos Engenheiros, que segundo consta é quem diz quem é Engenheiro ou não, sobrepondo–se completamento ao Ministério que tutela o ensino superior.
(Essa também não é muito entendivel. Se é a Ordem que determina quem tem aptidão para ser Engenheiro devia ser a Ordem a aprovar os Cursos de Engenharia. La Palisse diria assim)
Eis que licenciado o governante há que retribuir o esforço do HIPER MEGA PROFESSOR, que com o sacrifício do seu próprio descanso deve ter dado aulas e orientado o aluno a horas fora de normal, já que a ocupação de Secretário de Estado é normalmente absorvente.
E ASSIM FOI:
O amigo Vara, também secretário da Administração Interna coloca o Eng. Morais como Director Geral no GEPI, um organismo daquele Ministério.
O Eng. Morais, um homem cheio de iniciativa, teve que ser demitido devido a adjudicações de obras não muito consonantes com a lei e outras trapalhadas na Fundação de Prevenção e Segurança fundada pelo Secretário de Estado Vara.
(lembram-se que foi por causa dessa famigerada Fundação que o Eng. Guterres foi obrigado a demitir o já ministro Vara (pressões do Presidente Sampaio), o que levou ao corte de relações do DR. Vara com o DR. Sampaio – consta–se até que o Dr. Vara nutre pelo ex. Presidente um ódio de estimação.
O Eng. Guterres, farto que estava do Partido Socialista (porque é um homem de bem, acima de qualquer suspeita, integro e patriota) aproveita a derrota nas autárquicas e dá uma bofetada de luva branca no Partido Socialista e manda–os todos para o desemprego.
Segue–se o Dr. Durão Barroso e o Dr. Santana Lopes que não se distinguem em praticamente nada de positivo e assim volta o Partido Socialista comandado pelo Eng. Socrates E GANHA AS ELEIÇÕES COM MAIORIA ABSOLUTA.
Eis que, amigo do seu amigo é, e vamos dar mais uma oportunidade ao Morais, que o tipo não é para brincadeiras.
E o Eng. Morais é nomeado Presidente do Instituto de Gestão Financeira do Ministério da Justiça.
O Eng. Morais homem sensível e de coração grande, tomba de amores por uma cidadã brasileira que era empregada num restaurante no Centro Comercial Colombo.
E como a paixão obnibula a mente e trai a razão nomeia a "brasuca" Directora de Logística dum organismo por ele tutelado a ganhar 1600 € por mês. Claro que ia dar chatice, porque as habilitações literárias (outra vez as malfadadas habilitações) da pequena começaram a ser questionadas pelo pessoal que por lá circulava.
Daí a ser publicado no "24 HORAS" foi um ápice.
E ASSIM lá foi o apaixonado Eng. Morais despedido outra vez.
TIREM AS VOSSAS CONCLUSÕES
Quadra ao gosto do Sineiro
Pu-ema dedicado aos de-pu-tados da Maioria:
Ao Cume chegam nervosos
Estes que agora vos mando
Do Cume saem cheirosos
Do Cume partem rimando
segunda-feira, abril 23, 2007
Elogio ao Livro
Em 1978, Borges começou assim uma palestra na Universidade de Belgrano: «Dos diversos instrumentos do homem, o mais assombroso é, indubitavelmente, o livro. Os outros são extensões do seu corpo. O microscópio e o telescópio são extensões da vista; o telefone é o prolongamento da voz; seguem-se o arado e a espada, extensões do seu braço. Mas o livro é outra coisa: o livro é uma extensão da memória e da imaginação.» («Borges Oral», «Obras Completas», vol. IV, Teorema, 1999)
domingo, abril 22, 2007
Matéria Poética I: Cancioneiro Joco-Marcelino de Natália Correia VII
Da marcelíada o variegado herói,
nova gesta alfacinha o arrebata:
das ruas escalavradas se condói
e de enfermeiro da urbe veste a bata.
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Noite fora, coluna massacrada,
olho ávido posto na eleição,
padre-operário da Lisboa esburacada
junta Marcelo gravilha e alcatrão.
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Com uma das mãos, caritativo estro!
das ruas tapa os hórridos buracos;
com a outra, o maroto do ambidextro
esburaca o PSD para o pôr em cacos.
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Arrepia-se Aníbal com o embuçado
tingido de escarlate Pimpinelo
e contra a mascarada solta um brado:
- Fora com o gajo que ele é foice e Marcelo!
"Deputados de cú"
Votem e passem a palavra
"José Afonso", figura ímpar da cultura portuguesa, que trilhou, desde sempre, um percurso de coerência na recusa permanente do caminho mais fácil, da acomodação, no combate ao fascismo salazarista e pela liberdade e democracia, é tema de um selo que está em 5º lugar. Precisamos do voto de todos para que se faça um selo em sua memória e em louvor à Liberdade.
Num período de exaltação de valores salazaristas, devemos contrapor com os nossos defensores de Abril!
“Venham mais cinco!!
Traz um amigo também!”
VOTA [aqui]
Abril, SEMPRE!!
Davide da Costa
sexta-feira, abril 20, 2007
O que cabe e o que não cabe num poema
NÃO HÁ VAGAS
O preço do feijão
não cabe no poema. O preço
do arroz
não cabe no poema.
Não cabem no poema o gás,
a luz, o telefone,
a sonegação
do leite
da carne,
do pão.
O funcionário público
não cabe no poema
com seu salário de fome,
sua vida fechada
em arquivos.
Como não cabe no poema
o operário
que esmerila seu dia de aço
e carvão
nas oficinas escuras.
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Porque o poema senhores,
está fechado:
"não há vagas".
Só cabe no poema
o homem sem estômago,
a mulher de nuvens,
a fruta sem preço.
O poema senhores,
não fede,
nem cheira.
Ferreira Gullar
(página oficial)
quinta-feira, abril 19, 2007
A Grande Pirâmide
Estuda essa lição
sobe cada degrau
do conhecimento
para seres alguém
para teres o teu momento
vais ter de subir
custe o que custar
qualquer meio vale
para lá chegar
à grande pirâmide
à grande pirâmide
depois de subir
tu vais saber tudo
mas não vais ter tempo
de perceber nada
porque o que te informa
não é conhecimento
é tradição e norma
sem questionar a forma
à grande pirâmide
vais querer chegar
à grande pirâmide
depois de lá chegar
não penses duas vezes
não fiques para trás
tu és um gladiador
vais ter um carro preto
com dois mil de motor
e uma vivenda murada
depois de lá chegar
depois de lá chegar
podes ver o nada
depois de lá chegar
podes querer saltar
da grande pirâmide
podes querer saltar
da grande pirâmide
já te falta o ar
à grande pirâmide
à grande pirâmide
Frase das madrugadas de Abril
"Um povo forte não precisa de um líder forte".
quarta-feira, abril 18, 2007
Reflexão Nocturna
A primeira impressão que se tem perante uma obra de arte é determinante para a formação do espírito. A partir dela tudo vem por acréscimo e tudo procura educar essa primeira sensação impressa. Educar, docilizar, “tornar mais doce”, conduzir, ou seja arranjar uma ou mais motivações para explicar o que se julga ter entendido. Resta a espiritualidade dessa impressão gravada no momento. Impressões são ferramentas do espírito quando tomadas
Contemplar é olhar com mais atenção, também serve para contar histórias. Uma espécie de domesticar daquela primeira impressão, um domar da fera do imediato, rumo à construção da história?
Eis o poder do objecto artístico – atrair o olhar e pela sensação causar a impressão que fica tatuada num lugar imediato e impreciso que, a partir daí, urge procurar – descrever essa sensação por muitas palavras. Experimentada a sensação, restam as palavras e o acto paciente de contemplar.
Como descrever a sensação? Como a contemplar?
Dos que mostram a cara...
Requiem Para Uma Flor
Raul Seixas
Composição: Raul Seixas/ Oscar Rasmunssem
Fruto do mundoSomos os homens
Pequenos girassois
Dos que mostram a cara
E enormes as montanhas
Que não dizem nada
Incapaces los hombres
Que hablam de todo
Y sufrem callados
terça-feira, abril 17, 2007
segunda-feira, abril 16, 2007
Matéria Poética I: Cancioneiro Joco-Marcelino de Natália Correia VI
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Dos voos de Marcelo, o transformista,
em doméstico dom repousa a asa:
farto de andar ao trapo e ser fadista
torna-se modelar dona de casa.
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Na modéstia exemplar dessa roupeta
- Ó eleitoral, virtuosa esfalfadeira
de ser dono da casa lisboeta! -
vai Marcelo às mercas na Ribeira.
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enche a dispensa, lava a roupa é cozinheiro,
cose a meia, faz tricot, varre a casinha.
Por fim, põe-se à janela e diz faceiro:
Quem quer, quem quer casar com a carochinha?
Thinking Blogger Award - se já ganhou um, fica com dois!
Atribuo o Thinking Blogger Award aos seguintes blogs:
Outminder porque é o visitante mais assíduo do Pafúncio, por vezes é mesmo o único, e porque deixa sempre aqui o seu comentário amigo, inteligente e interessado, dando a maior força para continuar. Quanto ao seu blog, ele vai sendo feito ao sabor do momento, umas vezes com mais inspiração, outras com menos, o que lhe confere uma enorme humanidade, mas sempre marcado por um toque de humor que tem claramente a excelente intenção de bendispor quem o visita. Além disso é sempre possível aprender por lá algo de novo, pois sai-se muito bem nessa dupla faceta humor/curiosidade.
É com muito gosto que atribuo este prémio ao blog de outro blogger excelente: o Sa morais, pai do Ideias Fixas 2. Neste blog é sempre possível encontrar um Quiz para exercitar a memória ou a capacidade de procurar informação em contra-relógio, para quem gosta de ir aprendendo umas coisas, com o espírito do jogador sempre pronto a desafiar a sua própria inteligência; além disso há sempre as “Rapidinhas” onde se podem encontrar sempre assuntos actuais e interessantes, assim como “botar” acima ou “botar” abaixo aquilo que for merecedor de uma ou da outra atitude, sempre com muita justiça e bom senso. Além do mais o Sá é um fervoroso defensor dos animais e, como tal, só pode ser mesmo uma excelente pessoa, com um enorme coração. É ainda o autor de um fantástico livro de literatura fantástica - "Goor - A Crónica de Feaglar" e, com tudo isto a seu cargo, ainda lhe sobrou tempo para fazer o Gonçalo que é a mais perfeita das suas obras, contrariando assim a tendência aberrante do mundo actual já aqui tratada no “Make blogs, not love”. Grande Sá!
O Apanha Moscas é o blog do Luikki. Tem conteúdos políticos e faz duras – mas muito justificadas – críticas ao estado actual da nação e da situação mundial e sustenta as suas ideias com argumentos justos e coerentes. É um blog nitidamente de esquerda, o que nos tempos que vão correndo só pode ser uma mais valia pois, como ele próprio diz, “as moscas mudam, mas…”. Um blogger reflexivo, totalmente comprometido com as suas ideias e os seus ideais tem todo o mérito de ganhar este prémio, num momento histórico em que está na moda ficar-se pelas meias tintas, não se tomar partido e (des)agir-se, como faz o analfabeto político de todos os tempos de que já falava Brecht. Temos homem para a revolução!
Como gosto muito de poesia e de imagens, do mar, do amor e das coisas que ditas em poucas palavras se tornam subitamente simples, sinceras e verdadeiras, não hesito em atribuir o prémio ao blog da TB, Linhas de Pensamento. Tem o grande mérito de usar poemas, que por vezes se resumem a uma frase poética, da sua autoria, o que já não é pouco, os quais revelam nas palavras e nas entrelinhas a excelente pessoa que os cria. Uma poesia solar, límpida, com cheiro a maresia, com a veracidade e a força de um grande amor.
Outro blog que quero premiar é o Que Conversa, feito como uma renda de bilros, com o amor, o cuidado e a atenção às pequenas coisas com que se tece uma renda de bilros, feito pela… Rendadebilros. Nele se encontram belos poemas da autora, pequenas histórias cheias de sentido e de vivência, certeiros comentários feitos ao mundo que a rodeia, por uma voz amiga que sempre chega na hora certa, dando uma enorme força a quem tem o privilégio de ser por ela visitado.
sábado, abril 14, 2007
Brecht, Brecht e mais Brecht!!!
I - O Analfabeto Político - Bertold Brecht
O pior analfabeto é o analfabeto político.
Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe,
da farinha, da renda de casa, dos sapatos, dos remédios,
dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e
enche o peito de ar dizendo que odeia a política.
Não sabe, o idiota,
que da sua ignorância política
nasce a prostituta, o menor abandonado,
e o pior de todos os bandidos
que é o político vigarista, aldrabão,
o corrupto e lacaio dos exploradores do povo.
(Bertolt Brecht)
A injustiça passeia pelas ruas com passos seguros.
Os dominadores se estabelecem por dez mil anos.
Só a força os garante.
Tudo ficará como está.
Nenhuma voz se levanta além da voz dos dominadores.
No mercado da exploração se diz em voz alta:
Agora acaba de começar:
E entre os oprimidos muitos dizem:
Não se realizará jamais o que queremos!
O que ainda vive não diga: jamais!
O seguro não é seguro. Como está não ficará.
Quando os dominadores falarem
falarão também os dominados.
Quem se atreve a dizer: jamais?
De quem depende a continuação desse domínio?
De quem depende a sua destruição?
Igualmente de nós.
Os caídos que se levantem!
Os que estão perdidos que lutem!
Quem reconhece a situação como pode calar-se?
Os vencidos de agora serão os vencedores de amanhã.
E o "hoje" nascerá do "jamais".
Há aqueles que lutam um dia; e por isso são muito bons;
Há aqueles que lutam muitos dias; e por isso são muito bons;
Há aqueles que lutam anos; e são melhores ainda;
Porém há aqueles que lutam toda a vida; esses são os imprescindíveis.
sexta-feira, abril 13, 2007
Vou estar aqui...
Neste Encontro tomarão a palavra, entre outros intervenientes:
Ø Carmelinda Pereira (em nome da Comissão Organizadora do Encontro)
Ø Maria do Carmo Vieira – Professora (Em defesa da dignificação da língua portuguesa)
Ø António Castelo – Presidente da FERLAP (Pais e encarregados de educação – componente imprescindível na defesa da Escola Pública)
Ø Santana Castilho – Cronista do Público (A ofensiva contra os serviços públicos e os professores)
Ø Carlos Chagas – Presidente do SINDEP (A situação dos trabalhadores do ensino)
Ø André Yon – Professor e sindicalista francês (França: um exemplo da situação do ensino noutro país da União Europeia)
Trata-se de um Encontro aberto à participação do público, com entrada livre.
Mais informações no blog Escola Pública
terça-feira, abril 10, 2007
Frase das altas da madrugada
"Teoria é quando se sabe tudo e nada funciona. Prática é quando tudo funciona e ninguém sabe o por quê. Nesta universidade, conjugam-se teoria e prática: nada funciona e ninguém sabe o por quê".
Esse poema é um desenho mágico
Letra e música: Chico Buarque
In: 1971
Amou daquela vez como se fosse a última
Beijou sua mulher como se fosse a última
E cada filho seu como se fosse o único
E atravessou a rua com seu passo tímido
Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima
Sentou pra descansar como se fosse sábado
Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe
Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago
Dançou e gargalhou como se ouvisse música
E tropeçou no céu como se fosse um bêbado
E flutuou no ar como se fosse um pássaro
E se acabou no chão feito um pacote flácido
Agonizou no meio do passeio público
Morreu na contramão atrapalhando o tráfego
Amou daquela vez como se fosse o último
Beijou sua mulher como se fosse a única
E cada filho seu como se fosse o pródigo
E atravessou a rua com seu passo bêbado
Subiu a construção como se fosse sólido
Ergueu no patamar quatro paredes mágicas
Tijolo com tijolo num desenho lógico
Seus olhos embotados de cimento e tráfego
Sentou pra descansar como se fosse um príncipe
Comeu feijão com arroz como se fosse máquina
Dançou e gargalhou como se fosse o próximo
E tropeçou no céu como se ouvisse música
E flutuou no ar como se fosse sábado
E se acabou no chão feito um pacote tímido
Agonizou no meio do passeio náufrago
Morreu na contramão atrapalhando o público
Amou daquela vez como se fosse máquina
Beijou sua mulher como se fosse lógico
Ergueu no patamar quatro paredes flácidas
Sentou pra descansar como se fosse um pássaro
E flutuou no ar como se fosse um príncipe
E se acabou no chão feito um pacote bêbado
Morreu na contramão atrapalhando o sábado
domingo, abril 08, 2007
Ninguém acredita na mentira
- Ó Mariano, acredite em mim, era um canudo assim grande, está a ver? Eu é que não sei onde o enfiei…
- Ó Zé, diga-me lá só aqui a mim, mas afinal sempre era um canudo de Engenheiro ou você ficou-se só mesmo pela licenciatura? Sabe, é que estamos a chegar àquela ponte que se abre aos pés de um mentiroso e temos que a atravessar.
- (suores frios) Talvez não fosse um canudo tão grande assim, talvez fosse mais assim um canudinho, um comprovativo que enrolado ficava assim deste tamanho, está a ver?
De repente viu-se aparecer a ponte, bela e acidentada construção de engenharia atravessando o abismo.
- Refere-se ao papel que lhe passou a Independente, aquele assinado num Domingo?
- Disseram que certificava... eles à saída chamaram-me doutor engenheiro e eu acreditei que aquilo do curso estava despachado. Afinal de contas (ai, ai e que contas!), eu era licenciado. Os licenciados são doutores, logo esses doutores, sendo licenciados em engenharia civil, são engenheiros: “doutor engenheiro”, foi o que eu disse que era!
A ponte estava cada vez mais próxima. Pela escarpa abaixo ia-se parar à torrente do rio. Morte certa ou incapacidade, lá se ia a glória das corridas... (o corpo, o seu querido corpinho) O ministro da Tecnologia avançou pela ponte, confiante.
- Licenciado, diz você, meu caro. Tem a certeza disso, não seria bacharel?
O primeiro-ministro já nem o ouviu, adiantado que ele ia na ponte da mentira e da verdade. Tinha-se detido à entrada sem ousar avançar nem mais um passo.
- Então? Não vem?
- Talvez… se o Tratado de Bolonha disser que os meus três anos de curso lá na Independente valem como licenciatura, talvez eu ainda entre nessa ponte, não quer voltar para discutirmos o assunto num lugar mais calmo?
(versão do conto popular o amo e o criado mentiroso adaptando a raposa aos nossos tempos)