quinta-feira, maio 31, 2007
Balanço retratado de um dia de greve geral
Uma amiga ligou-me de manhã: ouviste esta – perguntou – ainda não eram 08:30h já os noticiários do rádio diziam que a adesão à greve tinha sido fraca. É o que fica gravado na impressão das pessoas quando obliquamente escutam a notícia. É como os cabeçalhos dos jornais, num relance é o que fica. (Dois principais jornais diários: num a ausência da greve; no outro a greve -- tudo passado no mesmo país: o país do deserto, da areia para os olhos dos pobres camelos abandonados à sua sorte -- e ao nosso azar de ter estes oportunistas a mandar em tudo, com maioria) -- Então e a manif? Sabes onde é a manif? Eu não sabia mas estava certa de que ia haver. Afinal enganei-me: não havia manif, nem marcha de protesto contra as políticas do governo, nem sequer um encontro de descontentes em frente ao palácio de Belém como nos tempos do Santana Lopes. NADA.
Ao longo da manhã fui ouvindo no Fórum TSF as mais inacreditavelmente tacanhas opiniões sobre a greve: que a greve era controlada pelos comunistas que ainda não se tinham apercebido que tinha caído o muro de Berlim; uma brasileira a dizer que a greve só impede a ordem e ao progresso necessários ao país e que tínhamos era que produzir ainda mais; que os grevistas eram uns malandros de uns comunistas que não deixavam o governo endireitar o país e tal. No meio desta pobreza franciscana que sobrou de um país atrasado por 48 anos de fascismo e ditadura, um país mesquinho, dissimulado e masoquista capaz de querer um governo que o desqualifica e rebaixa, eis que surge uma opinião clarividente: um socialista liga dizendo que se envergonha de ter votado neste governo, um socialista que se assume publicamente lesado por um governo que se diz socialista e que não é. Quantos destes socialistas íntegros e arrependidos teremos hoje no nosso país? Podem os cidadãos processar um governo que está levando para a frente políticas de destruição dos serviços públicos e que se reclama de um partido que se diz socialista? Podem os cidadãos condenar na justiça um governo e um partido de mentirosos? Podem ministros que fazem discursos sobre uma imaginária e delirante região apenas de camelos ser interdito de exercer o seu cargo, acusado de incapacidade? E uma ministra da educação que não defende nem o ensino, nem a escola, nem os professores, nem os conhecimentos dos alunos, pode continuar sendo ministra da educação impunemente? E um primeiro-ministro pode assumir a presidência da UE vindo de estabelecer com Putin, em tom diplomático, a violação dos direitos humanos que cada um pratica no seu canto: prisões e a pena de morte nos EUA e controle dos media na UE, disse o crápula mafioso. Sócrates comeu e calou, em nome de todos nós, tão mafioso quanto o outro.
Saí para a rua com a t-shirt “Sócrates, Não!”, com aquela imagem que figura em muitos blogs e fui fazer o meu pequeno protesto individual. Olhares descaíam nela mas ninguém disse nada. NADA
Estive com essa amiga no café e conversámos em voz alta sobre a greve, o país, a vergonha que por cá se passa. Juntas traçámos esse retrato do país dos masoquistas e das várias atitudes face à greve. Não poupámos governo nem sindicato, falámos o que quisemos pela tarde fora: ela de greve; eu desempregada. Depois fomos para uma aula de yoga e aí sim foi o movimento, o silêncio e a unidade. De política, nada. NADA
Já no final do dia fomos juntas a uma reunião em casa de amigos militantes de um pequeno partido. Nem uma nem a outra somos militantes mas, falo por mim, gosto de participar nessas reuniões revolucionárias onde tudo se pode dizer, onde se discute cada posição, onde comentamos em conjunto as últimas "notícias", as golpadas do governo, as jogadas dos partidos; onde nos apercebemos com antecipação das consequências nefastas das políticas da União Europeia, onde equacionamos os tentáculos do capitalismo global, com as suas guerras e os seus acordos tácitos; onde nitidamente constatamos que por detrás de cada "notícia"se esconde uma intencionalidade mais do que uma informação; onde paramos para ler em conjunto um texto do Lenine e, ao medir as suas palavras com a realidade do tempo actual, nos damos conta de que tão bem se traduzem à distância do século XIX os propósitos do capitalismo, o modo como os detentores dos meios de produção usurpam através da mais-valia a riqueza que os trabalhadores produzem e como a maior parte dos seus enormes lucros vivem à custa da redução dos salários e do número de trabalhadores. A velha questão da luta de classes é afinal tão actual, arrasta-se pelos tempos da moderna escravatura e não há nada que detenha essa luta. NADA.
quarta-feira, maio 30, 2007
terça-feira, maio 29, 2007
A União faz a força - Protesta e passa a palavra!
Há poucas horas está a ser posto um movimento em marcha que visa paralisar a blogosfera.
Existe uma certa blogosfera que quer, também ela, participar na GREVE GERAL, só que não sabe como.
É simples, basta colocar esta imagem no teu blog:
Porque tu tens um amigo que tem um blog, porque alguém do teu livro de endereços tem outro amigo que tem um blog, é importante que contribuas para o movimento "assim não!".
Para a unidade, para a greve total
Roubo de dois anos de tempo de serviço, penalizando todos os docentes – alguns foi de forma tão gritante que, por escassos dias, viram goradas todas as expectativas da sua progressão, que estava iminente.
Ameaça de despedimento para milhares de nós, ou pelo menos a sua mobilidade, concretizada pela aplicação de um corte no Orçamento do Estado para 2007, que só em salários corresponde a 343,5 milhões de euros.
A ameaça de perda de vínculo para todos os docentes, com base nas alterações ao Regime de Carreiras e de Vínculos, que está em discussão para toda a Administração Pública.
A Assembleia-Geral de sócios do SPGL, reunida a 17 de Maio para se pronunciar sobre este apelo, decide:
Responder positivamente à decisão do Congresso da FENPROF, e apelar para que todos os professores e educadores encontrem a maneira de falar e reflectir sobre a importância de utilizar esta acção nacional, para darem um passo na via da construção de uma verdadeira unidade que nos ajude a todos a fazer parar os ataques do Governo e a dissipar o clima de medo que começa a instalar-se em muitas escolas.
Declarar que a gravidade das medidas políticas impõe que sejam feitos todos os esforços para um acordo com todos os sindicatos e centrais sindicais, para que seja desencadeada a mobilização total, condição para que possamos impor de facto uma viragem no curso dos acontecimentos.
Na acção para essa mobilização, os professores e educadores levantarão a exigência de revogação do estatuto da carreira docente.
Esta unidade é possível; ela pode construir-se, como é exemplo a plataforma de todos os sindicatos dos professores, contra o ECD, contra o desmantelamento dos serviços públicos e exigindo de imediato a reposição da carreira única, tal como existe nas Regiões Autónomas da Madeira e dos Açores.
A Assembleia-Geral de sócios do SPGL manifesta o seu profundo desejo de que a greve do dia 30 de Maio possa fazer com que o Governo e/ou a Comissão de Educação da Assembleia da República chamem as direcções dos sindicatos dos professores para lhes comunicarem que repõem a carreira única e, ainda, que é retirado o projecto de Lei para transformação do ensino superior público em fundações de direito privado.
Visita de Sócrates à Rússia
José Sócrates in Portal do Governo
segunda-feira, maio 28, 2007
Alguém aí quer um gatinho destes?
Estão desparasitados e desmamados, prontos para a adopção.
Atiraram ainda agora o cesto das molas ao chão. Estou tão desesperada que não tarda muito
começo a atribuí-los como prémio aos blogs amigos. Por favor tenha dó de mim e fique com um.
Estádios para Dar e Vender
Certamente merecem um estádio, não é essa a dúvida. Já fechámos urgências, maternidades, centros de saúde e escolas primárias e oferecemos um estádio à Palestina. Devíamos fechar o Hospital de Santa Maria e oferecer um pavilhão multiusos ao Afeganistão. A seguir fechávamos a cidade Universitária e oferecíamos um complexo olímpico (também com estádio) à Somália e por último fechávamos a Assembleia da República e oferecíamos os nossos políticos aos crocodilos do Nilo.
Leia toda a notícia com os seus próprios olhos
A última ideia parece-me de longe a mais sensata.
domingo, maio 27, 2007
Vários posts num só que se faz tarde
Hoje não estou no melhor dia. Ontem cheguei a me sentir alegre com os amigos. Mas hoje ficou um vazio. Já começo a sentir a enorme falta da tua pessoa.
Já dá para uma salada!
Agradeço à Renda de Bilros e à Laurentina a atribuição ao Pafúncio do prémio “Blog com Tomates”. Agora o Pafúncio tem dois pares de Tomates!
Cabe-me agora a mim atribuir este prémio a outros blogs que quanto a mim são merecedores deste destaque. Aqui vão:
http://asinistraministra.blogspot.com/
http://reidosleittoes.blogspot.com/
http://portugaldospequeninos.blogspot.com/
http://perolasnocharco.blogspot.com/
http://classepolitica.blogspot.com/
quinta-feira, maio 24, 2007
Descansa em Paz
A orfandade é uma tomada de consciência como não há outra: fica-se sozinho no mundo, despojada de tudo, como se nada mais valesse sem aquela pessoa. Hoje, a comida não passava na garganta de tanto nó que tinha. Foi preciso desatar esses nós, encarar a realidade de frente, de cara descoberta como se enfrenta a verdade da vida e da morte, como se cumpre uma missão que se assumiu. Tu sabes, tu foste um capitão de terra, agarraste as tuas tarefas e cumpriste-as até ao fim, na perfeição, com empenho e sempre desprovido de qualquer benefício pessoal. Ganhaste apenas pelo que trabalhaste, nunca foste corrupto como esses senhores que se julgam agora vencedores. Tu eras aparentemente inofensivo, mas conhecia-los bem, lidaste de perto com alguns oportunistas conhecidos, uns militares, outros nem por isso ditos de esquerda ou de direita, tu topavas as suas manobras e não lhes aparavas os golpes. Fizeste a tua parte com dignidade defendendo a informação como um serviço público. Tenho a certeza que não deixaste passar mentiras, pois para nós a verdade existe. Contavas que na altura veio um partido querendo usar os meios da informação para atingir os seus fins. Quiseram fazer passar informação de propaganda em vez de informação, como ainda hoje acontece. Mas tu fizeste por lhes barrar esse caminho enquanto lá estiveste...Sempre foste uma pessoa informada, já nesse tempo tu bem sabias o perigo que é botar os meios de comunicação nas mãos dos partidos ou dos interesses privados. Aliás, bem depressa deixou de haver socialismo: o Mário Soares assumiu o papel de o meter na gaveta muito antes de se dizer que ele o tinha metido na gaveta. E ainda hoje ele lá está, e esse Mário Soares que tanto desprezavas, hoje mais social do que na altura que as fez, mesmo assim ainda aparece por aí nas televisões apoiando este Sócrates que deitou fora a própria gaveta onde jazia o socialismo. Como é que posso acreditar que Deus existe se ele ainda cá ficou e tu já partiste? No cinema então é mais justo do que na religião pois os maus morriam e os bons ficavam para o fim. Sabes melhor do que eu que o plano era fazer acreditar que todos os nossos problemas seriam resolvidos por entrarmos para a CEE. Trazia tudo combinado quando aterrou em glória no 25 de Abril. Ele e os amies Mitterands de comum acordo neste conluio de destruição que temos presenciado desde aí, por esses anos fora, de mal a pior. A Nação já há algum tempo que vem sendo vendida, desmantelada, destruída. Agora, neste tempo do vale tudo mesmo, ainda mais à descarada…. Que pena teres presenciado mais este descalabro a que este país e a democracia chegaram para te tirar a esperança. Teres que morrer a ver isto, tu que te entusiasmaste tanto com o 25 de Abril, tu que me entusiasmaste tanto também a mim que cresci a poder contar com a liberdade... A ponto de te ouvir depois dizer descrente que isto tudo era uma merda, que o país era uma merda, que as pessoas eram uma merda. O que me custou ver-te lentamente a distanciares-te o mais que conseguias das notícias desses gajos sem valor, tão vendidos como compráveis, tão sem dignidade, tão tarados e perigosos….
Ah, mas tu há já algum tempo te libertaras da realidade comezinha dessa corja. Sempre que podias, ficavas virado para o teu interior, como se ali dentro fosse a tua paz real, a tua casa onde podias ser tudo o que eras, onde devias ter bem guardado o teu mundo ideal de justiça e liberdade. Perto do fim viravas-te calado para um qualquer ponto onde se alojava um sentimento profundo que eu hei-de vir a saber um dia. Entristecias por dentro porque a despedida para jamais é sempre triste e tanto maior quanto maior é a consciência alcançada. E talvez a tristeza dos outros ao te ver partir te tornasse mais triste ainda da separação adivinhada.
Não te sei dizer ao certo porque ainda está tudo muito confuso na minha mente. Sei que por vezes vem um sentido agudo da realidade que me aperta o estômago e me cobre de uma angústia funda, uma dor distante e redemoinha que vai e vem. Sei que não a conseguirei jamais sarar. Irá e virá até ao meu fim porque eu nunca te esquecerei. Tu viverás sempre em mim embora já tenhas partido. Sei que te conservo inteiro. Íntegro. Como a melhor das pessoas. Que lugar bom seria o mundo se todas as pessoas tivessem os teus princípios… Tiveste pouca ambição, não foste competitivo, nem corrupto: estavas fora do sistema. Neste mundo viciado, tu não poderias ser um seu “vencedor”. Mas a verdade é que todos gostaram de trabalhar contigo na melhor das camaradagens e não houve ninguém que não te prezasse como pessoa. Quem te conheceu só teve a ganhar, todos têm tantas coisas boas para contar de ti... Tivemos a boa sorte de te conhecer. Sabes aqueles momentos lamúrias que soam a falso em que todos estão dizendo bem, e coitadinho e coitadinho. No teu velório não houve nada disso. A tristeza de te ver partir estava por todo o lado. Todos que lá estavam recordavam uma excelente pessoa. Nunca foste capaz de prejudicar ninguém, ninguém! Marin ne tire pas sur un autre marin.
Sinto a maior das admirações por ti e quem me dera saber traduzi-lo mas hoje tudo é pouco, tudo falta. Sabes, acho que há coisas que ainda há pouco não te era capaz de te falar mas que agora te posso dizer tudo, tudo. Não, eu não precisava mesmo de te ter dito o quanto te amava, meu pai. Ambos o sabíamos sem ser preciso dizer nada sobre o que tínhamos como certo. Quando eu era pequena lembro-me de ti como um pai maravilhoso: levavas-me às costas pelas ondas do mar adentro e eu sentia-me em segurança, não tinha medo nenhum. Agora tenho alguns medos, como ainda há pouco tinha medo que morresses. Agora somos apenas um e estamos tranquilos.
22 de Maio de 2007
segunda-feira, maio 21, 2007
Processo Disciplinar de Fernando Charrua
a censura mostra agora as garras, o terror campeia,
a boca calada é imposta pelo temor de processos disciplinares,
os informadores pululam
e a administração sente-se segura e livre
de 'opositores' ao Governo."
num comentário no blogue Quarta República
in Diário de Notícias, 21/05/2007
Às vezes apetece mesmo dizer "PORRA"!
Então a imprensa portugueza
É que é a imprensa portugueza?
Então é esta merda que temos
Que beber com os olhos?
Filhos da puta! Não, que nem
Há puta que os parisse.
[M.SER. 937]
Imprensa obscena
Agregados de um casal com filhos desceram abaixo dos 50 por cento
20.05.2007 - 08h37 Clara Viana Ler toda a notícia aqui
Estas “gordas” da primeira página do jornal Público de ontem são uma obscenidade. A grande maioria dos portugueses que passam pelas bancas e olham os jornais de soslaio vai pensar: “Grandes malandros (os outros) essa malta agora não quer é passar tempo com a família!”. Mas se olharmos mais atentamente para esta notícia, veremos que analisa um estudo do INE que aponta para um novo dado – os tradicionais “casais com filhos” pela primeira vez descem abaixo dos 50% (46,8% em 2006). O resto é, segundo o Público, malandragem que não quer passar tempo com a família.
Será mesmo assim, ou este título da edição impressa do Público tenciona mesmo esconder os verdadeiros motivos para estes números? Não querer é uma vontade pessoal, individual e independente de cidadãos livres e tem toda a legitimidade. Cada um está no seu direito de querer ou não passar mais tempo com a família. O problema aqui é que eu duvido que sejam essas as motivações de existirem cada vez menos casais a terem filhos. Os portugueses não têm filhos porque não têm confiança no Futuro. Mesmo não lendo para além dos cabeçalhos, eles sentem que isto não vai nada bem. Perdem-se empregos, os euros nas mãos dos portugueses desvalorizam, não há dinheiro para pagar os empréstimos, pedem-se mais empréstimos, o ensino não está bom para crianças, a vida também não… os portugueses têm cada vez menos filhos porque têm cada vez menos segurança e confiança no futuro. Pois se eles nem sequer têm confiança no presente...
Desta forma, ficam escondidas por detrás do conteúdo explícito da manchete, todas estas causas. Estas ninguém faz por apurar. Permanece a perigosa ideia geral de que os portugueses têm uma fraca vontade de dispender o seu tempo com a família. E nada mais por detrás dessa falta de querer. São eles os responsáveis, são eles os que não querem!
Quantos portugueses hoje vivem em condições precárias? Quantos estão endividados? Quantos estão desempregados ou mal empregados? Quantos têm contrato de trabalho que lhes dê garantias de emprego futuro? Quantos em idade de constituir família dispõem de casa, de emprego, de um futuro?
Blogosfera Futura
domingo, maio 20, 2007
Lambe-botas, bufos e outros pulhas -- os cães de guarda do governo Sócrates
"Se a moda pega, instigada que está a delação, poderemos ter, a breve trecho, uns milhares de docentes presos políticos e outros tantos de boca calada e de consciência aprisionada, a tentar ensinar aos nossos alunos os valores da democracia, da tolerância, do pluralismo, dos direitos, liberdade e garantias e de outras coisas que, de tão remotas, já nem sabemos o real significado, perante a prática que nos rodeia." Fernando Charrua, professor de Inglês
Calúnias II
Diz que vai ganhar, meu bem
A Câmara para mim
Eu deixei aquela vida de lado
E não sou mais um transviado
Telmo, eu não sou gay
O que falam de mim são calúnias, meu bem
Eu parei…….
…
Telmo, ô Telminho, não faz assim comigo
Não me puna por essas manchas no meu passado
Já passou! Esses rapazes são apenas meus amigos
Agora eu sou somente seu, meu AMORRRR
glosado a partir de Calúnias (Telma eu Não Sou Gay) - Ney Matogrosso -
sábado, maio 19, 2007
Palhaçada da pior
Intervenção de Andre Yon, professor sindicalista francês
Portugal, a França e os outros países da Europa são grandes nações, mas perderam a sua soberania. (Leia tudo no Blog em Defesa da Escola Pública.)
sexta-feira, maio 18, 2007
Que Animal Farm?
A mim, parece-me redutor; como se o perigo dos totalitarismos e das ditaduras ou dos pequenos autoritarismos estivesse confinado àquele período histórico... Enquanto uma certa crítica nos tenta pôr palas nos olhos para que continuemos a seguir apenas por esse caminho para nos consolidar mais profundamente a ideia de que os comunistas todos foram uns papões estalinistas. Quem se consegue manter livre delas pode ter uma visão mais alargada no tempo e no espaço desta fábula alegórica. Olhemos à nossa volta, atentemo-nos ao que ainda resta de um telejornal -- eles, os porcos, estão por toda a parte e até já modificaram alguns dos nossos mandamentos mais sagrados. Por exemplo, onde estava
O ensino deve ser gratuito
alguém veio e modificou até ficar
O ensino deve ser tendencialmente gratuito
Todos os porcos são porcos mas alguns porcos são ainda mais porcos do que outros porcos por continuarem a ser tão porcos como eles foram!
Parar Bolonha
O Livro que ando a consultar...
quinta-feira, maio 17, 2007
O problema da Educação é, fundamentalmente, politico
quarta-feira, maio 16, 2007
Pedido de delegação à Assembleia da República: Subscrição da Carta aos Deputados do PS
segunda-feira, maio 14, 2007
Frase do meio da noite
Camões pode ser inspirador...
E também as notícias gloriosas
domingo, maio 13, 2007
Engenheiro ou mentiroso compulsivo?
Fui documentar-me sobre a tara e fiquei a compreender melhor as razões do tal de engenheiro. Acompanhem os meus raciocínios e digam-me se estarei enganada.
[quanto à baixa estima só mesmo quem o conheça mais intimamente pode confirmar ou desmentir, agora quanto ao “ímpeto de tirar vantagem”, isso quanto a mim já terá mais sustância, como se diz na minha terra. Adiante]
"Por trás da mentira há um apelo, uma defesa, um sintoma ou uma compulsão", explica a psicanalista Ruth Cohen, do Rio de Janeiro. A criança mente, de modo geral, para fugir de um castigo, porque se sente injustiçada, por achar que estão exigindo algo além de sua capacidade ou, pelo contrário, por estar querendo algo que, a seu ver, não merece. [‘Pera lá que isto parece-me importante. Apelo? Defesa? Sintoma? Compulsão? Querem ver que não se fica por aqui? Sim, ser primeiro-ministro de Portugal pode ser uma injustiça para qualquer um, mas eu inclino-me mais para a última hipótese: acho que ele quis, quer e quererá sempre algo que não merece – exactamente o que estão a pensar: ele quer assumir a presidência da União Europeia, mas lá no fundo ele sabe que não merece; e nós também pois já o topamos de outros carnavais: tal e qual como ele antes quis ser engenheiro, apesar de não o merecer.]
Aquelas crianças que simulam situações inverídicas — [como o nosso garoto que afiançou diante das cameras de televisão não haver qualquer problemas com o seu percurso académico] — podem estar em busca de afirmação por meio de uma falsa capacidade. [Afirmação também, talvez, mas eu acho que era mesmo só para ouvir as pessoas chamando-o de senhor doutor engenheiro, mas isto já sou eu a divagar]
Alguns estudantes, pressionados por desajustes familiares, apelos comerciais cada vez mais agressivos e mesmo por uma certa competição silenciosa estabelecida com os colegas, criam defesas e contam aos outros verdadeiras fábulas. [dos "desajustes familiares" sei umas histórias de arrebenta; e quanto aos "apelos comerciais cada vez mais agressivos" , é ver as Opas e as negociatas que vão por aí com os privados e com os colegas da União Europeia: aquelas directivas todas da União Europeia, o povo descontente e ele a ter que brilhar na cimeira de Sintra, mostrar resultados, ser cumpridor do défice, sempre perseguido pela imagem do espelho Blair a dizer que melhorou tudo e que foi o maior… será isto "a competição silenciosa estabelecida com os colegas"? Fábulas? Então mas para ser fábula não basta os animais falarem? Querem mais fábula do que as coisas que ele diz, quando diz?]
Na opinião de psicólogos, o mentiroso compulsivo — que reinventa os acontecimentos o tempo todo — ou aqueles que adulteram dados, suprimem informações ou colocam em risco a integridade dos outros devem ser tratados por profissional especializado. [Além de adulterar dados, que nisso aliás se especializou durante a sua carreira na UI, suprimir informações – será que esse canudo alguma vez apareceu? E os canudos da Casa Pia? E esta agora de nem uma palavra acerca do aumento de perigo a que se vão expor os nossos comandos no covil dos talibãs? Diz que nada se altera, que está tudo exactamente na mesma...ora, para o povo que não é estúpido apesar de ter votado nele, se o senhor engenheiro diz que não há problema ou é porque é mentiroso ou porque gosta de enganar… curiosamente desta vez o Cavaco esqueceu-se de não dizer nada e disse que havia pgoblema… Onde encontrar profissionais especializados para tratar esta gente? Não no serviço público de saúde!]
Muitas vezes, nesses casos, ao hábito da mentira se aliam outros traços, como a frieza, o desrespeito e a agressividade. [Como não estamos no Brasil, que é terra de gente mais simples, onde mesmo os magnates andam de chinelo no pé e despojados do Armani, no vosso primeiro, a maníaco-compulsividade que se esconde por detrás da mentira, manifesta-se em arrogância, cinismo e pedantismo, que para o caso também devem contar]
No dia-a-dia, porém, o professor que conhece os estudantes tende a perceber quando eles se atrapalham por mentir. Um leve rubor, a gagueira, um persistente piscar de olhos, o desvio do olhar ou a fala apressada podem ser sinais dados pelo corpo do mentiroso. [Só quem ainda não viu os trejeitos peixeirívoros de mão na anca e ora toma na sessão mensal da Assembleia da República é que se deixa enganar. Os professores, neste caso o professor das cinco cadeiras é que não deu por nada e por isso o seu pupilo refinou, agora é um especialista na arte do engano. Os outros sintomas lembram-me mais as caretas do senhor presidente boliqueimense, excepto a falta de rubor, mas isso é normal nos vampiros. Será que ele também é um mentiroso? Valha-nos Nossa Senhora de Fátima que se não for ela não sei onde vamos parar com tanta mentira]
sábado, maio 12, 2007
Ficou a boneca.
Carlos Queiroz ( Lisboa, 1907-1949)
A menina tinha os cabelos louros.
A boneca também.
A menina tinha os olhos castanhos.
Os da boneca eram azuis.
A menina gostava loucamente da boneca.
A boneca ninguém sabe se gostava da menina.
Mas a menina morreu.
A boneca ficou.
Agora também já ninguém sabe se a menina gosta da boneca.
E a boneca não cabe em nenhuma gaveta.
A boneca abre as tampas de todas as malas.
A boneca arromba as portas de todos os armários.
A boneca é maior que a presença de todas as coisas.
A boneca está em toda a parte.
A boneca enche a casa toda.
É preciso esconder a boneca.
É preciso que a boneca desapareça para sempre.
É preciso matar, é preciso enterrar a boneca.
A boneca.
A boneca.
... em tempo de cabeças pensantes
SENTENÇAS DELIRANTES DUM POETA PARA SI PRÓPRIO EM TEMPO DE CABEÇAS PENSANTES
Alexandre O'Neill
1
Não te ataques com os atacadores dos outros.
Deixa a cada sapato a sua marcha e a sua direcção.
O mesmo deves fazer com os açaimos.
E com os botões.
2
Não te candidates, nem te demitas. Assiste.
Mas não penses que vais rir impunemente a sessão inteira.
Em todo o caso fica o mais perto possível da coxia.
3
Tira as rodas ao peixe congelado,
mas sempre na tua mão.
Depois, faz um berreiro.
Quando tiveres bastante gente à tua volta,
descongela a posta e oferece um bocado a cada um.
4
Não te arrimes tanto à ideia de que haverá sempre
um caixote com serradura à tua espera.
Pode haver. Se houver, melhor...
Esta deve ser a tua filosofia.
5
Tudo tem os seus trâmites, meu filho!
Não faças brincos de cerejas
sem te darem, primeiro, as orelhas.
Era bom que esta fosse, de facto, a tua filosofia.
6
Perguntas-me o que deves fazer com a pedra que
te puseram em cima da cabeça?
Não penses no que fazer com. Cuida no que fazer da.
É provável que te sintas logo muito melhor.
Sai, então, de baixo da pedra.
7
Onde houver obras públicas não deponhas a tua obra.
Poderias atrapalhar os trabalhos.
Os de pedra sobre pedra, entenda-se.
Mas dá sempre um «Bom dia!» ao pessoal do estaleiro.
Uma palavra é, às vezes, a melhor argamassa.
8
Deves praticar os jogos de palavras, mas sempre
com a modéstia do cientista que enxertou em si mesmo
a perna da rã, e que enquanto não coaxa, coxeia.
Oxalá o consigas!
9
Tens um glorioso passado futurível,
mas não fiques de colher suspensa,
que a sopa arrefece.
10
Se tiveres de arranjar um nome para uma personagem
de tua criação, nunca escolhas o de Fradique Mendes.
A criação literária não frequenta o guarda-roupa,
muito menos quando a roupa tem gente dentro.
11
Resume todas estas sentenças delirantes numa única
sentença:
Um escritor deve poder mostrar sempre a língua portuguesa.
de Poesias Completas, Assírio & ALvim, 2000
sexta-feira, maio 11, 2007
Notícias do Bloqueio
Aproveito a tua neutralidade,
o teu rosto oval, a tua beleza clara,
para enviar notícias do bloqueio
aos que no continente esperam ansiosos.
Tu lhes dirás do coração o que sofremos
nos dias que embranquecem os cabelos...
tu lhes dirás a comoção e as palavras
que prendemos - contrabando - aos teus cabelos.
Tu lhes dirás o nosso ódio construído,
sustentando a defesa á nossa volta
- único alcochoado para a noite
florescida de fome e de tristezas.
Tua neutralidade passará
por sobre a barreira alfandegária
e a tua mala levará fotografias,
um mapa, duas cartas, uma lágrima...
Dirás como trabalhamos em silêncio,
como comemos silêncio, bebemos
silêncio, nadamos e morremos
feridos de silêncio duro e violento.
Vai pois e noticia com um archote
aos que encontrares de fora das muralhas
o mundo em que nos vemos, poesia
massacrada e medos à ilharga.
Vai pois e conta nos jornais diários
ou escreve com ácido nas paredes
o que viste, o que sabes, o que eu disse
entre dois bombardeamentos já esperados.
Mas diz-lhes que se mantém indevassável
o segredo das torres que nos erguem,
e suspensa delas uma flor em lume
grita o seu nome incandescente e puro
Diz-lhes que se resiste na cidade
desfigurada por feridas de granadas
e enquanto a água e os víveres escasseiam
aumenta a raiva
e a esperança reproduz-se.
in Revista Árvore em 1952
Egito Gonçalves (1922 - 2001)