quarta-feira, janeiro 31, 2007
«O acto sexual é para ter filhos»
Agora que temos novo referendo sobre a IVG aí vai o poema de Natália Correia para recordarmos...
«O acto sexual é para ter filhos» - disse na Assembleia da República, no dia 3 de Abril de 1982, o então deputado do CDS João Morgado num debate sobre a legalização do aborto.
A resposta de Natália Correia, em poema - publicado depois pelo Diário de Lisboa em 5 de Abril desse ano - fez rir todas as bancadas parlamentares, sem excepção, tendo os trabalhos parlamentares sido interrompidos por isso:Já que o coito - diz Morgado -
tem como fim cristalino,
preciso e imaculado
fazer menina ou menino;
e cada vez que o varão
sexual petisco manduca,
temos na procriação
prova de que houve truca-truca.
Sendo pai só de um rebento,
lógica é a conclusão
de que o viril instrumento
só usou - parca ração! -
uma vez. E se a função
faz o órgão - diz o ditado -
consumada essa excepção,
ficou capado o Morgado.
( Natália Correia - 3 de Abril de 1982)
Recebido por mail
Gentileza escutas telefónicas "Telepafunciomovel"
terça-feira, janeiro 30, 2007
Vendem-se galos de Barcelos...
- E agora, José, a quem vendemos os galitos?
- Olha, Aníbal, se quiseres podes ficar com os meus que eu cedo-tos bem baratinhos!
- E se eu te fizesse antes uma OPA?
- Ai sim, faz faz, vamos os dois unirmo-nos, criarmos uma multi... mas não nacional!
- Na Indía!
- Não, na China.
- Pronto, na Índia... e na China, temos que ter ambição!
- Não achas que são galos de Barcelos a mais?
- Tens razão, temos que estudar melhor esta parte do negócio.
- Quem quer o galo?
- Quem compra o galo?
- Olh'ó desconto!
- Está em promoção!
segunda-feira, janeiro 29, 2007
Balanço de Actividades
Que professores encontrei lá, nesse encontro, a defender o ensino público? Apenas professores aposentados ou reformados. Foi com alguma tristeza que constatei que eram estes que davam a cara a defender o que outros deviam estar a defender. Houve muitos no activo que eram para estar presentes e no fim não apareceram. Diz-se que cada vez há mais gente que não se quer envolver nestas lutas. Quando acordarem será talvez tarde demais!
Este fim de semana fui a uma discussão sobre o Plano Baker organizada por um pequeno partido. Desta vez estavam lá mais alguns jovens a participar e encontrei por lá várias pessoas que como eu não eram militantes mas que também acreditam que é na discussão dos problemas que se torna possível encontrar saídas para eles.
Amanhã irei gravar a uma rádio um texto em defesa do SIM no referendo da Interrupção Voluntária da Gravidez porque acho uma farsa que se pretenda deixar tudo como está e que uma lei caduca possa continuar a incriminar mulheres que em momentos difíceis das suas vidas escolheram optar por essa solução.
O que me custa mais disto tudo é não ter visitado tanto os vossos blogs quanto gostaria. Mas os meus dias começam bem cedo e as minhas noites prolongam-se muito mais do que seria aconselhável para a minha saúde. Há alturas em que basta sentar-me um pouco depois do jantar para cair instantaneamente no sono dos justos.
Peço-vos pois alguma paciência em relação à minha pessoa, que nem sempre sabe gerir da melhor forma as suas presenças e ausências. Saibam que quando às 2:40 a.m. dou por mim a sentir que o tempo não me rendeu porque não vos visitei, fica sempre uma sensação de vazio que só as poucas horas de sono conseguem dissipar.
Desejo-vos a todos uma boa semana!domingo, janeiro 28, 2007
sexta-feira, janeiro 26, 2007
Naufrágio do Bolama: Cavaco Pôncio Pilatos
Joaquim Piló, do Sindicato Livre dos Pescadores, esperava mais e diz que o Presidente da República “não pode lavar as mãos como Pôncio Pilatos”.
“Acho que era dever do Sr. Presidente da República fazer tudo o que estivesse ao seu alcance para trazer o navio ao cimo da água, para saber o que aconteceu e se morreram todas as pessoas naquele dia. Temos dúvidas se morreram todos”, afirma Joaquim Piló.
Petição TLEBS já foi entregue. Experiência pode vir a ser suspensa nos próximos dias
Reproduzo aqui na íntegra o mail confirmativo da entrega da petição e dos seus efeitos imediatos:
Meus caros,
Foi-nos transmitido pelo sr. Secretário de Estado que a decisão de suspender a experiência pedagógica e retirar a TLEBS das escolas estará já tomada e que a sua publicação em Portaria estará por dias. A ser assim, pode ser uma vitória em toda a linha, no respeitante ao que pedimos na alinea a) da Petição: A suspensão imediata da implementação da experiência pedagógica TLEBS e da legislação que lhe deu origem e a regula: Portarias n.º 1488/2004, de 24 de Dezembro e n.º 1147/2005, de 8 de Novembro e demais legislação aplicável;
As 8.132 assinaturas da petição terão surtido efeito!
Há no entanto que aguardar pela publicação da dita Portaria em Diário da República, nos próximos dias, ao que nos foi dito.
Ficam ainda pendentes as alineas b) e c) da Petição.
Penso que podemos ter motivos para festejar, a breve prazo.
Obrigado a todos, mais uma vez.
Abraços
José Nunes
p.s.: a entrega da Petição foi objecto de reportagem pela TVI, SIC e LUSA. Penso que passam esta noite nos telejornais das 20H
quinta-feira, janeiro 25, 2007
Ciclo de Debates: PARTICIPA!
Partido Operário de Unidade Socialista
Secção Portuguesa da IVª INTERNACIONAL
Local:Sede do POUS
Rua de Santo António da Glória, nº 52 B, cave C, 1250 – 217 Lisboa
O POUS vai organizar um ciclo de debates sobre temas cruciais sobre o que se passa no mundo e, nomeadamente, no movimento dos trabalhadores.
O primeiro debate, sobre o chamado Plano Baker, realiza-se no próximo dia 27 de Janeiro.
Participa e traz outro amigo também!...
--------------------------------------------------------------------------------------------
1º. Debate (27 de Janeiro, às 16 h):
A política do imperialismo, expressa no Relatório Baker
Trata-se de um documento elaborado por uma Comissão constituída por senadores do Congresso dos EUA, tanto do Partido Democrata como do Partido Republicano.
Esse relatório apresenta uma análise de toda a política externa dos EUA – sujeita a dificuldades crescentes e a uma grande incerteza, sobretudo na intervenção militar no Iraque – e conclui com a proposta de uma estratégia para a continuação dos objectivos definidos pela Administração americana presidida por Georges Bush.
A sua análise permite-nos responder a importantes questões:
- Tem algum destes 2 partidos – o Democrata ou o Republicano – uma saída para estabilizar a situação no Iraque?
- Que repercussões está a ter a guerra no Iraque na vida interna dos EUA?
- Precisa o imperialismo americano de um apoio e comprometimento activos dos governos dos outros países, em particular dos da União Europeia?
- Que consequências tem esta guerra para a vida de todos nós?
- Quem poderá abrir uma saída de paz?
TLEBS: alteração à entrega da petição e debate na RTP-n
«Caríssimos,
A petição vai ser entregue pessoalmente ao senhor Presidente da Assembleia da República.
Assim sendo, houve um ligeiro ajuste no horário previsto: a entrega na A.R. será feita às 10H da manhã.
A "volta" completa será:
26/01/2006 - Entrega da Petição Contra a Implementação da Experiência Pedagógica TLEBS
10H00 - Senhor Presidente da Assembleia da República, Dr. Jaime Gama, pessoalmente - Palácio de S. Bento
11H00 - Senhor Presidente da República - Palácio de Belém
12H50 - Senhor Primeiro-ministro - Residência Oficial do Primeiro-ministro
14H00 - Senhora Ministra da Educação - Ministério da Educação
Estamos agora com 8055 assinaturas.
Esta noite há debate sobre a TLEBS, na RTP-N, às 23H. Convidados: Professora Maria Alzira Seixo e Dr. João Costa*
Abraços
JN
* Acaba de ser revelado que o Dr. João Costa, um dos dois nomeados pelo Ministério para a Comissão de Revisão da TLEBS é o consultor cientifíco de uma Gramática que já inclui a TLEBS, editada pela Lisboa Editora, onde surge com o nome "artístico" de João M. Marques da Costa. Tem portanto interesse económico no que vai avaliar. Brilhante, no mínimo... Sem esquecer que é também marido de uma das co-autoras da TLEBS, conforme explicou brilhantemente o Professor João Andrade Peres, no artigo do Expresso, de sábado passado (online em http://ciberduvidas.sapo.pt
link para a capa: http://www.lisboaeditora.pt
link para a página da editora:
http://www.lisboaeditora.pt
quarta-feira, janeiro 24, 2007
Não à TLEBS!
Leia aqui o comunicado enviado à Lusa e outros orgãos de comunicação social, a propósito da entrega da petição:
Petição Contra a Implementação da Experiência Pedagógica TLEBS - http://www.ipetitions.com
Cascais, 24/01/2007
Venho, na qualidade de 1º Subscritor da Petição supra mencionada, comunicar que:
A Petição Contra a Implementação da Experiência Pedagógica TLEBS irá ser entregue amanhã, dia 25-01-2007, às Entidades destinatárias ou a quem por elas nomeadas, de acordo com o horário abaixo:
11H00 - Senhor Presidente da República, Palácio de Belém
11H50 - Senhor Presidente da Assembleia da República, Palácio de S. Bento, requerendo o respectivo debate parlamentar.
12H50 - Senhor Primeiro-ministro, Residência Oficial do Primeiro-ministro
14H00 - Senhora Ministra da Educação, Ministério da Educação
A petição, iniciativa de um conjunto de pais, entrou on-line no passado dia 14.12.2006 e pede a suspensão imediata da experiência pedagógica TLEBS - Terminologia Linguística para os Ensinos Básico e Secundário.
A TLEBS é um conteúdo experimental, introduzido de modo obrigatório e generalizado no Ensino Básico e Secundário, que carece de validação cientifica e pedagógica, que encerra erros científicos graves e usa os alunos como cobaias de validação.
O Ministério da Educação já veio dizer que a experiência é para manter até 2009 e que 2007 e 2008 serão anos de "revisão". Entretanto a TLEBS continua nas salas de aula e os alunos continuarão a ser avaliados pelo que sabem da nova Terminologia.
As Portarias TLEBS estão em vigor, não foram suspensas. O ponto 4 da Portaria nº 1147/2005 de 8 de Novembro, que alarga a experiência TLEBS a todo o universo de escolas do Ensino Básico mantém os seus efeitos.
A TLEBS, como qualquer conteúdo experimental no Ensino Básico e Secundário, levanta sérias dúvidas quanto à sua constitucionalidade. Direitos consagrados na Constituição podem estar a ser violados, nomeadamente no tocante à igualdade de oportunidades na aprendizagem: estas crianças têm o direito a terem uma educação válida e validada; entendo que o erro cientifico na Escolaridade Obrigatória pode ser inconstitucional. A TLEBS tem erros científicos graves, já provados pelo Professor Catedrático João Andrade Peres - ver em http://jperes.no.sapo.pt/peres
A petição pede também "O fim das experiências pedagógicas não autorizadas em crianças": em Janeiro de 2007, um governo português, democraticamente eleito, faz uso de uma lei do "Estado Novo", assinada por Salazar e Thomaz em 1967 (o DL 47 587 de 10-3-67), ainda em vigor, para validar o direito a não ter que pedir autorização aos pais e encarregados de educação para que os seus filhos integrem experiências baseadas em conteúdos experimentais - como a TLEBS - na Escolaridade Obrigatória.
A petição pede ainda "Um Ensino de qualidade, científica e pedagogicamente válido e validado ".
Foram 28 os Professores Catedráticos que subscreveram a Petição, dos quais 4 são Catedráticos de Linguística, as pessoas que em Portugal mais sabem da matéria em questão: os Professores Catedráticos Elisabete Ranchhod, da Universidade de Lisboa, João Andrade Peres, da Universidade de Lisboa, Jorge Morais Barbosa, da Universidade de Coimbra e Decano dos Linguistas em exercício na Universidade Portuguesa, Maria Raquel Delgado-Martins, da Universidade de Lisboa.
A Petição está on-line em http://www.ipetitions.com
José Nunes
1º Subscritor da Petição Contra a Implementação da Experiência Pedagógica TLEBS on-line em http://www.ipetitions.com
terça-feira, janeiro 23, 2007
segunda-feira, janeiro 22, 2007
Petição mais que justa
por ser pai
por ser honrado
por não ter fugido à Justiça
domingo, janeiro 21, 2007
sábado, janeiro 20, 2007
Subtilezas da privatização do Ensino Público
As expectativas e a realidade
«No ano lectivo 2000/2001 trabalhei em Odeceixe, no Algarve, onde os professores do segundo ciclo completavam o seu horário dando aulas das expressões no primeiro ciclo.
Pensei que a organização das escolas – no modelo dos Agrupamentos – pudesse ser um caminho para generalizar esta prática de gestão dos recursos.
Afinal em vez disto temos a privatização do ensino das disciplinas correspondentes às áreas de expressão, da música e do inglês. »
F. C.
------------------------------------
Claro que, quando algo corre mal, os vários poderes implicados neste processo, empurram uns para os outros as responsabilidades: se não há professores, a culpa é das câmaras; estas dizem que a empresa privada contratada é a responsável; se o problema é de segurança, as Câmaras dizem não ter nada com isso, que a Escola é responsável por assegurar essa parte e os Conselhos Executivos acusam a Drel de não contratar funcionários suficientes. Os pais acusam os professores, os professores acusam as escolas, as escolas as câmaras, as câmaras o ministério, o ministério acusa os professores, as escolas, as câmaras, o orçamento, a crise... A culpa passa a ser de todas em geral mas de nenhuma em particular, todas se demitem de assumir as responsabilidades e os problemas vão-se arrastando insolúveis e não sem consequências.
Nesta privatização, posta em prática no 1º. Ciclo este ano lectivo, que passou quase despercebida à opinião pública, pode ser uma discreta espécie de tubo de ensaio às novas políticas de desmantelamento por parte do Estado e consequente privatização do ensino público. Este é o modelo, o programa a executar no seio da União Europeia. Não somos o único país a quem essas normas atingem. Estamos juntos a sofrer um processo de desresponsabilização dos Estados dos direitos mais básicos alcançados pelos cidadãos. O direito à Educação corre o risco de se tornar desigual para os que podem pagar os custos da privatização e os que terão que se conformar com a precária oferta de um serviço público desmantelado, cada vez mais reduzido e insuficiente. A união contra o desmantelamento e a privatização, em defesa do ensino público deverá pois ser um objectivo conjunto dos cidadãos das nações europeias; cada nação terá entretanto que se organizar em movimentos de cidadãos que, representando as entidades implicadas no processo educativo (alunos, pais, professores, conselhos executivos), se organizará no sentido de reclamar junto dos orgão de decisão o direito ao Ensino Público.
sexta-feira, janeiro 19, 2007
Convocatória
A todos os interessados no processo educativo:
Convocatória para a reunião organizada pela Comissão em Defesa da Escola Pública, a realizar a 20 de Janeiro, pelas 16 horas, na Escola EB1 Sofia de Carvalho, em Algés
No passado dia 28 de Dezembro, realizou-se uma reunião da Comissão de Defesa da Escola Pública com professores dos concelhos de Oeiras e de Lisboa, ligados ao primeiro ciclo do Ensino básico e ainda um docente do Ensino superior.
Todas as intervenções mostraram as dificuldades crescentes na vida dos professores e das escolas, em consequência da aplicação das políticas do Governo, num quadro de desregulamentação – no qual cada Conselho Executivo é senhor de plenos poderes.
Na reunião foram constatadas as consequências deste processo, em termos de sucesso escolar e educativo. Foram também dadas informações sobre as condições criadas na generalidade das escolas – em que existe actualmente um clima de medo e de individualismo, levando a que se torne dominante o alheamento ou a dificuldade crescente da realização de reuniões para reflectir, debater, criticar e fazer propostas, como um modo de cada professor poder ter uma postura interventiva na vida da escola, na sua vida profissional, na sociedade.
E, entretanto, o Ministério da Educação continua a “negociar” com as direcções sindicais a forma de “regulamentar” o veneno contido no “ECD”, imposto à revelia dos professores e das suas organizações.
Estas conclusões levaram a que fosse aflorado o papel das diferentes direcções sindicais e a proliferação de organizações sindicais dos professores.
Concluiu-se ser cada vez mais necessário partilhar as dificuldades sentidas com os outros colegas, pois afinal todos estamos confrontados aos mesmos problemas. E, assim, quebrar o quadro do isolamento.
No final da reunião, foram tomadas as seguintes decisões:
- publicação de um novo Boletim desta Comissão, com o relato das intervenções;
- organizar um Encontro nacional em Defesa do Ensino Público, perspectivado para o final do segundo período lectivo;
- preparar uma nova delegação aos deputados do PS da Comissão de Educação da Assembleia da República;
- realizar uma nova reunião para acertar estas iniciativas, no dia 20 de Janeiro, às 16 horas, em Algés (na Escola EB1 Sofia de Carvalho, em Algés).
quarta-feira, janeiro 17, 2007
JP Simões e o Quinteto Tati
Excelente video!
terça-feira, janeiro 16, 2007
A Flexissegurança fede
por isso há quem prefira dizer “mobilidade de emprego”
(ideia formulada nenhures no Prós e Contras)
Quem assegurará a segurança que resulta da flexibilidade? Flexissegurança não é mais do que uma segurança flexível ou seja, umas vezes haverá emprego outras vezes não. Como pode a segurança do emprego tornar-se numa coisa flexível? Ou há segurança ou não há. Ou há emprego estável ou não há segurança.
A tentação de o empresário tornar o seu negócio mais lucrativo pela simples “mobilidade” de muitos dos trabalhadores dos quadros da empresa para fora; a desvalorização dos ordenados dos que lá ficam sem a perspectiva de progredir na carreira, a ter que trabalhar mais, pelos outros que se foram, à espera de serem os próximos e a ver o ordenado a decrescer todos os meses; o desinvestimento em formação contratando-se pessoas com escassas qualificações para poder pagar-lhes menos; finalmente, o sonho de banir todos os direitos do trabalhador. Melhor: a vontade de suprimir o próprio “trabalhador”.
A ideia é sermos todos empresários. O Estado deixar de nos dar a retoma dos nossos impostos pagos a horas e só podermos a partir daí contar com a nossa possibilidade de comprar uma conta bancária, de arcar com uma seguradora que tome conta das reformas que amealharmos. Mas aonde estão as economias dos portugueses que faz essa gente julgar que enriquecerão à custa delas? Onde está esse emprego que empregará a mão-de- obra de todos esses supostos modernos modelos de trabalhadores free lancers? Que garantias lhes são dadas de que se se tornarem flexíveis encontrarão trabalho? Se até agora se tem assistido a empresários que não pagam os salários, os subsídios, as horas extraordinárias que muitos deles devem aos seus trabalhadores, como confiar que cuidarão para que o trabalhador "flexível" subsista nos momentos de não-emprego.
Os dinheiros do Estado não serão jamais gastos em benefício do cidadão, antes serão canalizados o mais possível para apoiar essas grandes empresas que acabam sempre por achar que os seus trabalhadores não são suficientemente produtivos, as mesmas que nunca acham os seus lucros suficientemente lucrativos. Querem que o cidadão que passou a vida a descontar para o Estado abra mão dessa dívida para com ele e passe a entregar o seu salário na mão de empresas privadas cujo único motivo é aumentar os lucros. Mas também querem que o Estado apoie as suas empresas e lhes conceda benefícios. Afinal quem quer realmente mamar no Estado?
Os empregados em situação precária (ou seja todos, por esta ordem de ideias), os desempregados, todos os que vêem os seus direitos a desaparecer, os reformados que toda a vida descontaram e que têm agora uma reforma ridícula, aqueles que vêm o seu poder de compra diminuir, como vão estar preparados para arcar com os custos de uma saúde e de uma educação privadas? Como vão abrir a tal conta bancária que lhes acena poder assegurar um dia o seu futuro? Como vão comprar o seu próprio seguro, iniciar o seu próprio negócio, pagar ainda mais pela sua própria saúde e educação?
O Estado falido pelas sucessivas más gestões, pretende aliviar a carga da sua responsabilidade. O buraco é tão grande que as despesas se tornam na batata quente que o Estado, aliviado, atira para a mão dos privados. Este sector recolhe o bolo, reparte-o, joga o seu dinheiro na bolsa, anuncia a crise no seu país, corre a investir num país onde o trabalho é ainda mais precário, evoca a competitividade e a concorrência global, aumenta a fasquia do lucro, baixa os salários, põe os lucros a render e despede mais trabalhadores. Normalmente estas são as empresas "de sucesso" que conseguem quase sempre reduplicar os seus lucros cada ano que passa.
segunda-feira, janeiro 15, 2007
Referendo ao Aborto: Absolutamente pelo SIM com consciência
Por exemplo o desemprego. Imagine-se uma mulher independente, que tem uma relação estável e que fica grávida. Ambos consideram então a hipótese de levar esse relacionamento para a frente, juntar economias e ter essa criança. Eis que no auge da felicidade um deles perde o emprego, é despedido, acontece muito por aí… Decidem inevitavelmente que essa criança não pode mais nascer. A situação para eles não é propícia a crianças.
Outra: imagine-se uma jovem a quem os pais por preconceito não querem que ela tome a pílula. Consideram-na ainda uma criança que tem que se manter virgem para a idade de casar. Mas ela já não é virgem. Conheceu o amor num estudante lá da universidade, tudo foi muito rápido, começaram a namorar e o namoro pediu sexo. Nem houve tempo de se prevenirem, nesse dia que tanto desejavam, ele mostrou-lhe um teste de SIDA e nem pensavam que era assim tão fácil, que há quem engravide só com o cheiro. Agora ela está grávida: ambos estudam, não têm dinheiro, nem coragem de contar para ninguém da família que possa ajudar. Não se lembram de ninguém que ajudasse. Ambos têm mais do que 18 anos mas ainda dependem dos pais. Os amigos colectam-se para realizarem o aborto. Eles agora são a sua família.
Mais: A mulher está sentindo alterações estranhas. Ela sabe que está entrando na menopausa. O sexo já não é tão frequente, às vezes acontece. A pílula estava deixando a mulher inchada, irritadiça, com problemas graves de circulação. O médico aconselhou a deixar de tomar. Um dia o sexo rejuvenesceu-a, o período desapareceu e ela pensou que era o fim, a hora era chegada. A mulher consulta então o seu médico e ele manda fazer um teste de gravidez. Está grávida. A mulher nem quer acreditar: eu, com idade para ser avó, que vou ser avó, estou grávida?!!! A mulher não quer ter mais filhos, agora ela já só pensa em ter netos. O aborto é a sua solução legítima.
Agora esta: Parecia estarem mesmo apaixonados. Até já falavam
Muitas outras situações poderiam ser usadas como prova de que mesmo os que não concordam com o aborto, não podem deixar de votar sim por todas essas mulheres que num momento difícil das suas vidas não encontram outra solução para além dessa.
Desejo que todas as mulheres decidam na sua consciência quando lhes é inevitável fazer um aborto. Só elas sabem o quanto lhes custa fazê-lo.
Desejo que todas as pessoas que vão decidir pelos outros sobre a questão do aborto possam por um momento pensar nas razões que podem ter as mulheres que escolhem essa opção.
Desejo que os meus impostos sejam gastos com as pessoas que de facto precisam de ajuda. Normal seria de facto que parte dos impostos que todos pagamos fossem usados para ajudar essas mulheres nesse passo difícil das suas vidas em vez de serem desbaratados nas contas absurdas dos telemóveis dos funcionários do estado, nos seus opíparos almoços e jantares em nossa triste representação, por exemplo.
Desejo que os médicos saibam ter formação e tacto para dialogar com essas mulheres e se informar dos seus motivos, tratando-as com o devido respeito. Quem sabe algumas delas só precisam de algum apoio para ter essa criança. Ou que muitas sofrem como se fossem perder um filho para sempre. Ou não.
Só as mulheres poderão decidir, com ou sem o apoio dos seus companheiros. Melhor seria poderem sempre contar com ele, o que nem sempre acontece.
Não existem mulheres presas por causa de terem feito um aborto, dizem, mas existem mulheres que devem dinheiro ao advogado que as defendeu perante a Justiça e outras que carregam o peso da acusação. Uma mulher já diminuída pela situação de ter que sofrer no seu corpo uma intervenção que nunca irá esquecer, não pode nem deve ser humilhada ao ter que se justificar publicamente num tribunal cujo objectivo será apenas o de acusá-la por um crime. A mulher que fez um aborto pode estar infeliz mas não é uma criminosa.
A realização de um aborto não é um crime mas sim um acto médico praticável até uma determinada fase que os médicos estudaram. Eles sabem até quando aquilo ali ainda não é uma criança. Quantos desses médicos que batem no peito e que dizem não concordar que o aborto seja despenalizado e realizado nos hospitais estatais não colaboraram já com parteiras que fazem abortos clandestinos, realizando ecografias ilegalmente e às escondidas dentro do hospital civil onde trabalham para ganharem a sua parte no negócio? Para eles o aborto não é uma questão de consciência mas sim de dinheiro livre de impostos que entra pela porta do cavalo.
Eu não tenho dúvidas
Eu abomino todos os que votarem NÃO para manter o dogma. Que aqueles que nunca cometeram um erro nas suas vidas atirem a primeira pedra, eis uma mensagem humanista essencial tornada afinal absurda por uma religião que se organiza em todas as paróquias para induzir os crentes a votarem NÃO com o mero intuito de condenar mulheres que ousaram decidir sobre o seu corpo e a sua vida. Esta é a igreja que preferiu ver os jovens a contraírem SIDA em castigo pelos seus pecados do que aconselhá-los a usar preservativo.
Sou pela Vida, pela Liberdade, pela Escolha Individual.
Sou pelas Crianças desejadas, pela Segurança, pelo Emprego.
Sou pela Ciência médica, pela Higiene, pela Qualidade de Vida.
Sou pelo Apoio Estatal, pela Ajuda Psicológica, pelo Planeamento Familiar.
Sou pelo Aborto usado como último recurso.
Sou absolutamente pelo SIM consciente.
Por tudo isso
Voto SIM!
sábado, janeiro 13, 2007
... de olhos e de córneas muito abertas
Ao ler o Expresso On Line, deparei-me com um artigo chamado A angústia do fotógrafo antes de disparar sobre a Índia pobre e moderna e eis que tenho a sorte de encontrar mais um brilhante comentário do Arrebenta, o qual não resisti a incluir aqui no Pafuncio. Por que é que eu gosto tanto dos textos do Arrebenta? Porque o seu humor é rápido e certeiro como o disparo do fotógrafo mas com a vantagem de raramente falhar algum camelo.
-------------------------------------------------------------------------
Comentário:
A Procissão das Córneas
Janeiro 13, 2007 1:25
sexta-feira, janeiro 12, 2007
Ainda e sempre Saddam Hussein
Mais de cem Saddams descobertos na Índia
2007/01/11 | 23:52 Portugal Diário (leia mais aqui)
quinta-feira, janeiro 11, 2007
A Lua está à venda
E ele que sempre esperara que lhe calhasse um lugar ao sol…
Ainda pensou: será que fica no lado negro ou no outro?
Tornara-se finalmente proprietário
A partir de agora tinha um objectivo
A sua vida passaria a se organizar no sentido
De chegar lá
Para afirmar o seu direito à propriedade
Jogou intensivamente no jogo do bicho
Mas nunca por lá encontrou aquela recompensa
Que lhe asseguraria um lugar na estação espacial
Como viajar?
Como atingir o satélite sem dispor de meios?
Hipotecando a sua propriedade lunar
Contraiu mais um empréstimo – perdido por um, perdido por mil!
Que lhe veio a permitir comprar um bilhete de ida
No programa “Férias do Futuro”
Poderia assim alcançar, em 2040,
o único terreno que pela primeira vez possuiu
ou havia de vir a possuir
afinal para quê bilhete de volta
se naquele tempo lá
para ele já não haveria retorno?
quarta-feira, janeiro 10, 2007
Tisana 134
Acha que isso é possível?
Acha que o tempo pode outra coisa que não seja perder-se?»
(Ana Hatherly, 351 Tisanas)
segunda-feira, janeiro 08, 2007
Pensamento negro da noite
sexta-feira, janeiro 05, 2007
quinta-feira, janeiro 04, 2007
Era uma vez um país...
quarta-feira, janeiro 03, 2007
Uma das 351 Tisanas da Ana Hatherly
"O melhor do mundo são as crianças!" (FPessoa)
Necessita de roupa para rapariga (qualquer idade) e para rapaz dos 6 aos 14 anos.
Se quiserem colaborar por favor contactem:
Maria José Magalhães
Telef.: 217997500 - (Associação "Abraço")
223756655 - VILA NOVA DE GAIA - PORTUGAL
800225115 - LINHA AZUL
terça-feira, janeiro 02, 2007
Um Ano de KAOS
Optei por incluir aqui uma das primeiras montagens, se não a primeira, não porque seja uma imagem da excelente qualidade, com a dimensão das que o Kaos alcançou entretanto, mas apenas por ser das primeiras.
Estávamos em plena era pré-cavaquista I e o texto fala por si. O que é curioso é notar como partindo de uma das escassíssimas revelações de Cavaco quanto ao seu conceito de PR (função de treinador; governo como equipa)
Às vezes a equipa não é má, mas precisa de um novo treinador
o Kaos exerce a sua ironia aceitando de bom grado esse papel que Cavaco adequa à figura do PR. Dá-nos muito geito que assim seja. Pois quantas vezes não exercemos nós essa catárse insultando os políticos, chamando-lhes nomes como os adeptos do futebol fazem ao árbitro? Convocando-se o universo do futebol num tempo de Apitos Dourados A não é igual a B? B igual a C? E por aí fora…
Para nossa desgraça Cavaco Silva foi eleito. E estamos cá para ver até quando se manterá cada macaco no seu galho.
Fica pois aqui registada a devida homenagem ao WEHAVEKAOSINTHEGARDEN, um pouco tardia mas deveras sincera e justa. Que o ano de 2007 lhe seja propício! Por ele e por nós que somos cada vez mais a adorá-lo!